terça-feira, 18 de maio de 2010

Bob Motta, O Poeta Matuto do RN



Roberto Coutinho da Motta, o poeta Bob Motta que é da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte, da União Brasileira de Trovadores - UBT – RN, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte é o homenageado de hoje do “A Arte Do Meu Povo”. Como faço toda vez pesquisei, e no site oficial do poeta o www.bobmottapoeta.com.br tive o prazer de encontrar a história de Bob em forma de poesias, esse prazer repasso para você abaixo.



Minha História

Á PROCURA DE DEUS


Um homem desesperado,
nos trôpegos passos seus,
no álcool, infeliz da vida,
desgrudou dos fariseus;
num desespero profundo,
saiu pelo meio do mundo,
louco, à procura de Deus.
Foi lá na Igreja Católica,
procurou lá no altar.
No templo dos protestantes,
todos estavam a orar.
E êle, de cima a baixo,
não sossegava o seu facho,
e nada de a Deus, encontrar.
Foi ao terreiro de humbanda,
danou-se a bater tambor,
foi à Igreja Universal,
até à Deus É Amor.
E encontrar, não conseguia,
procurando, noite e dia,
Jesus Cristo, o Salvador.
Na incessante procura,
chegou à beira do mar.
Desanimado e exausto,
sentou-se prá descansar.
E logo que êle sentou,
um garotinho, avistou,
bem sorridente, a brincar.
Acercou-se do garoto,
dizendo, de alto e bom som:
Ei; você que está brincando,
vestindo short marrom;
me diga onde Deus está;
que eu lhe dou, pode apostar,
uma caixa de bombom.
E o menino, ao mesmo tom,
lhe disse: Êle está nas ruas,
e no mundo, em todo canto,
com as mizericórdias suas.
Se queres mesmo apostar,
diga onde êle não está,
que em vez de uma, eu lhe dou duas...



M O T E

CUÉCA É SAMBA NAÇÃO
TAMBÉM GUARDA O VIL METAL

G L O S A S


1. A cuéca já guardou,
bufa e peido de rajada.
Pomba já mole e cansada,
merda que não se limpou.
Esse tempo já passou;
cuéca, agora é a tal.
No país do carnaval,
não é mais samba canção,
CUÉCA É SAMBA NAÇÃO,
TAMBÉM GUARDA O VIL METAL...

2.Não é mais samba canção,
pois está fora de moda.
Se comenta em alta roda,
CUÉCA É SAMBA NAÇÃO.
O assessor do irmão,
de Genoíno se deu mal.
Sua cuéca, afinal,
concluiu, êle, absorto;
que além do seu pinto morto,
TAMBÉM GUARDA O VIL METAL...
Autor: Bob Motta
Da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte
Da União Brasileira de Trovadores-UBT-RN
Do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
POETA MATUTO CUM NOME DE AMERICANO
O meu nome é Bob Motta,
sô matuto, bicho hôme.
Mais munta gente incucada,
seu pensamento cunsome.
Quando a questão vem à tona,
todo mundo questiona,
o pru quê dêsse meu nome.
E ais pessoa tem razão,
de istranhá, seu fulano.
Diz qui ao me registrá,
meu pai cumeteu um ingano.
Eu, um poeta matuto,
de linguajá puro e bruto,
cum nome de americano.
O meu nome era prá sê,
Mané, Ontôin ô Pêdíin.
Luiz, Tumé, Possidônio,
Damião, Juca ô Zézíin.
Zuza, Vavá, Arcelino,
Apolonho, Tributino,
ô intonce, Francisquíin.
Mais, porém, o qui acuntece,
é qui in Natá, minha mãe terra,
nascí in quarenta e oito,
dispôi da sigunda guerra.
Meu pai me levô daqui,
p'ro sertão do carirí,
p'ruis forró de pé de serra.
Natá, na sigunda guerra,
foi importante na históra.
Mode incruzá o Atrântico,
ficava na trajetóra.
E Parnamirim, bacana,
era a Base Americana,
o Trampolim da Vitóra.
Foi munto grande a influença,
qui aqui sofreu, cada crã.
Tudo qui uis cara fazia,
tarde, noite e de menhã;
foi puraqui adotado,
quage tudo assimilado,
da terra do Tio Sam.
A manêra de vistí,
a manêra de falá,
ais musga, cumportamento,
tôda curtura, afiná.
E ais jove natalense,
só quiria uis gringo, pense,
na hora de se casá.
E uis pai a batizá,
uis fíi, Richard, Jonh, Bill,
Natalie, Sebastian, Paul,
Peter, Julie ô Will.
E meu pai, de peito aberto,
butô meu nome Roberto,
era um EUA no Brasil.
E cuma o nome Roberto,
é Bob, lá pruis fulano,
assim me apilidaro,
dia a dia, ano a ano.
Eu acho qui isso ixprica,
e acaba cum a futrica,
do meu nome americano...

VOCÊ RIMA COM...- Poema Matuto

Meu amô, nêsses meus verso,
quero amostrá, pode crê,
o qui VOCÊ representa,
querida, no meu vivê.
Amostro chêi de emoção,
sem quaiqué inibição,
minhas rima prá VOCÊ.
VOCÊ rima cum meu sonho,
rima c'á minha sodade,
rima c'á minha alegria,
c'á minha necessidade.
Cum a minha inspiração,
rima c'á minha paixão,
c'á minha felicidade.
VOCÊ rima cum tezão,
cum seu bêjo apaixonado,
cum o arto astrá de sua presença,
cum meu abraço apertado.
C'as minha zurêia rôxa,
imprensada in tuais côxa,
cum eu feliz, subjurgado.
VOCÊ rima cum erotirmo,
c'á sua pele sedosa,
cum seu prefume gostoso,
cum sua vóiz melodiosa.
C'á minha língua e minha bôca,
qui lhe dêxa quage lôca,
seja in verso ô seja in prosa.
VOCÊ rima cum seus peito,
no fríi, rima cum calô,
cum um gôzo preno, infinito,
mais êsse seu trovadô.
Rima c'á luz do luá,
cum seu poeta a decramá,
prá você, versos de amô.
VOCÊ rima cum um biête,
de amô, qui iscreve prá mim,
e cum a fulô mais bunita,
do mais bunito jardim.
Isso ixprica, minha fía,
meu vivê, minha alegria,
pruquê sô feliz assim...


CARENÇA TOTÁ - Poema Matuto

Eu tô qui nem um zumbí,
andando a êrmo, sózíin,
sem você, sem seu caríin,
sem seu bêjo e seu calô.
Sem o seu surriso lindo,
eu tô infeliz da vida,
preciso de tu, querida,
preciso do teu amô.
Preciso do teu oiá,
de ficá mais tu, só nóis,
preciso da tua vóiz,
te juro, sem gaiofança.
Sofrendo c'á tua ausênça,
in nada, eu tenho consôlo,
tô cuma um minino tôlo,
chorando feito criança.
O meu sufrimento é tanto,
qui uis remendo incolocado,
sofre cum o acelerado,
do meu véio coração.
Muleque, qui nem tu sabe,
mais nêsse infiliz sufôco,
mode ixprudí, farta pôco,
qui nem bomba de São João.
A medicina num cura,
nem Pai de Santo ô Dotô,
sufrimento ô má de amô,
e eu vô munto mais além.
Se nóis se qué cumo diz,
e se ama inté demais,
só um remédio é eficaiz:
É nóis dois ficá de bem...

MEUS POEMAS AMOROSOS

Meus poemas amorosos,
com erotismo e tezão,
escrevo com o coração,
e não acho escandalosos.
Se parecem maliciosos,
é porque o falso pudor,
jogo fora, meu amor.
E tu podes ter certeza,
prá êles, busco a beleza,
no teu corpo sedutor.
Num longo aperto de mão,
no fogo do teu olhar,
num sorriso a insinuar,
a propícia ocasião.
Na doçura de um chupão,
em mil lugares gostosos.
Nos beijos maravilhosos,
de tua boca insaciável,
na tua língua incansável,
e teus seios apetitosos.
No espaço entre os dois, cheiroso,
nos teus mamilos armados,
nos teus pelos eriçados,
num abraço em pleno gôzo.
Num afago carinhoso,
no espaço prometedor,
do umbigo ao púbis, setor,
da fruta doce e gostosa,
da mais formosa das rosas,
do jardim do teu amor.
Nas coxas grossas, roliças,
no mais que lindo quadril,
em tua bunda, nota mil,
cujo meu tezão cobiça.
Na beleza da preguiça,
que vem de ti, saciada.
Em tua calcinha rendada,
em ti, sorrindo prá mim,
sobre o lençol de cetim,
languidamente estirada...

S O D A D E - Poema Matuto

Dessa palavra, sodade,
num existe tradução.
É uma dô qui quando ataca,
nuis faiz sofrê de muntão.
É dô qui quando se sente,
mexe cum tudo da gente,
lá dento do coração.
Sodade num tem plurá;
purisso véve sòzinha.
Martratando munta gente,
do seiviçá à rainha.
Machucando c'a lembrança,
ais vêiz matando a isperança,
de quem prá ela, caminha.
Faiz o valente chorá,
faiz o forte isfraquicê,
faiz a gente se lascá,
sem drumí e sem cumê.
O cabra fica reiádo,
sofrendo disisperado,
pidindo a Deus prá morrê.
E o hôme, principamente,
acredite se quizé.
Sofre c'a situação,
nisso pode fazê fé.
O cabra sofre à vontade,
se a danada da sodade,
fô do tá "bicho muié"!
O dia fica cumprido,
o cabra acorda chorando.
Passa o dia puros canto,
mocorongo, matutando.
Num consegue nem surrí,
e ais vêiz, quando vai drumí,
vai se deitá saluçando.
Mais inda resta um consolo,
digo na minha poesia.
Antes de incruzá cum ela,
facilmente tu surría.
Pode iscrevê qui é verdade;
adonde ixistí sodade,
arguém foi feliz, um dia.
Prá finalizá, eu digo,
puro mundo, andando a êrmo.
Do fundo do coração,
cum meu peito todo infêrmo.
Sodade; digo surrindo:
É isso qui eu tô sintindo,
de você agora mêrmo!...”




VOCÊ DÊXÔ UM BURACO
DENTO DO MEU CORAÇÃO
Autor: Bob Motta



Meu amô, derna do dia,
qui você num me quis mais,
perdi o sussêgo, a paiz,
de mim, fugiu a alegria.
Eu juro qui num sabia,
cuma é rim a solidão.
Se foi minha inspiração,
qui nem guiné, eu “tô fraco”,
VOCÊ DÊXÔ UM BURACO,
DENTO DO MEU CORAÇÃO...

Se você nunca pensô,
qui eu sofro cum sua ausênça,
bote in sua cunsciênça,
choro inté, cum tanta dô.
Meu barco disgunvernô,
cum a nossa separação.
A nossa disunião,
dêxô seu poeta um cáco,
VOCÊ DÊXÔ UM BURACO,
DENTO DO MEU CORAÇÃO.

Tá me dando um suó fríi!
O pranto qui eu tô chorando,
puro rosto, derramando,
tá quage fóimando um ríi.
No peito, eu sinto um vazíi,
farta o ar nuis meus purmão.
No sofrê dessa paixão,
tristeza sigura o táco,
VOCÊ DÊXÔ UM BURACO,
DENTO DO MEU CORAÇÃO.

Se você imaginasse,
a farta qui tá fazendo,
vortava prá mim correndo,
taivêiz nunca me dêxasse.
Se me dêxando, vortasse,
eu cumia in sua mão.
Isborrotava tezão,
lá dento do meu barraco,
VOCÊ DÊXÔ UM BURACO,
DENTO DO MEU CORAÇÃO.

Vô fazê uma promessa,
rezá prá São Serafim,
prá você vortá prá mim,
ligêríin, a tôda pressa.
E se acauso lhe interessa,
a minha decraração;
de nossa chamegação,
tá vazíi o meu bisaco,
VOCÊ DÊXÔ UM BURACO,
DENTO DO MEU CORAÇÃO.

Quando você foi s’imbora,
chorei qui nem u’a criança,
sem amô, sem isperança,
saluçando a tôda hora.
No meu peito isquerdo, mora,
de sodade, um caminhão.
Definhando de paixão,
eu fiquei prá lá de fraco,
VOCÊ DÊXÔ UM BURACO,
DENTO DO MEU CORAÇÃO.

Arrelembrando, querida,
dispôi do amô, a fadiga,
tenho sodade dais briga,
qui nóis tinha in nossa vida.
Dispôi da tua partida,
vêjo a dona inspiração,
transfóimada in emoção,
invadindo o meu barraco,
VOCÊ DÊXÔ UM BURACO,
DENTO DO MEU CORAÇÃO.

Meu amô, juro por Deus;
me sinto numa marmôrra,
se tu num quizé qui eu morra,
vorte para uis braços meus.
Uis meus zói qué vê uis teu,
daquele jeito pidão.
Prá você, cantei canção,
dispôi de chêrá tabaco,
VOCÊ DÊXÔ UM BURACO,
DENTO DO MEU CORAÇÃO.

Muié, será qui eu mereço ?
Tu fêiz um istrago danado,
e o poeta apaixonado,
arrivirô puro avêsso.
O meu peito era o teu berço,
teu cubertô, minhas mão.
Uis meus verso era um refrão,
qui nunca lhe inchía o saco,
VOCÊ DÊXÔ UM BURACO,
DENTO DO MEU CORAÇÃO...







Mote: DRUMÍ NA NOITE DUIS SONHO/ INVÔRTO NUIS TEUS CABÊLO...
G L O S A S


1. Adispôi de tumá banho,
e tê cuntigo, um gostoso,
incronto munto amoroso,
DRUMÍ NA NOITE DUIS SONHO.
Uis pensaamento tristonho,
misturei cum uis pesadêlo.
Iscuiendo entre uis mudêlo,
de um mundo aalegre e feliz,
drumí cumo sempre quiz,
INVÔRTO NUIS TEUS CABÊLO...

2. Feliz, cuntigo ao meu lado,
andei pru tôda a cidade,
chêíin de felicidade,
totaimente apaixonado.
Dispôi de tê saciado,
nosso amô in dirmantêlo,
fugindo duis pesadêlo,
daquêles oiá tristonho,
DRUMÍ NA NOITE DUIS SONHO,
INVÔRTO NUIS TEUS CABÊLO...



QUANTO MAIS PENSO QUI SEI/MAIS EU PRICISO APRENDÊ...



I
Tive no Jardim da Infança,
decorei a tabuada,
subi uis degrau da iscada,
do meu tempo de criança.
Tinha no peito a isperança,
de me fóimá, pode crê.
Li a Carta do ABC,
e vi dispôi qui me fôimêi;
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
I
Desci morro, subi serra,
sufrí cum a sêca e calô,
decramei versos de amô,
fiz da poesia, anti guerra.
Nuis sertão de minha terra,
tive um alegre vivê.
Na sêca era um padicê;
de disispêro, chorei;
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
III
Cantei musga de paiáço,
de circo e de pasturil.
No Nordeste do Brasil,
istudei sobre o cangaço.
Amanhincí dando amasso,
bêjando meu bem querê.
Ela é cansa de sabê,
qui ao lhe vê me apaixonei,
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
IV
Aprindí fazê cabresto,
a corrê in vaquejada,
a fazê quêjo e quaiáda,
a pesca num ríi, cum cêsto.
A corrê in disimbêsto,
a rezá no amanhincê,
a Jesus agradicê,
por tudo o qui já ganhei;
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
V
Fiz aifabetização,
primáro e ginasiá.
Quando fui me graduá,
fiz adiministração.
A mais priciosa lição,
qui eu aprindí, pode crê,
eu vô dizê prá você,
qui jamais isquecerei;
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
VI
Sempre gostei do agito,
dento do meu universo.
Aprindí a fazê verso,
lá na Mina do Bunito.
No mêi daquele isquisito,
na rêde, ao anoiticê,
uvindo o fole gemê,
prá poesia dispertei;
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
VII

Aprindí qui hôme chora,
de emoção, de sodade,
de dô, de felicidade,
ô quando o amô vai s’imbora.
Quando chega a sua hora,
e sabe qui vai morrê.
Quando inganado se vê;
E prá si, diz: Me lasquei!;
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
VIII
Aprindí qui no sertão,
quando arapuá faiz mé,
cai munta chuva, agrané,
mióra a situação.
Qui o matuto, meu irmão,
pranta, pensando in cuiê.
Qui seus dia de sofrê,
tão contado, isso é de lei;
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
IX
Qui o sêbo do carnêro,
é um bom remédio, é fato.
Qui duis remédio do mato,
êle é um milagrêro.
Qui o bode pai de chiquêro,
sabe quando vai chuvê.
Qui do idoso, o paricê,
é a palavra de um rei;
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
X
Qui a banha da cascavé,
é remédio milagroso.
Qui iguaimente puderôso,
a banha do tejo, é.
Qui a bôrra do café,
tombém tem o seu pudê.
Mêrmo pudendo dizê,
qui nisso eu me dotôrei;
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
XI
Qui no prantío de míi,
é trêis carôço numa cova.
Qui crumatã só disóva,
in água nova, meu fíi.
Qui numa noite de fríi,
mode o cabra se aquecê,
é só butá prá fêivê,
leite e tumá um copo chêi;
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
XII
Purorde de Deus, me fiz,
um pesquisadô silvestre.
NUM SÔ PROFESSÔ NEM MESTRE,
SÔ UM ETERNO APRINDIZ.
Purisso é qui eu sô feliz,
rescordando o meu vivê.
A Deus, só agradicê,
tudo o qui d’Êle, ganhei;
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ...







A PELEJA DAIS GALINHA

DE GRANJA X CAIPIRA

( Bob Motta )



Foi no Bom Dia Brasil,
qui incrontei inspiração,
na matéria apresentada,
a toda nossa Nação.
De norte a sul, leste a oeste,
do litoral ao sertão.

Falava sobre o manejo,
que o homem do campo manja.
Tira da dificurdade,
a solução e se arranja.
Pru mode criá galinha,
seja caipira ô de granja.

Na minha imaginação,
eu enxergo claramente,
uma ferrenha discussão,
que agitou o ambiente.
E vou contar prá vocêis,
uma peleja deferente.

Direcionei a mente,
apontei a sua mira,
prá dento do galinhêro,
onde brigava na ira,
uma galinha de granja,
com uma galinha caipira.

De granja: Tu é uma galinha otária,
véve numa eterna luta.
Mode arrumá o qui cumê,
de menhã à noite é puta.
E prá cagá o qui come,
bota uma fôrça bruta.

Caipira: Tua vida é munto curta,
munto pôco tempo dura.
Toma hormônio prá crescê,
come ração sem mistura.
a tua carne é sem gôsto,
prá quem come, é merda pura.

De granja: Tu num é munto deferente.
tem mais longa atua vida,
mode a demora in crescê,
pru mode sê cunsumida.
Leva quage sete mêis,
inté quando é abatida.

Caipira: Mais in valô nutritivo,
juro qui d’eu, tu num ganha.
Do meu vulume de carne,
de capote, tu apanha.
E adispôi de tu guizada,
se dirmancha tôda in banha.

De granja: Mais quando arguém tá doente,
qui precisa de uma canja,
de uma cumida inucente,
a mãe, cum coidado arranja,
mode dá cumo remédio,
uma galinha de granja.

Caipira: Adispôi qui a muié pári,
na hora do seu resguardo,
quando o mininíin nasce,
e alivêia o seu fardo,
mode se recuperá,
vem logo atráis do meu cardo.

De granja: Tu só come do pió,
posso inté fazê aposta.
Passa fome de muntão,
de todo bascúio tu gosta.
E quando tua fome aperta,
bebe mijo e come bosta.

Caipira: Tu cum bestêra e teu ôvo,
pôco à pessoa, alimenta.
É mais barato, tá certo,
porém, a ninguém sustenta.
Teu ôvo é vinte centavo,
o meu, é quage cinquenta.

De granja: Tu cum essa pabulage,
se acha isperta prá xuxú.
Mais, pru mode lhe intupí,
eu vô preguntá prá tu:
Tu acha qui trinta centavo,
compensa eu rasgá meu cú ?

Caipira: Eu passo o dia no mato,
de noite venho discansá.
Me assubo no pulêro,
fico inté o só raiá.
Tu é cumendo direto,
lá nuis gaipão, sem pará.

De granja: Dia e noite sem pará,
na ração eu vô vivendo.
Eu aqui na mordomia,
e tu no mato, sofrendo.
Cumendo munturo e bosta,
e uis galo te cumendo.

Caipira: Se uis galo tão me cumendo,
eu chega mudo de tom.
Da zuada qui nóis faiz,
munto longe se ôice o som.
Eu levando chibatada,
cantando e achando bom.

De granja: Falando de cumpanhêro,
de tu, aí tombém ganho.
Prá galo qui nem uis teu,
eu juro qui num me assanho.
Uis teu é piquininíin,
e uis meu é dêsse tamanho.

Caipira: Uis teu é dêsse tamanho,
mais prá eu é infadado.
Abasta dá umazinha,
fica arquejando, cansado.
Meus piquininíin é macho,
e dá conta do recado.

De granja: De mim, tudo é mais barato,
ao alcance do povão.
Sô o prato preferido,
do impregado e do patrão.
In quaiqué país do mundo,
tô no mêi da nutrição.

Caipira: Nóis tem o nosso valô,
tu na tua e eu na minha.
No armôço, lanche ô janta,
cum cuscuz de menhãzinha,
num tem nada mais gostoso,
do qui a gente, a galinha.

De granja: Mais cum o saláro do pobre,
no Brasí, infilirmente,
nem eu nem tu vai na mesa,
dêsse sufrido vivente.
Pobre só come galinha,
se um duis dois tivé doente...





"VIVA A ARTE DO MEU POVO!"

2 comentários:

  1. Aló Boy Motta eu sou um admirador do seu tabalho,eu sei que você é caçador de suné você e Riba Junior,um abraço

    By:Marcos ( Galego do suco)

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  2. Bob Motta, você faz a gente voltar no tempo, é a cara do sertão! muito bom, muito bom mesmo. Wilson de Assis - C.Mirim.

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