terça-feira, 12 de abril de 2011

Nosso Eterno Vicente Celestino


Sou daqueles que acredita que a gente só ama aquilo que conhece. Por isso, a preocupação de mostrar aqui no “A Arte Do Meu Povo” artistas e trabalhos artísticos que não são veiculados na grande mídia. Esse espaço é para mostrar que o nosso querido Brasil teve e tem muita coisa boa, muita gente de qualidade que não deve nada a artista de país algum.
Dito isto falo agora do nosso homenageado. Ele, sem medo de errar, foi uma das vozes mais possantes do mundo, tem seu lugar reservado no Olimpo dos grandes cantores. Entre os artistas brasileiros( de todos os tempos) pode ser chamado de majestade.
O “A Arte Do Meu Povo” tem o imenso orgulho de homenagear Vicente Celestino. Na gratificante pesquisa que foi feita, o WIKIPEDIA relata sobre Vicente, o seguinte:


Antônio Vicente Filipe Celestino (Rio de Janeiro, 12 de setembro de 1894 — São Paulo, 23 de agosto de 1968) foi um dos mais importantes cantores brasileiros do século XX.
Nasceu no bairro de Santa Teresa, filho de italianos da Calábria. Dos seis homens (eram onze irmãos), cinco dedicaram-se ao canto e um ao teatro (Amadeu Celestino[1]). Desde os 8 anos, por causa de sua origem humilde, Celestino teve de trabalhar: sapateiro, vendedor de peixe, jornaleiro e, já rapaz, chefe de seção numa indústria de calçados.


Começou cantando para conhecidos e era fã de Enrico Caruso. Antes do teatro cantava muito em festas, serenatas e chopes-cantantes. Estreou profissionalmente cantando a valsa Flor do Mal no teatro São José e fez muito sucesso e também entrou no seu primeiro disco vendendo milhares de cópias em 1916 na Odeon (Casa Edison).
Em 1920 montou uma companhia de operetas, mas sem nunca deixar o carnavalesco de lado, emplacando sucessos como Urubu Subiu. Rapidamente, depois de oportunidade no teatro, alcançou renome. Formou companhias de revistas e operetas com atrizes-cantoras, primeiro com Laís Areda e depois com Carmen Dora. As excursões pelo Brasil renderam-lhe muito dinheiro e só fizeram aumentar sua popularidade. Nos anos 20, reinava absoluto como ídolo da canção. Na década de 30 começou a demonstrar seus dotes como compositor resultando em clássicas de seu reportório, como 'O Ébrio', sua música mais lembrada até hoje (inclusive transformada em filme por sua esposa). Vicente Celestino teve uma das mais longas carreiras entre os cantores brasileiros. Quando morreu, às vésperas dos 74 anos, no Hotel Normandie, em São Paulo, estava de saída para um show com Caetano Veloso e Gilberto Gil, na famosa gafieira "Pérola Negra", que seria gravado para um programa de televisão.


Na fase mecânica de gravação, fez cerca de 28 discos com 52 canções. Com a gravação elétrica, em 1927, sentiu uma certa inaptação quanto ao rendimento técnico, logo superada. Aí recomeçaria os sucessos cantados em todo o Brasil. Em 1935 foi contratado pela RCA VICTOR, praticamente daí sua única gravadora até falecer. No total, gravou em 78 RPM cerca de 137 discos com 265 músicas, mais dez compactos e 31 LPs, nestes também incluídas reedições dos 78 RPM.
Vicente Celestino, que tocava violão e piano, foi o compositor inspirado de muitas das suas criações. Duas delas dariam o tema, mais tarde, para dois filmes de enorme público: O Ébrio (1946) e Coração Materno (1951). Neles Vicente foi dirigido por sua mulher Gilda Abreu (1904 - 1979), cantora, escritora, atriz e cineasta.
Celestino passaria incólume por todas as fases e modismos, mesmo quando, no final dos anos 50, fiel ao seu estilo, gravou "Conceição", "Creio em Ti" e "Se Todos Fossem Iguais a Você". Seu eterno arrebatamento, paixão e inigualável voz de tenor, fizeram com que o povo o elegesse como A Voz Orgulho do Brasil.


Nunca saiu do Brasil e manteve sua voz grave que era marca registrada independente do estilo musical que estava executando. Teve suas músicas regravadas por grandes nomes, como Caetano Veloso, Marisa Monte e Mutantes.”

São muitas canções que foram sucesso na explendida voz de Vicente Celestino. Aqui está uma pequena amostra:

O Ébrio
Composição : Vicente Celestino


Recitativo - Falado : Nasci artista. Fui cantor. Ainda pequeno levaram-me para uma escola de canto. O meu nome, pouco a pouco, foi crescendo, crescendo, até chegar aos píncaros da glória. Durante a minha trajetória artística tive vários amores. Todas elas juravam-me amor eterno, mas acabavam fugindo com outros, deixando-me a saudade e a dor. Uma noite, quando eu cantava a Tosca, uma jovem da primeira fila atirou-me uma flor. Essa jovem veio a ser mais tarde a minha legítima esposa. Um dia, quando eu cantava A Força do Destino, ela fugiu com outro, deixando-me uma carta, e na carta um adeus. Não pude mais cantar. Mais tarde, lembrei-me que ela, contudo, me havia deixado um pedacinho de seu eu: a minha filha. Uma pequenina boneca de carne que eu tinha o dever de educar. Voltei novamente a cantar mas só por amor à minha filha. Eduquei-a, fez-se moça, bonita... E uma noite, quando eu cantava ainda mais uma vez A Força do Destino, Deus levou a minha filha para nunca mais voltar. Daí pra cá eu fui caindo, caindo, passando dos teatros de alta categoria para os de mais baixa. Até que acabei por levar uma vaia cantando em pleno picadeiro de um circo. Nunca mais fui nada. Nada, não! Hoje, porque bebo a fim de esquecer a minha desventura, chamam-me ébrio. Ébrio...

Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer
Aquela ingrata que eu amava e que me abandonou.
Apedrejado pelas ruas vivo a sofrer.
Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou...
Só nas tabernas é que encontro meu abrigo.
Cada colega de infortúnio é um grande amigo,
Que embora tenham, como eu, seus sofrimentos,
Me aconselham e aliviam o meu tormento.
Já fui feliz e recebido com nobreza. Até
Nadava em ouro e tinha alcova de cetim
E a cada passo um grande amigo que depunha fé,
E nos parentes... confiava, sim!
E hoje ao ver-me na miséria tudo vejo então:
O falso lar que amava e que a chorar deixei.
Cada parente, cada amigo, era um ladrão;
Me abandonaram e roubaram o que amei.
Falsos amigos, eu vos peço, imploro a chorar:
Quando eu morrer, à minha campa nenhuma inscrição.
Deixai que os vermes pouco a pouco venham terminar
Este ébrio triste e este triste coração.
Quero somente que na campa em que eu repousar
Os ébrios loucos como eu venham depositar
Os seus segredos ao meu derradeiro abrigo
E suas lágrimas de dor ao peito amigo.


Conceição
Composição : Vicente Celestino


Conceição
Eu me lembro muito bem
Vivia no morro a sonhar
Com coisas que o morro não tem
Foi então
Que lá em cima apareceu Alguém que lhe disse a sorrir Que, descendo à cidade, ela iria subir
Se subiu
Ninguém sabe, ninguém viu
Pois hoje o seu nome mudou
E estranhos caminhos pisou
Só eu sei
Que tentando a subida, desceu
E agora daria um milhão
Para ser outra vez
Conceição



Coração Materno
Composição : Vicente Celestino


Disse um campônio à sua amada: "Minha idolatrada, diga o que quer
Por ti vou matar, vou roubar, embora tristezas me causes mulher
Provar quero eu que te quero, venero teus olhos, teu corpo, e teu ser
Mas diga, tua ordem espero, por ti não importa matar ou morrer"
E ela disse ao campônio, a brincar: "Se é verdade tua louca paixão
Parte já e pra mim vá buscar de tua mãe inteiro o coração"
E a correr o campônio partiu, como um raio na estrada sumiu
E sua amada qual louca ficou, a chorar na estrada tombou
Chega à choupana o campônio
Encontra a mãezinha ajoelhada a rezar
Rasga-lhe o peito o demônio
Tombando a velhinha aos pés do altar
Tira do peito sangrando da velha mãezinha o pobre coração
E volta à correr proclamando: "Vitória, vitória, tens minha paixão"
Mas em meio da estrada caiu, e na queda uma perna partiu
E à distância saltou-lhe da mão sobre a terra o pobre coração
Nesse instante uma voz ecoou: "Magoou-se, pobre filho meu?
Vem buscar-me filho, aqui estou, vem buscar-me que ainda sou teu!"


Patativa
Composição : Vicente Celestino


Acorda, patativa, vem cantar
Relembra as madrugadas que lá vão
E faz de tua janela o meu altar
Escuta a minha eterna oração
Eu vivo inutilmente a procurar
Alguém que compreenda o meu amor
E vejo que é destino meu sofrer
E padecer, não encontrar
Quem compreenda o trovador
Eu tenho n'alma um vendaval sem fim
E uma esperança que hás de ter por mim
O mesmo afeto que juravas ter
Para que acabe este meu sofrer
Eu sei que juras cruelmente em vão
Eu sei que preso tens o coração
Eu sei que vives tristemente a ocultar
Que a outro amas, sem querer amar
Mulher, o teu capricho vencerá
E um dia tua loucura findará
A Deus, a Deus, minha alma entregarei
Se de outro fores, juro, morrerei
Amar, que sonho lindo, encantador
Mais lindo por quem leal nos tem amor
E tu vens desprezando sem razão
A mim que choro e busco em vão
O teu ingrato coração.


Matei
Composição : Vicente Celestino


Senhor delegado,
Eu sou um assassino,
Entrego-me à prisão,
Cumprindo o meu destino.
Estou arrependido,
De praticar o crime,
Deixa que lhe descrevo,
Senhor, como perdi-me.
Um dia apareceu,
Deitada à minha porta,
Uma mulher doente,
Faminta, quase morta.
Tratei-a com carinho,
Tornou-se tão bonita,
Foi minha companheira,
E hoje é minha desdita.
A ingrata me fugiu,
Não soube mais vencer,
Tornei-me até ladrão,
E dei para beber.
E quantas, quantas noites,
Ao me apertar o sono,
Dormia nas sarjetas,
Tal qual um cão sem dono.
E ela vinha em sonho,
Buscar-me com carícia,
Quando era despertado,
Nas garras da polícia.
Farto de sofrer,
Fui procurar o amigo,
Como último recurso,
Fui lhe pedir abrigo.
Negou-me, disse ainda,
Jamais o conheci,
Virou-me, deu-me as costas,
Quando uma voz ouvi.
Reconheci ser dela,
Na casa à força entrei,
Matei o falso amigo,
E a mulher que amei.
Estou arrependido,
Não terei mais conforto,
E desde aquele instante,
Eu sinto que estou morto.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Tulipa Ruiz - Motivo De Orgulho


Outro dia, assistindo a o Canal TV Brasil, me deparei com uma voz feminina maravilhosa, uma interpretação brasileiríssima. Aí claro que me atentei para saber da dona daqueles dons que me encantaram. Graças a isso descobri bem mais, que além de uma excelente cantora, também é grande compositora e desenhista talentosíssima.
Então é com satisfação que o “A Arte Do Meu Povo” apresenta para você que ainda não teve o prazer de conhecer Tulipa Ruiz, e para quem já conhece, fica aqui oportundade de conhecer mais um pouco.
Tulipa é um dos grandes talentos da nova geração de artistas brasileiros e pode ter certeza é mais um motivo para aumentar o nosso orgulho em fazer parte desse país verde amarelo, que os grandes meios de comunicação trabalham para matar a nossa qualidade cultural, mas existem pessoas que nadam contra a maré e fazem coisas maravilhosas. Viva A brasilidade, Brasileira do Brasil!!!!
A grande parte das informações sobre a Tulipa foi pesquisada no site WIKIPÉDIA, porém você também pode conhcer mais dessa maravilhosa artista pelo Blog http:tuliparuiz.blogspot.com/
O Wikipédia diz que:


Tulipa Ruiz é uma cantora, compositora e desenhista[1] brasileira. Participou de shows de nomes como DonaZica, Trash Pour 4, Júnio Barreto, Ortinho, Projeto Cru, Na Roda, Tiê, Nhocuné Soul e Cérebro Eletrônico. Integra, ao lado do pai Luiz Chagas e do irmão Gustavo Ruiz o conjunto Pochete Set. Faz desenhos para livros infantis, agendas, capas de discos e cartazes de shows. Interessa-se por gravações em campo, texturas, ruídos, bordados e cantigas de ninar. Saiu de Minas Gerais aos 22 anos para cursar Comunicação e multimeios na PUC-SP, onde conheceu Dudu Tsuda.

Quando estudava na PUC, em São Paulo, Tulipa participou de várias bandas e projetos, até que em um show do Pochete Set, onde o jornalista Ronaldo Evangelista gostou do que viu e convidou Tulipa para fazer uma apresentação solo. Então vieram as canções que o irmão registrou em seu estúdio caseiro e ela publicou no Myspace.
Em dezembro de 2008 decidiu sair da Agência de Comunicação em que trabalhava para ficar três meses compondo com o irmão e ilustrando. Então foi convidada para o Festival da Trama, no Teatro Oficina. Fez seu primeiro show solo pra valer em 2009 no Teatro Oficina, depois, Prata da Casa no SESC Pompéia, colecionando elogios da crítica, inclusive do conceituado produtor musical Nelson Motta aumentando exponencialmente o público e gravou seu primeiro disco: "Efêmera". E, mesmo diante de tamanha expectativa, não decepcionou.


Efêmera saiu no final de maio de 2010 e rapidamente conquistou a crítica e público. Com canções sutis e poeticamente diretas, cheias de arranjos simples e melodias doces e circulares embaladas pela voz única de Tulipa.
Tulipa ganhou rapidamente espaço no cenário musical brasileiro. Fez uma temporada com Marcelo Jeneci e já cantou com grandes cantoras como Zélia Duncan. Tem em seu primeiro album participações de Tiê, Anelis Assumpção, Donatinho, Kassin, Thalma de Freitas, Juliana Kehl e Mariana Aydar.
Construiu o que chama de "pop florestal" - metade paulista, metade mineiro, com composições próprias, do pai e do irmão, o guitarrista Gustavo Ruiz.


Sua música Efêmera faz parte da trilha sonora do jogo FIFA 11 da EA SPORTS.
Tulipa contou que foi um concerto da cantora norte-americana Meredith Monk que mudou sua vida:


‘Fiquei absolutamente embasbacada quando assisti ao concerto Impermanência, da criadora de óperas contemporâneas Meredith Monk. Como se quarenta mil fichas sobre espiritualidade, canto, respiração e amadurecimento tivessem caído ali na minha frente. Chorei de atrapalhar o colega do banco ao lado. Foi um rito de passagem para mim. O jeito que Meredith explora a voz, rompendo a barreira entre canto e palavra, me comoveu e fortaleceu. Aprendi que o palco é um lugar sagrado, de poder e experimentação. Foi lindo entender isso.’

Tulipa conta que aprendeu a cantar ouvindo cantoras/compositoras como Joni Mitchell, Gal Costa, Ná Ozzetti, Zezé Motta, Baby Consuelo e Joyce.
Nascida em Santos, morou até os três anos de idade em São Paulo. Após a separação dos pais mudou-se para São Lourenço, MG. Seu pai, Luiz Chagas é jornalista e músico do Isca de Polícia, banda que acompanhava Itamar Assumpção. Tulipa contou em entrevista a Revista da Gol (edição de junho de 2010) que recebeu esse nome por causa do filme 'A Tulipa Negra'."



Agora é hora de você se deliciar com as poesias em forma de músicas de Tulipa Ruiz:

A ordem das árvores
Tulipa Ruiz


Naquele curió mora um pessegueiro
Em todo rouxinol tem sempre um jasmineiro
Todo bem-te-vi carrega uma paineira
Tem sempre um colibri que gosta de jatobá

Beija-flor é casa de ipê

Cada andorinha é lotada de pinheiro
e o joão-de-barro adora o eucalipto

A ordem das árvores não altera o passarinho

Naquele pessegueiro mora um curió
Em todo jasmineiro tem sempre um rouxinol
Toda paineira carrega um bem-te-vi
Tem sempre um jatobá que gosta de colibri

Beija-flor é casa de ipê

Cada pinheiro é lotado de andorinha
e o joão-de-barro adora o eucalipto

A ordem das árvores não altera o passarinho



Aqui
Tulipa Ruiz



Cuida bem da tua forma de ser
amanhã o dia vai ser diferente de outro dia
A menina que da terra sempre espera
que você fique aqui
e no fundo, bem no fundo, você sabe como
isso é legal
ver alguém que entenda essa sua transição
como é legal essa sua transição



Efêmera
Tulipa Ruiz



Vou ficar mais um pouquinho,
Para ver se acontece alguma coisa
nessa tarde de domingo.

Hoje é o tempo preu ficar devagarinho
com as coisas que eu gosto e
que eu sei que são efêmeras
e que passam perecíveis
e acabam, se despedem,
mas eu nunca me esqueço.

Vou ficar mais um pouquinho
Para ver se eu aprendo alguma coisa
nessa parte do caminho.

Martelo o tempo preu ficar mais pianinho
com as coisas que eu gosto e
que nunca são efêmeras
e que estão despetaladas, acabadas
Sempre pedem um tipo de recomeço.

Vou ficar mais um pouquinho, eu vou.
Vou ficar mais um pouquinho
Para ver se acontece alguma coisa
nessa tarde de domingo.

Hoje é o tempo preu ficar devagarinho
com as coisas que eu gosto
e que eu sei que são efêmeras
e que passam perecíveis
e acabam, se despedem,
mas eu nunca me esqueço.

Por isso vou ficar mais um pouquinho
Para ver se eu aprendo alguma coisa
nessa parte do caminho.
Martelo o tempo preu ficar mais pianinho
com as coisas que eu gosto e que nunca
são efêmeras
e que estão despetaladas, acabadas
Sempre pedem um tipo de recomeço.

Vou ficar mais um pouquinho
Para ver se acontece alguma coisa
nessa tarde de domingo.
Vou ficar mais um pouquinho
Para ver se eu aprendo alguma coisa
nessa parte do caminho.

Vou ficar mais um pouquinho
Para ver se acontece alguma coisa
nessa tarde de domingo.
Vou ficar mais um pouquinho
Para ver se eu aprendo alguma coisa
nessa parte do caminho.




Da menina
Tulipa Ruiz


Descobre o peito
Pinta a boca e beija o espelho
Que reflete a silhueta que você acabou de descobrir
Perfuma a nuca,
Perfuma o pulso,
Sente o seu perfume
E sai de salto por aí





Pedrinho
Tulipa Ruiz


Pedrinho chegava descalço
Fazia da vida o que a gente sonhou
Pintava do nada um barato
Falava umas coisas que a gente nem pensou
Como é que pode ser tão criativo
Auto-confiante, um cara cortês

Pedrinho parece comigo, mas bem resolvido com sua nudez
Tirou da cartola uma flor e me presenteou num domingo de sol
É meu amigo querido até dormiu comigo no mesmo lençol

Pedro esta cantiga não fala de amor
Mas querido esse som acho que me entregou
Pedro esta cantiga não fala de amor
Mas querido esse som acho que me instigou

Pedrinho chegava descalço
Fazia da vida o que a gente sonhou
Pintava do nada um barato
Falava umas coisas que a gente nem pensou
Como é que pode ser tão criativo
Auto-confiante, um cara cortês

Pedrinho parece comigo, mas bem resolvido com sua nudez
Tirou da cartola uma flor e me presenteou num domingo de sol
É meu amigo querido até dormiu comigo no mesmo lençol

Pedro esta cantiga não fala de amor
Mas querido esse som acho que me entregou
Pedro esta cantiga não fala de amor
Pelo carinho esse som acho que me instigou



"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!"

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Serpente Emplumada Em Cordel


Mês passado, ou seja, março de 2011. Ganhei um grande presente, uma das minha produções, em poesia popular, foi editada pela Fundação Egberto Costa, que pertence a Secretaria de Cultura da Cidade de Feira de Santana, na Bahia. Na realidade a edição e distribuição foi feita pela Museu de Arte Contemporânea(MAC) pertencente a Fundação.
A obra escolhida foi a “Lenda Da Serpente Emplumada”, que nasceu depois que li o livro Lendas Brasileiras do grande pesquisador da cultura popular do Brasil, Câmara Cascudo. Este livro trás histórias maravilhosas que povoam ou povoaram o cotidiano nos quatros cantos do nosso país Tupiniquim. Desta leitura nasceram 10 trabalhos em cultura popular, pois acredito que material de tamanha riqueza tem que ser divulgado de qualquer forma. O maior número de pessoas tem que ter acesso a ele, conhecê-lo, para assim poder valorizar(cada vez mais) essa nossa cultura tão rica.
A Lenda da Serpente Emplumada acontece em Bom Jesus da Lapa, na Bahia.
Então, aproveito a oportunidade para dividir com você essa alegria e através do “A Arte Do Meu Povo” divulgar, mais esse trabalho.




Cordel da Serpente Emplumada


Então estou eu mais
Uma vez nesse terreiro
Trazendo conhecimento
Pra um bom brasileiro
Que gosta de conhecer
O seu povo por inteiro.

A lenda que hoje
Tenho o prazer de contar
Aconteceu na Bahia
Nesse inigualável lugar
Cheio de encantos
E magia, pode acreditar.

Bom Jesus da Lapa
Você já ouviu falar?
É uma das maiores
Romaria de fé que há
E a nossa lenda
Aconteceu foi mesmo lá.

Antes porém alguns fatos
Devo bem lhe informar
No ano de 1691
Um português de além-mar
Saindo de Salvador
Foi lá na Lapa parar.

Francisco Mendonça Mar
Esse era o nome do cristão
Que andou duzentas léguas
Em pura peregrinação,
Carregando um crucifixo
Passando fome e privação.

Com espírito de eremita
Da gruta foi um ermitão
Depois de muito tempo virou
Um servidor na região
Abrigando enfermos e dando
Aos doentes consolação.

Assim a gruta foi
Virando uma aglomeração
De pessoas com fé
Acreditando na salvação
E para ali seguindo
Pra rezar muita oração.

A caverna virou capela
Com assento e também altar
E cada dia que passava, mais
Penitentes via chegar.
Até nessa grandiosidade
De Romaria se transformar.

Foi em 1706 que
Francisco Mendonça Mar
Em padre se ordenou
Continuado a ajudar
A todos naquele sertão,
Pras suas dores aliviar.

Em 1722 foi que
Infelizmente aconteceu.
O bom padre Francisco,
Deus levou, faleceu.
Ficando a lembrança
De tudo que promoveu.

A imagem do Bom Jesus
A povoação dali fundou
No ano 1890 quando
Naquele lugar chegou.
Vila Bom Jesus da Lapa
Foi o belo nome que ficou.

Naquele ano de 1923 em
Cidade se transformou,
Vindo ser pra Bahia
Mais um grande esplendor
De fé e adoração a
Jesus Cristo Nosso Senhor.

Depois de esclarecido
Esse dado importante,
Que talvez vois micê
Nem ache tão interessante.
Mas é bom se falar
Com quem num é ignorante.

Dito isso então
Agora vou tentar contar
A lenda pra vois micê, que
Vai começar a se animar
E saber mais um tiquim
Das coisa desse lugar.

Do lado esquerdo da gruta
Fica a Cova da Serpente
Que até 1936 era proibida
A entrada de gente.
Ficava fechada e era temida
Por todo vivente.

Ali dentro existia
Uma serpente encantada
Coberta de Quertzalcoatl
Era toda emplumada,
Vivia se sacudindo pra
Nascer asas na danada.

O povo do lugar conta
Que a serpente então
Depois que deixasse a cova
Ia comer todo cristão
Que se encontrasse ali
Naquela mesma ocasião.

As pessoas ouvia-lhe o ronco
Cavernoso e ameaçador
Avisando do perigo
Daquele monstro comedor.
Era terrível e fatal
O gemido ensurdecedor.

No fim do século Dezoito
Frei Clemente começou
Na Lapa as Santas Missões
O canto ele amaldiçoou,
Pois era da serpente
Que o próprio cão iniciou.

O pobre frade reconhecia
O canto da serpente alada,
Que se preparava para
A população assombrada
Devorar de uma vez,
Dando só uma bocada.

Desse vôo primeiro que
Seria assustador e mortal
Não ia sobrar um vivente
Seja gente ou animal,
Tudo ia virar comida
Desse horrível ser bestial.

O padre então teve
De Nossa Senhora a visão
E disse a todos
Ter encontrado a solução,
Pois a Mãe de Jesus
Ia fazer a interseção.

A Santa só pediu que
A partir daquela hora
Todos começassem a rezar o
Ofício de Nossa Senhora,
Só assim o encanto
Da serpente ia embora.

Foi como aconteceu
A cada oficio rezado
Uma pena caia
E seu lugar era sarado,
Outra não nascia e no fim,
O encanto tava acabado.

Para cada pena, da
Tal serpente que caía,
Outra pena no lugar
Nascer não podia e nem ia.
Era o poder da súplica
Que diante do mal, vencia.

Muito ofício foi rezado,
Milhares de orações
Subiu pro céu e Deus ouviu
O choro dos corações.
Com a interseção da Virgem
Acabou as maldições.

A miserável da serpente
Já sem ter nenhum pena,
Ficou frágil e também
Muito, muito pequena,
Morrendo de furor, virada
Num’a gota serena.

Essa história mostra
Muito bem meu cidadão
O que pode fazer
O puder da oração,
Enquanto houver Deus
Não tem lugar pro cão.

Mais uma lenda
Aqui então lhes contei
Pra além de alegrar,
Fazer que vois miceis
Venha saber que
Esse nosso povo tem vez.

Câmara Cascudo
Esse bom brasileiro
Deixou tudo bem escrito
Conhecendo por inteiro
As histórias do meu povo
Escreveu bem certeiro.

Por isso se o bicho
Da curiosidade morder
Procure os livros do mestre,
Correndo comece a ler.
E o valor do nosso Brasil
Você vai bem aprender.

Aqui findo mais uma
Gostosa e boa aventura
Sem nem esquecer
Dessa nossa vida dura
E de como é bom
Cultivar nossa cultura.


"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!"