domingo, 18 de março de 2012

José Acaci, Um Poeta Educador !



Quanto mais tenho contato com a genialidade dos poetas populares do Brasil, mais me convenço que, embora a grande mídia não aceite, esse país está desenvolvendo culturalmente sim. A nossa verdadeira cultura tupiniquim pouco a pouco tá chegando e conquistando o seu lugar.

E é com esse sentimento que o “A Arte Do Meu Povo” homenageia, com muito orgulho, um dos incentivadores da utilização do cordel na educação nordestina. Poeta José Acaci(genial)...



“Vice-Presidente da Academia de Letras de Parnamirim/RN, José Acaci é professor, compositor, e poeta cordelista. Nascido em Macaíba/RN, herdou do pai, Chagas Ramalho, o dom e a paixão pela literatura de cordel, e da mãe, Dona Mariquinha, a sabedoria e a garra e para enfrentar as batalhas da vida sempre sorrindo.

O seu primeiro livro foi Histórias de Rio pequeno- Uma Viagem Poética sobre a História de Parnamirim”, Autor também dos CD’s Cordas e Cordéis e “Do Cordel à Embolada” e de mais de sessenta folhetos de literatura de cordel, Acaci lança agora a segunda edição de Conselhos Pra Juventude.



Desde 2006 o poeta trabalha no projeto O Uso do Cordel na Sala de Aula, que é aplicado em Escolas Municipais do Município de Parnamirim, no qual ele leva o incentivo à leitura, o estudo e a valorização do meio ambiente, o conhecimento da cultura nordestina, e a importância dos valores humanos e sociais através da literatura de cordel.

Semestralmente participa da Semana BNB de Oficinas Culturais. Projeto que leva às cidades do interior do Rio Grande do Norte, oficinas de Teatro, Rádio, Vídeo, Fotografia, Produção de Projetos e Literatura de Cordel. O projeto já foi aplicado nas cidades de Santa Cruz do Inharé, Sítio Novo, Parnamirim, Angicos e Caiçara do Norte.



Acaci é Membro da SPVA _ Sociedade dos Poetas Vivos a Afins do RN, e pela sua contribuição à cultura potiguar, já recebeu muitas homenagens de escolas públicas do RN, do SESC/RN e da Aliança Francesa, além dos títulos:

Mérito Cultural Luiz da Câmara Cascudo, concedido pela Academia Caxambuense de Letras/MG;

Mérito Poético Olegário Mariano, pela Sociedade Brasileira de Dentistas Escritores e,

Consul Poeta Del Mundo, pela Organização Internacional Poetas Del Mundo, com sede no Chile.




Acaci é um apaixonado pela arte, que sonha com uma educação de resultados e uma sociedade mais justa e consciente dos seus deveres e responsabilidades com o futuro do lugar onde vive."



Agora você terá o prazer de conhecer um pouco do grande talento do POETA José Acaci:



O DIREITO ROMANO

Recebi um desafio
de um velho camarada
que eu fiquei duvidoso
se topava essa empreitada:
Pensar num texto em cordel
e escrever no papel
sem cometer um engano,
ser bastante categórico
e escrever um breve histórico
sobre o Direito Romano.

Para escrever esses versos,
eu busquei inspiração
num texto tão bem escrito
que me chamou atenção
pelo seu ensinamento
de que oitenta por cento
dos artigos que se explana,
foram confeccionados
formulados e estudados
direto da Lei Romana.

Foi Flávia Lages de Castro
quem me chamou atenção,
que os principais fundamentos
do direito em discussão,
têm fundamento na história
de Roma, que em sua glória,
nos deu os contra e os pós,
e o texto dela retoma
que a história de Roma
é também de todos nós.

Dos três períodos da história,
chamo atenção com firmeza
para o primeiro período,
que foi o da realeza.
O rei, com poder total,
lá no seu trono real,
comandava esse cenário,
do civil ao militar,
a igreja do lugar,
e até o judiciário.

Já o segundo período
se chama republicano,
quando o senado perdeu
o seu poder soberano.
Foi quando os magistrados
passaram a ser indicados
cada qual com sua função,
como cônsules pretores,
e os edis que eram sensores
nos problemas da nação.

E seguindo essa sequência
veio o período do império,
que em relação a história,
foi um tempo muito sério.
Tempo de muito rigor,
no qual o imperador
tinha o dom de comandar
e influir no cenário,
no poder judiciário,
no civil e o militar.



A história é associada
ao Direito Romano
desde a sua fundação
até o Justiniano.
Que já no século seis
mostrou a hora e a vez
de definir novo pleito,
e buscou a direção
para a consolidação
do Estado de Direito.

O Estado de Direito
fundamentava a semente
de cada um ter o seu,
e viver honestamente.
Sem lesar o companheiro,
nem roubar o seu parceiro ,
que acaso fosse seu sócio,
pra evitar desafetos,
e dar os passos corretos
pra existir um negócio.

Eis que o Direito Romano
dividiu-se em três momentos,
que eu vou tentar explicá-los
dando os encaminhamentos:
O arcaico era o primeiro,
que tinha no seu roteiro
os vários ritualismos,
e a família como centro
do poder e sempre dentro
de todos os formalismos.

Veio o período clássico,
e durante esse momento
o direito teve o auge
do seu desenvolvimento.
Aí aparecem vultos
chamados jurisconsultos,
e a figura dos pretores,
e os artigos pensados
foram pré-organizados
por aqueles pensadores.

Já o período pós-clássico
deve ficar na memória,
e deve ficar marcado
para sempre na história
pela nova discussão
e a codificação
das leis que foram criadas,
e foram tendo reformas
e ganhando novas formas
pra hoje serem aplicadas.

Eis que o Direito Romano
trouxe novos horizontes
pra nossa sociedade,
e ele tem como fontes
os atos processuais,
e lhe acrescento mais,
costumes e plebiscitos,
dos plebeus antepassados
e os atos dos magistrados
que eram chamados editos.

Também quero acrescentar
a ação dos senadores
cujas deliberações
guiavam os imperadores.
Era o Senatus-Consultus,
que junto aos jurisconsultos
com suas opiniões,
ditaram de frase em frase,
e assim formularam a base
para as constituições.

Eu vou terminando aqui
botando em primeiro plano
a importância do estudo
sobre o Direito Romano.
Que esse cordel seja um prumo
pra que você tenha um rumo
e lhe sirva como guia,
se acaso tenha gostado,
lhe digo muito obrigado,
adeus, até outro dia.



SER HONESTO NO BRASIL É INCONSTITUCIONAL


Quando um político é eleito
pra defender seu mandato,
logo no primeiro ato
tudo é bonito e perfeito.
Diz que é um homem direito,
se agarra à Constituição
e jura a toda nação
que é um homem honesto,
deixando ali seu protesto
contra a corrupção.

Mas a negociação
já está a passos largos
pelas mudanças de cargos...
E adeus Constituição.
É um fazendo pressão,
e outro querendo propina.

Tudo por trás da cortina
ou por debaixo do pano.
Entra ano e chega ano
e a coisa vira rotina.
Há poucos meses atrás
só não ouviu quem não quis,
que esse nosso país
estava com todo gás.

Arrecadando bem mais
que muitos outros países,
e que as novas diretrizes
que nunca antes se viu,
deixaram nosso Brasil
imune a todas as crises.
Mas crise é só o que avança
aqui na nossa nação:
tem crise na educação,
tem crise na segurança,
na saúde da criança,
nos leitos dos hospitais,
nas estradas federais,
nos transportes e nos portos,

crise nos aeroportos,
e escolas municipais.
Os políticos se escondendo
por trás da imunidade,
e o jogo da impunidade
nosso país ta perdendo,
e quem tem olho ta vendo
a crise na juventude
e o crack, de forma rude,
destruindo nossos lares,
e os nossos parlamentares
sem tomar uma atitude.



Tem crise nos bastidores
desses hospitais lotados.
Brasileiros humilhados,
jogados nos corredores.
E no excesso de assessores
desse político ladrão,
esse mesmo cidadão
que num primeiro momento
fez um belo juramento
ante a Constituição.

Uma nova lei foi criada
pra não deixar eleger
e não botar no poder
quem fizesse coisa errada.
Mas a nossa pátria amada
foi vítima de um novo ato,
que nos mostrou o retrato
dessa turma que garimpa:
nossa lei da ficha limpa
ficou pra outro mandato.

Com tanta politicagem,
tanto roubo, safadeza,
falcatrua, esperteza,
extorsão e malandragem,
só falta vir a mensagem
do Senado Federal,
que nesse tempo atual,
de uma maneira sutil,
ser honesto no Brasil
é inconstitucional.




Nessa Vida, Quem Pega o Bonde Errado/ Vai Parar na Estação do Desengano


Eu já tive uma esposa querida,
A mulher que me fazia feliz,
Foi tão grande a besteira que eu fiz
Que perdi o amor da minha vida.
Tive um caso com uma mulher fingida
E assim fui entrando pelo cano,
Deixar minha mulher foi um engano,
Hoje choro lembrando do passado,
Nesta vida, quem pega o bonde errado,
Vai parar na estação do desengano.

Quem se perde no caminho do vício,
Na maconha, no crack, ou na cachaça,
Tem a vida jogada na desgraça,
É sujeito a cair num precipício.
Diga “não” para a droga no início,
Antes que você entre pelo cano,
Pois ela degenera o ser humano,
E o transforma em um pobre coitado,
Nesta vida, quem pega o bonde errado,
Vai parar na estação do desengano.




A IMPORTÂNCIA REAL DO PROFESSOR


Se você é um bom advogado,
se é juiz, ou se é um engenheiro,
se hoje você tem muito dinheiro,
deve ter estudado pra danado.
Parabéns por você ter alcançado,
pois merece essa honra com louvor,
não esqueça que antes de ser doutor,
você foi um aluno no passado.
Eu só quero que fique registrado
a importância real do professor.

Professor que acorda sempre cedo,
pra chegar sempre no horário certo,
sua vida é como um livro aberto,
sua história tem sempre um grande enredo.
Se adoece ele chega a sentir medo
de não poder mostrar o seu valor,
pede a Deus para livrá-lo da dor,
pra na sala outra vez ser abraçado.
Eu só quero que fique registrado
a importância real do professor.

No trabalho incessante mete o peito,
Descobrindo maneiras de ensinar,
Está sempre disposto a explicar,
E explica sempre de um novo jeito,
Pra falar dele, eu sei que sou suspeito,
Mas eu quero gozar este sabor,
De cantar para o mundo seu valor,
E dizer que de amor ele é cercado,
Eu só quero que fique registrado
A importância real do professor.

Se na sua labuta ele se cansa,
Pede a Deus que lhe dê mais energia,
Mais saúde e mais sabedoria,
E nessa caminhada ele avança.
Sua própria história se entrança,
Com a história do bravo lutador,
Enalteço seu nome e seu valor,
E lhe digo: “És um bem aventurado”.
Eu só quero que fique registrado
a importância real do professor.






As informações aqui contidas foram encontradas através de pesquisa e tendo como fontes os sites: http://espacodocordel.blogspot.com/2011/11/biografia-de-jose-acaci.html e também http://www.recantodasletras.com.br/cordel/1706950 . Convido você a fazer uma visita a estes sites, tenho certeza que irá gostar muito.



"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!!"

quinta-feira, 8 de março de 2012

Um Poeta Do Tamanho Da Amazônia, Celdo Braga!

Faz uns meses que chegou em minhas mãos uns Cds(na realidade 3) de um grupo que faz música regional em Manaus, através do meu amigo e cunhado professor Clédson Ponce.

Assim que ouvi, me apaixonei com a qualidade, poesia, sensibilidade do grupo e em especial desse poeta/compositor que o “A Arte Do Meu Povo” homenageia agora.

É bonito demais ver a nossa verdadeira cultura sendo feita e apresentada por pessoas como o grupo IMBAÚBA, que em outra oportunidade também estará aquis endo homenageado como mais detalhes.






Neste momento o “A Arte Do Meu Povo” mostra pra você, a brasilidade, brasileira do Brasil através da arte e poesia desse grande representante da nossa cultura verde Amazonia e imponente Amazonas, Poeta Celdo Braga.

As informações aqui contidas foram encontradas, através de pesquisa no site: http://www.carlosbranco.jor.br/poesiasceb.html . Mas muitos outros sites trazem informações sobre o trabalho desse grande poeta brasileiro.




Faça uma visita ao site http://www.imbauba.art.br/


Para você um pouco do Poeta Celdo Braga...




Celdo Braga é amazonense (benjaminense de coração), nascido em setembro de 1952. Professor, músico e poeta, já publicou quatro livros de poemas. Entre eles, Mito x Realidade e Cordel Verde e Água e Farinha. Outros o fez em parceria com Eliberto Barroncas.

Radicado em Manaus há mais de 15 anos, desde dos tempos de Benjamin Constant já era ligado à literatura e à música. Aliás, tem formação em Letras e lidera o grupo de música regional Raízes Caboclas. É mais um autor da nova geração amazonense.”




Sinta um pouco da força da poesia desse grande brasileiro amazonense:


Amazonas

O rio banha de luz
murmureja e vai seguindo
de porto em porto esculpindo
as margens do seu destino.

Destino de ser caminho
de ser barco e navegante
de ser leme e comandante
do seu próprio caminhar.

Canaranas matupás
membecas e murerus
são ilhas de arribação
no regime das enchentes.

Nas vazantes borda praia
onde o rito da desova
aninha nos tabuleiros
tartarugas tracajás.

E no ciclo das areais
a vida eclode apressada
pra ser de novo tocada
pelo compasso do rio.

Quantas vezes esse rio
brincou comigo de pira
lavou roupas nas beiradas
foi a fonte do meu pão...

Em silêncio e solitário
vai vencendo desafios
se envereda em paranás
bebe a água de outros rios.

Guarda os segredos dos lagos
se embrenha nos igapós
sabe notícia da mata
na boca do igarapé.

Ao desfolhar a paisagem
das matas já distantes
dos primeiros navegantes
acordando o seu silêncio.

O rio acende memórias
de lendas de encantamento
e fragmentos de mistérios
que borbulham do seu leito.

Carrega todos os sonhos
do olhar das ribanceiras
que se enche de esperança
ao ver o barco passar.

Sempre que um gesto impensado
tolda as águas mancha a vida
o rio geme lá no fundo
a ferida que já sangra.

O sol míngua no poente
brisa mansa maresia
o rio se esquiva e dorme
em noturna romaria.

No amanhecer inda brilha
a luz dos últimos astros
que a noite se banharam
no firmamento do rio.

rio de saber, santuário
onde os pajés os sacacas
em mirações milenares
beberam da sua luz.

luz de versos que caminham
alumiando os barrancos
que choram terras caídas
à procura de outro chão.

Com jeito de cobra-grande
o rio das águas barrentas
rumo leste busca o mar
talvez para se perder
talvez para se encontrar.




Canoa

Tronco escavado
a ferro e fogo
que ganha nas águas
o prumo da quilha
o destino da proa
Um toque de arte
um ciclo de vida
uma nave cabocla -
CANOA



Lendaridade

A flor da vitória-régia
é branca ao amanhecer
cor-de-rosa pela tarde
lilás, ao anoitecer
Mas quando tudo serena
a flor se torna morena
repete o rito da lenda
mergulha para morrer



Identidade

Toda vez que ouço o rio
deslizando lentamente
em busca do mar
Ouço o eco da saudade
dos meus pais
dos meus avós
ressoando em mim...
Minha parte nordestina
querendo voltar
Mas ao entrar na canoa
uma voz bem lá do fundo
soa, dizendo não vá
É o som de todas as tribos
tamborilando meu peito...
Minha parte índia
querendo ficar
Daí olhando pro rio
com sede de identidade
entendo que na vontade
de partir e de ficar
o meu ser caboco é
o encontro de duas águas
metade rio, metade mar



"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!"