terça-feira, 15 de novembro de 2011

Cordelista José Augusto E A Sua Corda De Cordel

Hoje o “A Arte Do Meu Povo”, tem o prazer de apresentar para você o Poeta-cordelista


José Augusto, riograndense dos bons e poeta popular de mão cheia, Augusto é um incentivador da nossa cultura popular nordestina.




Com você...

"José Augusto Araújo da Silva é poeta-cordelista e professor da rede estadual/RN. Nasceu em Patu, mas sempre viveu em Belém do Brejo do Cruz-PB, até se mudar para Mossoró em 1995. É Teólogo, é Bacharel em Direito e cursou Letras até o 7° período. Publicou seus primeiros cordéis em 2007, e, desde então, não parou mais. Em 2008, idealizou e inaugurou a Cordelteca Poeta Luiz Campos na Escola Estadual Prof. José Nogueira; em 2010 colaborou para a criação da Cordelteca Poeta Crispiniano Neto na Escola Estadual Prof. Eliseu Viana. José Augusto já publicou vários cordéis. Entre eles está o cordel “Novo Acordo Ortográfico” que foi premiado pelo Ministério da Cultura, através do Prêmio Patativa do Assaré – Edital 2010. Também em 2010 participou na cidade de Barbalha-CE, de um encontro de poetas promovido pela Organização das Nações Unidas-ONU para produzir o Relatório de Desenvolvimento Humano no Brasil no formato de cordel.E em 2011 foi classificado para participar do 2° Concurso de Literatura de Cordel de Caruaru realizado pela Academia Bresileira de Literatura de Cordel-ABLC."

Parabéns poeta e continue nessa nossa boa-luta pela valorização da nossa brasilidade, brasileira do Brasil.
Se quiser conhecer mais sobre o poeta José Augusto e também sobre notícias de e do cordel, conheça o blog "Uma Corda De Cordel" através do endereço: http://cordeljoseaugusto.blogspot.com/

"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!!!"

domingo, 13 de novembro de 2011

Maria Encantada




Para não ficar muito tempo sem postar no "A Arte Do Meu Povo", aqui está a minha última criação, uma viajem mistica pelo mundo das cidades do interior do Nordeste brasileiro.
Prometo,assim que a minha vida voltar ao normal, retornarei com toda força a alimentar o blog com o que há de melhor na nossa cultura brasileira do Brasil.


Maria Encantada
Nivaldo Cruz – outubro de 2011




Bem lá em cima, no céu
Eu ví Maria avuá
Sem asa, sem avião,
Sem ter onde ela pegá.
Maria tava encantada,
Não era pra duvidá.

Tudo cumeçô um dia
Quando ela viu, ele chegá
Era um moço bem vistoso
Nunca visto naquele lugá,
Era genti diferenti,
Já paudia disconfiá.

O moço veio , chegô
E foi pra igreja rezar.
A curiosidade tomô conta
Di todos daquele locá,
Principalmente Maria, qui
Cumeçô se apaixoná.

Seria ele um padre novo?
Porque padre José tá idoso.
Ou tava era fugindo,
Podia ser um criminoso.
Ele podia ser um tudo
Duvidar num era custoso.

Maria era moça nova,
Bunita e sonhadora,
Acreditava nos romance
Que lia a professora
E das histórias de cordel
Também era admiradora.

Vivia num mundo,
Cheio de fantasia e encanto,
De Principes, plebeus, reis,
Anjo, querubim e santo.
De palácios, tronos, reino,
Coroas, cedro e manto.

Desde pequena,
Ela vivia era assim,
Sabia de cor as histórias,
Contava tim tim por tim tim,
Cada vírgula, cada ponto,
Cada meio e cada fim.

A maioria das pessoas
Achavam ela diferente,
Gente estranha, gente de casa,
Dsconhecido e parente.
Todo mundo dizia que a moça
Não vivia no mundo da gente.

Só o seu padrinho de pia,
A entendia perfeitamente,
Por isso era o seu
Grande amigo e confidente.
Só ele sabia o que se passava
Na cabeça daquela adolescente.

Dimdim Patricio,
Era um homem letrado
O único naquela região
Por isso bem respeitado,
Ele via na sua afilhada
Um ser privilegiado.

-Essa menina é um
Verdadeiro encanto!
Exclamava admirado
Por todo e qualquer canto,
E a sua admiração
Causava muito espanto.

Pois naquele lugar
Ninguém pensava igual,
Para todo mundo alí,
A menina era uma anormal,
Nada tinha de admirável
Nem se quer de natural.

Se não fosse a tão
Grande admiração e respeito
Pelo homem educado,
Todos achariam um jeito
De enternar a coitada pois
O estado de loura era avançado.

Essa era a opinião
Do povo em geral,
Até os pais da menina
Pensavam de jeito igual,
Achavam que o compadre
Também sofria dealg um mal.

A menina Maria
Via o mundo diferente,
Pelo seu ponto de vista
A maldade tava ausente
E o mundo lhe dava
Tudo, tudo de presente.

Não era ambiciosa
Tudo a contentava
Se tinha, era bom!
Se não tinha, não ligava.
O seu mundo maravilhoso
Sempre belo continuava.

Maria desde pequena
Tinha um prescentimento
Que do céu alguém olhava
Lhe dando contentaento.
Tinah essa certeza
Que batia cem por cento.

Tava olhando sim,
Era a certeza de Maria,
Isso era presente
Toda hora, todo dia
E a cada momento,
Bem mais forte sentia.

O que era aquilo,
Ela não sabia falar,
Só sabia que era bom
E que a certeza ia aumentar
Até que um belo dia
Essa coisa ia chegar.

Ela sabia que a tal coisa
Do céu ia descer
Que um dia na frente dela
Ele iria aparecer e
Naquele momento
Tudo ia esclarecer.

Maria cresceu,
O tempo passou
E a certeza dela
Só aumentou,
Tudo isso só
Ao padrinho confidenciou.

Numa noite enluarada,
Bem bonita do sertão.
Aconteceu algo no céu
Que chamou a atenção
Da moça Maria e
De mais ninguém nesse chão.

Da janela do quarto,
Maria pro céu olhava,
Quando percebeu que
Alguma coisa mudava.
Uma estrela agitada,
Para a moça dançava.

E nessa dança, das outras
A estrela desprendeu
E tava vindo para a terra
Como acontecia no sonho seu,
Era chegado o momento,
Foi o que ela percebeu.

A estrela veio, veio
Até que Maria pode ver,
Ela caiu bem alí
Pros lados do amanhecer,
Daqui a pouco ela vem
Bem aqui para min ver.

Maria pensou, e outra não deu
Quando a barra do dia raiou
Já tava aquele escarcéu
Por causa doe stranho que chegou
E foi para a igreja matriz
Lá entrou e se trancou.

Todo mundo saber
Mais informações queria,
Mas só a aluada Maria
Só e somente ela sabia,
Quem era aquele
E o que ele lhe trazia.

Na praça da matriz
Estava toda a multidão,
A cidade estava alí,
Todo mundo de prontidão,
Para saber quem era
Aquele diferente cidadão.

Derepente a porta da igreja
Se abriu de uma vez só
De lá saiu uma luz forte que
Cegava que nem o sol,
No meio dela um rapaz que
Num parecia vindo do pó.

Olhou no meio d a multidão
A jovem Maria, lá reconheceu
Foi até ela, sem em ninguém tocar
O povo não acreditou no que aconteceu,
Chegando perto dela, ele
A abraçou e um beijo lhe deu.

Maria começou a brilhar
Do chão subiu, levantou
Para o céu foi voar.
Essa é a história doutor
Da Maria encantada,
Pode espalhar por favor.

sábado, 22 de outubro de 2011

Quero Muito Bem Querido



Esses dias, escutando o grande poeta Jessier Quirino, resolví fazer uma poesia inspirado no seu jeito único de verserjar.
Longe de mim chegar aos pés do mestre, porém, a vontade veio e acabei compondo esse trabalho que segue abaixo.
Devo acrescentar que não faz parte do meu estilo, como quem me conhece sabe. Por isso mesmo, faço questão de coloca-la aqui no "A ARTE DO MEU POVO".
Com vocês...

Quero muito bem querido
Nivaldo Cruz - 2011


Quero ver o verdejar
Do belo amanhecer,
revigorar as forças
Do nosso entardecer.

Quero ver o orvalhar
Das folhas da campina,
Molhar a Selva de Pedra
Que se vê lá da esquina.

Sentir o bom perfume
Das flores nossas e nuas,
Invadindo todas as casas
Dos Becos de suas Ruas.

Quero ver o sabor
Da Roça saboreado,
Nos quatro cantos
Por quem é alimentado.

Sentir a simplicidade,
Muito bem matutada,
Em cada ato na dita
Cidade “civilizada”,

A humildade chegando,
Devagar e humildemente,
E em cada canto
Se fazendo bem presente.

Quero todo o mundo,
Muito do bem mundiado,
Vivendo poeticamente
Sem precisar ser remediado.

domingo, 9 de outubro de 2011

Tristezas Di Cantadô



Olha aqui, mais uma do livro “Istóras di Cantadô”. Espero que gostem!

Tristezas Di Cantadô
Nivaldo Cruz – 1992


Cuma cantadô di viola
Eu posso cuntá procêis agora
Du meu sertão munthas istóra,
Istóras bunitas qui num
Ixiste mais agora.
I inté istóras di fechá os zoio
Di Nossa Sin´ora.
Cuntá causo de rachá u chão,
De muntho coroné qui tin´a
Coisa cum Cramunhão.
Cuntá todos ABC du Virgulino capitão,
Héroi du meu sertão
I bandidu pras puliça,
Lampião.
Causo dus macaco borrão,
Us cabra qui intrava nas força
Prumode passá pur machão.
Das donzela fogosa du Chapadão,
Dus revortado di 25 inté
Du anu di 30 na rivulução.
Causo de muntho sertanejo verdadêro,
Qui lutô junto di Anton´i Conseiêro.
Óia seu dotô, meu sertão,
Já foi rico de istóra,
Mas tudo se acabô agora,
Muntha gente debandô pru sur
I us qui ficáro só trabaia pru mode cumê.
Agora ispia voismicê,
Dispois di tanta aligria
Meu sertão ficô a mercê.
Só ficô nois cantadô,
Prumode relembrá us ABC.



“E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!!”

sábado, 24 de setembro de 2011

Precupação Di Um Matuto

O “A Arte Do Meu Povo”, volta com a série Istóras Di Cantadô. Livro que escreví em 1992, através do SOS-Movimento Editorial Alternativo, um projeto do saudoso mestre Manoel de Christo Planzo.Espero que você goste.





Precupação De Um Matuto (Nivaldo Cruz-1992)



Óia, seu moço
Qui mi nasceu
Um caroço
Na artura da bunda,
O danado coça qui só!
Já min disséro q´era treis sor.
Duvido, pru que nunca ví
Treis sor nesse lugá,
Mais Cuma tudo tá mudado
Tem`io medo de duvidá,
Já tem cabra cortano us troço
Pru mode mulé virá,
Já tem mininu nasceno in garrafa
Sem di mãe pricisá.
U mundo tá todo virado,
Nois num sabe adonde tá.
Só sei, qui nois só faiz
U qui us gringo mandá,
Só sei, qui tem póbe morreno,
Pru mode us grande inrricá.
Só sei, qui tem mininu cum fome,
Nas rua sem tê adonde morá.
I u meu caroço num para de coçá!
Tem um cumpadi meu, diputado
Qui roba tanto, qui num tem
Mais adonde butá.
Já tem aqui no arraiá,
U Chico Lumbriga,
Qui si num achá din´êro prus remédio
As verme vão matá.
Achu mió percurá
Um dotô na capitá
Pru meu caroço curá.
I a situação dus povo,
Dêxo nas mão di Deus,
Só ele pode ajustá.



“E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!”

sábado, 17 de setembro de 2011

O Lobisomem E O Coronel

Dando uma pequena pausa na série “Istóras di Cantadô”, o A Arte Do Meu Povo, homenageia o trabalho maravilhoso de Ítalo Cajueiro, Elvis Kleber e toda equipe da Exemplus Filmes, através do curta-metragem , “O Lobisomem e o Coronel”.




Não se tem maiores detalhes sobre esse maravilhoso trabalho. Por isso, quem possuir alguma informação sobre ele, ou sobre os seus autores por favor pode enviar, que será um prazer falar mais de coisa tão boa.
É a nossa cultura popular através das novas ferramentas da comunicação. Nem tão novas, mas diferentes de onde estamos acostumados a ver a nossa boa cultura nordestina.
Mais uma vez: Parabéns Ítalo!! Parabéns Kleber! Parabéns a todos os apaixonados pela nossa brasilidade, brasileira do Brasil.


“E VIVA A ARTE DO MEU POVO!”

sábado, 10 de setembro de 2011

Fío Du Chão

Continua a série “Istóras Di Cantadô”, no A Arte Do Meu Povo. Como já disse, é um livro escrito por mim e editado pelo SOS – Movimento Editorial Alternativo, do saudoso mestre Manoel de Christo Planzo, no ano de 1992. Espero que goste de mais essa istóra.





Fío Du Chão
(Nivaldo Cruz – 1992)


Óia dona moça,
Eu tô vino du sertão,
Tô vino pra viver,
Mas eu sô fío du chão.
Na min´a terra
U sor mata min´a gente,
Acaba cum as prantação,
U sor é pai du fogo
I eu, fío du chão.
Nu peito trago umá dô,
Acho qui é sardade dus irmão.
Sabe dona moça?
Quano eu era piquenu,
Num quiria tê patrão.
Mas ôje pru mode
Num morrê di fome,
Min intrego a iscravidão.
Eu trabaio nessa construção,
Mas na verdade eu sô mermo
É fio du chão.


"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!"

domingo, 4 de setembro de 2011

Arrependimento do Caatinguêro

Aqui no "A arte Do Meu Povo", mais uma postagem originada do livro “ Istóras Di Cantadô”.Pode fazer suas críticas, elas serão bem vindas e necessárias para o crescimento desse cabra "ozado" metido a poeta e escritor.
Desde já, só tenho a agradecer a sua visita. Muito obrigado mesmo!!!!!




Arrependimento do Caatinguêro
Nivaldo Cruz – Istóras di Cantadô(1992)



Tô cum sardade da min´a terra natá,
Pru que lá
Eu tem´io duas vaca magra no currá,
Tamém um´a mulé i deiz fio pá criá.
Meu branco, mi dêxa vortá!

Eu quero distocá pasto
I capiná quintá.

Num posso ficá aqui nu sú,
Num sei cortá cana i
Nem ser iscravo de bacana,
Isso é coisa pá tu.

Eu nasci caatinguêro
In preno mêis di feverêro,
Ô foi janêro, num sei.
Quero é vortá pu meu lugá
I vivê min´a lei.

Vortá pu meu pedacim di chão,
Donde sô rei i irmão.
Qui sodade meu branco, du meu sertão.
Das istóra de Lampião,
Dus mandacarú, dus lagêdo,
Das nôthe di são juão.

Eu num posso morrê aqui seu moço,
Tên´io de vê min´a famía,
Sabê nutiça da min´a mulé Maria.
Óia homi, era tudo q´eu quiria.

Acho qui Deus me castigô,
Pru tê pirdido a fé in Nosso Senhô,
Tamém dotô pirdi meu pai, min´a mãe e dois fie
Pu causa da seca infiliz.

Intão fugi pra cá atrais di coisa mió.
Incima du pau de arara,
No camin cumi muntho pó,
Óia! eu acho qui virei cabra frôxo,
I tudo invés de ficá mió, ficô pió.
Pra distraí mermo, só us forró.

Lá nois bebe da danada,
Qui dêxa a cabeça aliviada
Inté a óra di vumitá.
Meu branco mi dêxa vortá,
Pra min´a terra natá!


"E VIVA A ARTE DOMEU POVO!"

sábado, 20 de agosto de 2011

Rita

No A Arte Du Meu Povo, mais um causo do livro “Istóras di Cantadô!” de 1992. Espero, de novo, que você goste.
Só pra lembrar o texto está escrito errado de propósito, pois, a intenção é conservar o linguajar puro, que o povo da roça, infelizmente, vem perdendo.






Rita
(Nivaldo Cruz – 1992)


Êhh, Rita!!
Quem cuin´ece Rita
Sabe cuma ela é bunita,
Nu forró todo mundo se agita
Cuns chamêgo da dindita
Qui é fia de Pêdo cum Anita.
U Zé di Mara
Quano vê ela
Invermeia a cara,
Doca di Bino
Num fica atrais,
Vira um mininu
Qui nem o Crispino,
Qui é fie du Tumáis.
Dêxa eu vê se tem mais...
Tem u fie de Orora,
Qui isquicí u nome agora,
Mais é doido pur Clarita,
Só inté vê Rita
Pruque dispois ele se excita.

Ahh! Cum Rita
Num tem quem risista,
Nem mermo us artista,
Daqueles qui sai nas novela di rivista.
Imagine seu moço
U maió arvoroço,
Qui num chega nem nus péis
Da quantidade de Zéis,
Doidin´us pru mode namorá cum Rita,
Todo dia tem uns deiz,
Us ôto, eu nem conto
Se fô contá di um in um
Fico cum us zói vesgo e tonto.
A beleza di Rita é tanta
Qui si cumpara na primavera
A mais bela pranta,
Ô si diz frô?
U seu xêro, ô mió odô
Tem a cara du pecado
Apilidado de amô.

Ehhh Rita, Rita!!!
Seus zóios pareci pipita,
Dumingo na ora du armoço
Incontrei um moço,
Cum a língua abaxo du pescoço,
Pruque perdeu a fita
Qui ia dá pra fia de Anita,
I tamém Juvita
Vremeia de raiva,
Du chamêgo di Rita cum seu Paiva,
Faladu ni todo puvuado,
Mermo seu Paiva
Baxo, fêio e avermeiado.
U povo num dêxa ninguém im paiz, coitado.
I Tôn´i qui tava di casamento marcado,
Acabô tudo, paricia infetiçado,
Si dizia pur Rita apaxonado,
Ôje u danado anda amufinado.
Pur falá ni finado
Me alembro du Bernado,
Ôje tá morto
Mais foi pur Rita u único paquerado.

Tudo que si fala di Rita,
Ôje é pôco,
Pruque ela ainda é um´a minina
As veiz si pareci Karulina,
Aquela du Rei Gonzaga.
Rita é
Dus homi a saga,
Das muié a praga,
Da beleza a fada.
Afrodite du sertão,
Rain´a du São Juão,
Rita iluquece inté irmão.
Pra iscapá du fetiço di rita,
Tem qui cegá us zói
Ô amargá u coração.
Beleza iguá nunca si izistiu
I num vai iziztí ni nin´uma
U jeito di Rita
É di pura traição
Sua voiz tem tentação.
Donde ela passa
Cala Assum, cala Cancão
Cala Asa Branca
Frorece u chão.

Rita, Ritita
Cuma chamava u purtuguês Manuel
Qui jurô a primera veiz qui viu ela,
Qui tava nu céu.
Vô pará puraqui
Si voismicê qué cun´incê Rita
Pegue um pôco di mé
Féche us zóio
Se dêthe num´a rede
Ni quarqué litorá
i reze cum toda fé
Qui voismicê tivé.

"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!"

domingo, 14 de agosto de 2011

Irritação Di Cantadô

Seguindo com a série de causos contidos no livro “Istóras de Cantadô” de 1992, o A Arte Do Meu Povo, apresenta Irritação di Cantadô.
Mais uma vez, explico que o texto foi escrito errado de propósito. Pois, houve uma preocupação em tentar manter a beleza pura e simples do falar do catingueiro.Beleza essa, que vem se perdendo no tempo como resultado negativo dessa globalização vigente.
Espero que aprecie, comente, faça suas críticas.






Irritação di Cantadô
Nivaldo Cruz - 1992



Dia seu dotô...
Vô mi apresentá pru sin´ô
Sô cantadô di istóra,
Sô bom di gogó,
Sô bom di viola,
Mais istóra qui nem essa
Nunca ví não.
Foi nu anu de 30
Dispois da rivolução,
Um tá di Gertulho,
Matô meu sertão,
Dizarmô min´a genti,
Si dizeno tê bom coração.
Mais dispois prendeu
Us cabra valenti,
Matô us mió coroné,
Dexô meu povo sem líde
Dexô tudo ao lé.
Us livro di istóra
Cuntá isso num qué,
Prumode u prestijo du dito
Num saí du papé.
Mais eu cuma nordestino
Ten´io qui cuntá,
Pruque sujêra di cabra froxo
Num dá pá guentá.
Ten´io sague na testa.
I u pun´iá qui mi resta
Inda sei manuziá,
Si arguém achô rum´i
Vem cá cumigo brigá.
Mi adescurpe seu moço,
Mais essas coisa
Mi dói u zosso
I eu ten`io qui falá.
Vô dizê prus sin´ôres
us nome dus coroné
Prezus i injustiçadus:
Tin´a u coroné Orácio da Chapada,
Frankrin Lins du Pilão Arcado,
Inda tin´amuntha genti na farra,
Juão Duque di Carinhãnha,
Marcionílo di Maracás
I Cirilu da Barra.
Mais tudo num para aí,
Inda Iluqueceu
U coroné Godim di Andaraí.
Vô ficá puraqui,
Sinão nois vara u dia
I eu ten´io qui í.


Obs.: Inspirada na história verídica relatada no capítuloXX, do livro “ Jagunços e Herois! Do escritor Walfrido Moraes, que teve sua 1ª edição no ano de 1964.

"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!"

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Istóras Di Cantadô I


Amigas e amigos, em 1992 escrevi e editei um livro intitulado ISTÓRAS DI CANTADÔ, que se esgotou com uma certa rapidez. Como fiz uma promessa, que não faço duas edições de um livro meu. Pois acredito que para valorizar algo temos que provocar sua escassez.
Assim, algumas pessoas me cobram que faça outro livro. Então, pensei melhor, vou aproveitar esse espaço do “A Arte Do Meu Povo” e trazer para todos, os causos que coloquei no livro.
Quero chamar a atenção para o formato da escrita, pois, propositalmente busquei escrever como as pessoas da roça falavam a algum tempo atrás.
No futuro próximo, irei colocar o vocabulário aqui.
Espero que gostem.



Istóra Di Cantadô
(Nivaldo Cruz - 1992)



Vô cuntá prus sin´ôres
Um´a istóra qui acunteceu
Na fazenda du Zaqueu
Coroné virado no cão
Lá du meu sertão,
Cabra qui tem
Muntha vida di macho
Na punta du facão.
Sua fama já virô
Inté ABC de cantadô
Qui nem q´eu sô.
Mais isso tudo acabô,
Quano o homi
Cun´ieceu Maria Vitóra
Moça bunita e vistosa
Fía di Ton´i cum Orora.
Magine us sin´ôres,
Qui Zaque num sai
Da casa de Orora
Chei di chamego
Prus lado di Vitóra,
Qui nem pra ele liga
I inda castiga,
Dizeno qui tem ôto amô.
Oia seu dotô,
Zaqueuchora di dá dó,
Nem parece o coroné dus nó,
Qui murdia cascavéi
I cumia cobra cipó,
Isperto qui nem camalião,
Corajôso qui só Lampião.
I ôje num passa di um borrão.
Cum isso inté a puliça sussegô
I us borra bota tudo si orissô,
Cum a istóra du coroné
Qui afroxô.
U coroné qui Vitóra infetiçô.
Eu num sei u qui vai sê
Quano esse amô di vitóra aparissê,
Si u coroné Zaqueu vai matá ô morrê.
Num quero nem vê
Sin´ôres da disfêtha dessa óra,
Onde inté Nosso Sin´ô
Vai iscondê Nossa Sin´ora,
Pru mode num vê
U qui vai acuntecê.
I si eu fosse voismicê
Ia simbora pra num vê,
A disgraça dessa óra
Du fim du coroné Zaqueu
Ô du amô di Vitóra.
Meu Padim Ciço
Oia pur nois agora
I mata esse amô
Antis da óra.

Sin´ôres peço discurpa
Pela piléra
Isso tudo é istóra de cantadô
Num fiqui brabo seu dotô,
Pruque Zaqueu vevi
I é coroné i sin´ô,
Tem um´a fazenda
Lá pras banda di Icó
I Vitóra tá cum ele
I mais u fío Jacó.
A puliça acabô,
Prumode dus borra bota
Qui nela intrô,
Mais tudo fugiu
Quano o coroné vortô.
Peço licença aus dono da casa
I a todos presente,
Pra pegar min´a viola
I í adonde tá min´a gente,
Pruque tá ficano tardi
I ten´io qui fazê um´a mulé cuntenti
Inté ôto dia
Si Deus quisé
I Santa Maria.

sábado, 23 de julho de 2011

Uma Baianada No Céu

O "A Arte do Meu Povo" faz uma homenagem ao meu bom povo da Bahia.Claro que do meu jeito, brincando e imaginando o impossível(quem sabe né?), através da poesia popular.
Mais uma vez deixo bem claro, que não me considero nem cordelista, nem poeta apenas um amante desta arte que tento imitar e preservar.

Espero que gostem!!!


A Baianada No Céu
Nivaldo Cruz – 31.03.2011


1
Por ser um povo
Por demais, contente
Na sua grande maioria
Bastante irreverente
E até mesmo ter um
Comportamento diferente.
2
O tratamento no Céu
Ser igual não poderia
Pois com certeza muita
Desordem aconteceria
E em uma bagunça rotineira
O Paraíso se transformaria.
3
Sendo assim, o grande Deus
Em sua infinita sabedoria
Resolveu criar um lugar
Para acomodar a alegria
E ter a certeza que no futuro
Problema não aconteceria.
4
Assim foi criado e abençoado
O lugar no céu do baiano,
Um lugar bem diferente
Cheio de calor humano,
Festa, descontração, criatividade
Tava tudo no plano.


5
O povo então de mansinho
Foi começando a chegar
Catarina Paraguassú
Veio seu lugar reivindicar
Foi ficando e trouxe Caramuru
Para com ela Morar.


6
Quem também veio
Foi o revolucionário,
Grande Cipriano Barata
Seguindo seu itinerário,
De lutar pela liberdade
E ser um bom visionário.
7
Muitos outros ali chegaram
Com sua forma de alegria,
Afinal de contas estavam ali
Filhos da maravilhosa Bahia,
Cheios de orgulho, inteligência
Honra e de certa forma rebeldia.


8
Castro Alves eloqüente
Mostrava sua poesia
Rui Barbosa do seu jeito
Também se divertia
Defendendo as causas
Mais difíceis que havia.
9
Antonio Conselheiro
Bem que tentou entrar
Mas como era cearense
Teve que se contentar
Em no céu dos normais
Ter que viver e ficar.
10
O mesmo aconteceu com
O bandoleiro Lampião
Que era pernambucano
Por isso não teve permissão
E se contentou e ficou
Do outro lado do portão.


11
Porém, Maria Bonita
Já por outro lado
Tinha o seu lugar
Muito bem assegurado,
Mas preferiu ficar
Com o seu eterno namorado.


12
A heroína Maria Quitéria
Também está por lá
Exibindo sua coragem e
Sensibilidade peculiar
E mostrando a sua valorosa
Garra e força exemplar.


13
O escravo Lucas da Feira
Não pode ser esquecido
Foi lá no céu baiano
Muito bem recebido,
Lá ele é um herói
Não é mais um bandido.


14
Coronel Horácio de Matos
É outro grande que está
Vivendo em harmonia
Com tudo que lá há
Não manda nem desmanda
Vivendo a cantar e recitar.
15
Antonio Lacerda
Esse grande empreendedor
Que gastou sua fortuna
Construindo o elevador,
Ta no céu baiano
Demonstrando o seu valor.


16
Mãe Mininha do gatois
A maior mãe de santo
Está lá céu também
Consolando muito pranto
E provando que DEUS é único
Não importa religião e canto.


17
Quem causou na chegada
Uma grande confusão
Foi o escritor Jorge Amado,
Que pela tal descrição,
Acharam que era ACM
Que chegava na ocasião.
18
Depois de tudo resolvido
E muito bem explicado
O escritor ficou ali
Totalmente acomodado
Esperando a chegada do
Seu amigo mais chegado.


19
Demorou e muito,
Não podia ser diferente,
Por causa da preguiça
Que lhe é conveniente,
Mas Caymmi chegou
E o céu ficou mais contente.


20
Também é motivo de festa
A nossa santa particular
A mãe de todos os baianos
Que também está por lá
Nossa querida Irmã Dulce
Que também protege o lugar.


21
Por falar em festa
Lá é lugar de morada
Da dupla de músicos
Muito bem afamada
É Dodô e Osmar
Os da alegria organizada.
22
Pois o trio elétrico
No céu baianês
É muito bem recebido
E tem a sua vez
Alegrando almas e anjos
Todo dia, todo mês.


23
ACM por lá chegou
Foi chegando e ficando
Só sentiu falta d´uma coisa,
Não podia ficar mandando,
Mas como todo baiano
Ele foi se acostumando.


24
Outro dia ele foi visto
Com Chico Pinto conversando,
Clériston Andrade também
Estava no meio proziando
Mas não era de política
Que estavam ali falando.


25
Os três estavam abraçados
Alegres, rindo e pulando
Pois um trio elétrico diferente
Estava no momento passando
Com Lindú, Coroné e Cobrinha,
Muito forró tocando e cantando.


26
Rodolfo Coelho Cavalcante
Nosso maior representante
Da poesia popular, do cordel
Também está lá nesse instante
Fazendo nossa bela cultura
Ecoar e vibrar bem possante.


27
Jota Morbeck outro baiano
Amante do carnaval
Comanda um trio elétrico
De maneira fenomenal
Com sua voz maravilhosa
Encanta de forma magistral.

28
No meio do nosso céu
Tem uma estátua de Cabral
É uma homenagem feita
De uma forma bem legal
Pra agradecer a esse
Baiano de Portugal.
29
Afinal coube a ele
Descobrir a bela Bahia
Dando a Terra e ao Céu
Um lugar de alegria
E um povo bem disposto
Cheio de ozadia e energia.
30
Tem muitos outros baianos
Morando nesse rincão
Deixando o paraíso
Sem nenhuma solidão,
Um lugar de alegrias
Festas e diversão.
31
Você que está lendo
E não quer acreditar
É melhor ir pensando
Mais nesse lugar.
Pois você queira ou não
Ele está é bem lá.
32
Se tu for bom baiano
Pode até comemorar
Mas se tu não for,
Não adianta espernear,
Com o céu comum,
Tu vai ter de contentar.


"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!"

sábado, 9 de julho de 2011

Em Olimpoópolis Da Caatinga


Demorei, mas estou aqui.
Hoje apresento no “A Arte Do Meu Povo” um trabalho de minha autoria. Trabalho que nasceu de uma dessas loucuras que passam pela nossa cabeça de vez em quando.
Assim foi que outro dia, imaginei como seria a vida dos Deuses da mitologia grega vivendo em uma cidade no sertão do nordeste brasileiro.
Imagine esses personagens.
Pois é, foi assim que nasceu a cidade imaginária, Olimpoópolis da Caatinga, e os seus habitantes mitológicos.
Nessa primeira parte, só foi possível descrever algumas das personagens dessa cidade fabulosa.
Com certeza muitas outras estórias virão, argumento é que não vai faltar.



Aproveito, aqui, para pedir desculpas aos cordelistas do Brasil, a quem tenho a maior admiração, respeito, sou fã de coração. Mas não sei se por incompetência, ou por achar que a verdadeira poesia e arte, deve ser livre de regras rígidas, não consigo( por mais que tente) produzir um cordel 100%.

Por isso, prefiro dizer que escrevo em verso popular.




Sei que gosto de inventar estórias loucas e brincar com as palavras e rimas.
Se quiser pode me chamar de Poeta de versos Pé quebrado, que será uma honra.
O importante, na minha opinião, é que você lêu esse trabalho e ele despertou em você alguma emoção.
Até a próxima e fique com a estória em verso popular...


Em Olimpoópolis da Caatinga
Nivaldo Cruz – 02.07,2011


1
Era de verdade e realmente
Uma típica cidade nordestina,
O estado onde ficava não importa,
Se ficava rio abaixo ou rio acima,
Importa sim, seu jeito sertanejo
E seu sol inclemente como clima.
2
Como toda cidade do sertão
Tinha muita história, coisa e tal,
Particularidades que faziam
Dessa terra um lugar anormal,
Seus moradores eram do tipo
Algo assim bem divinal.
3
A estranheza começava no nome
Era Olimpoópolis da Caatinga,
Sem tirar nem pôr letra vogal,
Sem faltar sequer rapé na binga,
Era tanta coisa estranha,
Bruxaria mesmo, tudo mandinga.
4
Pra começar vou dizer e falar
Que Olimpoópolis era longe demais,
Distante de tudo que se conhece,
Da casa do chapéu? Deus é mais.
O lugar onde Judas perdeu as botas?
Fica perto não, é bem lá atras.
5
O prefeito desse fim de mundo
Era um tal de Zeus de Jesus,
Tinha mania de eletricista
Vivia querendo fazer a luz,
Era virado num curisco dum raio
Namorador de suar feito cuscuz.
6
Num podia ver um rabo de saia
Que se vestia de tudo q´era animal
Já se vestiu de boi, jegue, cavalo,
Jabuti, jaçanam, capivara e pardal
Já fez ozadia em tudo que é canto,
Lagêdo, pasto, capoeira e curral.
7
Tinha filho em tudo q´era canto
De tudo q´era jeito, q´era cor
Tinha filho sabido, burro, pobre
Rico, doente, safado, doutor
Mirrado, pançudo, amarelo,
Azulado, virado no estopor.
8

Esse era Seu Zêzê, o prefeito.
Era macho todo, seu moço doutor
Os meninos, os filhos dele
A nenhum deles, renegou
Quem disse “bença padim!”,
O prefeito rufião abençoou.


9
A primeira dama, pra quem pensa
Num ficava nem um pouco atras
Dizem as más línguas, que era tarada
E no sexo de tudo ela fez demais,
Mas era fiel toda ao prefeito
Que com ela era muito capaz.
10
Num me pergunte, como ele conseguia,
Porque não sei lhe responder e falar,
Só sei q´era bem assim que acontecia,
Lá pras bandas daquele sertão lá,
Dona Hera de Seu Zêzê era a mulher
Mais respeitada e temida do lugar.
11
Mandou dar surra, furar olho,
Escurraçar, muita sem vergonha.
Até o prefeito quando aprontava
Sabia que de Dona Hera era apanha,
E as suas raparigas sofriam dela
Crueldade de forma bem tamanha.
12
Por causa dessas coisas
Muitas mocinhas da região,
Foram viver lá no Cabaré
“As Belas Musas Du Sertão”,
De propriedade de Dona
Afrodite Machado Conceição.
13
Pense aí numa mulher retada
A quenga das mais bem famosa,
Mais solicitada, querida, aclamada
Era uma deusa do sexo, poderosa,
Conseguia tudo que queria a danada
Com jeito de mulher sensual e xerosa.
14
O famoso brega de Olimpoópolis
O grande “As Belas Musas Du Sertão”
Era o lugar mais alegre, mais animado
Desse mundão e daquele imenso rincão ,
Os homens safados de tudo q´era lugar
Iam pra lá procurar diversão, discaração.
15
As coisas só azedavam quando
Chegava por lá o tal delegado,
Bicho virado no cão do livro
Era brabo, só vivia revoltado
Querendo briga, prendendo gente
Era assim que mantinha seu reinado.
16
O nome do danado do bicho do capeta
Era oficial delegado Ares da Guerra.
A cara do peste já era de dar medo
Só de lembrar as pernas da gente emperra.
Não se corre, não se anda, se caga
Se mija, e o anel de coro berra.
17
Se metesse a besta com ele não,
Que aí é que a coisa num prestava.
O tal se arruinava e tu tava com pouco
Tempo pra viver o que ainda restava.
Tua vida virava um inferno de verdade.
Eita peste de bicho ruim que mulestava.
18
Já que se falou em inferno
E até no nome do tinhoso.
Se tinha uma pessoa pelo qual
O delegado Ares fica frochôso.
Era o Cangaceiro Ades Capeta
O bicho mais malvado e horripiloso.
19
A ruindade chegou alí e ficou,
A maldade naquele ser fez morada,
Era tudo que não prestava e muito mais
Era muita crueldade encomendada,
Diziam qéra ele que mandava no inferno
Era dele que vinha a ordem mal dada.
20
O cangaceiro Ades era irmão de sangue
Do prefeito de Olimpoópolis, Zeus,
Mas diziam as fofoqueiras do lugar
Que um era o diabo e o outro era o Deus.
Que os dois não se davam, nem se falavam,
Só queriam dar um pro outro, Adeus.
21
Contam que essa briga começou
Há muito tempo, muito tempo atras.
Quando os dois escurraçaram o próprio pai
Para ficar com as terras, a fama e o mais.
Daí, Zeus ficou com a parte boa e para
O pobre Ades ficou só os animais.
22
Ades por conta do acontecido
Resolveu tornar da sua vida o inferno,
Virou cangaceiro, matador brabo
Matando de inverno a inverno,
Fazendo crueldades e malvadezas,
Das caatingas ficou interno.



23
Outro que fazia parte da família
Era o dono da cacimba, da aguada,
Pra se ter água de qualidade
Era preciso pagar por sua guarda,
Senão ele soltava os bichos em cima
Dos pobre que já num tinha nada.
24
Zé Posseidom era nome do coronel
Que era irmão do cangaceiro do cão,
Também o era do poderoso prefeito
Era brabo que só a peste tufão,
Mandava nos tanques, lagoas, rios
Em tudo que tinha água na região.
25
Nesse cidade do Nordeste brasileiro
Ainda tinha a professora Atena Maria
Diretora do grupo escolar do lugar
Também era uma retada de rebeldia,
Num levava desaforo pra sua casa,
Ela era respeitada pela sua sabedoria.
26
Outra mulher de grande respeito
Naquela localidade dos cafundó,
Era a juiza de direito, direita toda
De tão justa, desatava qualquer nó.
Na pura doutora Josefa Demeter
A justiça fez parada ali, nela só.
27
Pense num moi danado de trabalho
Que a pobre dessa juíza tinha lá,
Era tanta coisa errada, ladroagem
Esperteza, que jeito só ela pra dar.
E as piores sacanagens quem fazia
Era os ditos senhores daquele lugar.
28
Uma das coisas bem estranhas
Em Olimpoópolis da Caatinga,
Era que o nome das caçadas foi
O de uma mulher de muita ginga,
Josefa Artêmis, caçava, brigava,
matava, mas num tomava pinga.


29
Já se falou de muita coisa e gente
Mas do lugar de onde tudo acontecia,
Esse num se pode jamais esquecer,
O Bar de Chico Baco era só putaria,
Bebedeira, homem com homem,
mulher com mulher, era uma orgia.
30
Tinha cachaça de tudo qué jeito
Bebida de todo qué lugar,
Tira-gosto feito de toda maneira
E de toda qualidade que há.
Juntava isso tudo e ainda mais,
Imagine só a putaria q´era lá.
31
Ainda tinha o talzinho do sujeito
Que era do lugar o mais fofoqueiro,
Sabia da vida de todo mundo
Esse era o Hermes Carteiro,
Que abria as cartas antes da entrega,
Depois lia e fechava bem ligeiro.
32
No meio dessa bagunça tinha
Ainda o poeta que vivia do amor,
O nome desse grande, Vinícius Eros,
Das coisas da paixão era doutor.
Dos corações das virgens sonhadoras
Fazia o que queria, era o senhor.
33
Ainda conta a lenda que a cidade
Possuia o maior e melhor ferreiro,
Hefestos da Silva esse era o homem
Que fazia do ferro seu amor primeiro,
Fabricava armas, móveis, panelas, tudo.
Do ferro era um criador verdadeiro.
34
Nesse lugar não podia faltar
Quem a natureza defendesse,
Panajotes, conhecido como Pã,
Lutava e não tinha quem o vencesse,
Pela natureza era capaz de brigar,
Não importando se morresse.
35
Olimpoópolis da Caatinga era
Uma cidade por demais especial
Tinha e acontecia de um tudo,
Coisa normal e muito anormal,
Era um lugar bem diferente
Desse nosso mundo atual,
36
Além desses tais habitantes
Que voismicê viu e conheceu
Tem muito, mas muito mais,
Que aqui num veio, nem apareceu,
Porém em outra oportunidade
Eles vão dá a graça, viu Seu!


37
Nesse livrinho não deu nem
Dos bichos esquesitos, falar,
Era tanta besta diferente
Que tinha naquele lugar,
Que quando eu escrever
Tu vai ler e num vai acreditar.
38
Era tanto causo sem pé nem cabeça
Que voismicê não vai querer saber,
Mas já vou lhe garantido que
Tudo aconteceu, juro a vossa mercê,
É tudo, tudinho bem verdadeiro
O que no próximo livro, vou trazer.
39
Dessa cidade diferente voismicê
Num vai querer nem esquecer,
Os seus endeusados habitantes
Vai bem é querer muito conhecer,
E as suas histórias e causos
Pode crer, alguns vão querer viver.
40
Mas tudo isso só no próximo livro
Que prometo não vai demorar
Contado mais sobre esse interessante,
Mágico, louco e divertido lugar.
Então, até logo e não se preocupe
Que já, já outra história vai chegar.

sábado, 4 de junho de 2011

Jessier Quirino - Eita! Poeta Bom Virado Na Gota!!!


Sem muita conversa e sem desculpas pela demora nas postagens, quero só homenagear muito bem homenageado esse grande Poeta brasileiro da atualidade. Ele já foi homenageado pelo “A Arte Do Povo” em outra oportunidade. Mas o que é bom tem que ser reverenciado sempre e se possível a toda hora.



E esse cabra num é bom não, ele é uma ruma de bonança com uma cheiura qualidadeira de derramar pelas tampa.
Grande Poeta Jessier Quirino, Deus continue a lhe conservar assim.

Para homenagear o poeta Jessier, as informações foram colhidas nos sites:http://letras.terra.com.br/jessier-quirino/ e http://www.jessierquirino.com.br/
Ei-las aqui:

“Arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção. Apareceu na folhinha no ano de 1954 na cidade de Campina Grande, Paraíba e é filho adotivo de Itabaiana também na Paraíba, onde reside desde 1983.
Filho de Antonio Quirino de Melo e Maria Pompéia de Araújo Melo e irmão mais novo de Lamarck Quirino, Leonam Quirino, Quirinus Quirino e irmão mais velho Vitória Regina Quirino.
Estudou em Campina Grande até o ginásio no Instituto Domingos Sávio e Colégio Pio XI. Fez o curso científico em Recife no Esuda e fez faculdade de Arquitetura na UFPB – João Pessoa, concluindo curso em 1982. Apesar da agenda artística literária sempre requisitada, ainda atua na arquitetura, tendo obras espalhadas por todo o Nordeste, principalmente na área de concessionárias de automóveis.

Na área artística, é autodidata como instrumentista (violão) e fez cursos de desenho artístico e desenho arquitetônico. Na área de literatura, não fez nenhum curso e trabalha a prosa, a métrica e a rima como um mero domador de palavras.
Interessado na causa poética nordestina persegue fatos e histórias sertanejas com olhos e faro de rastejador. Autor dos livros: “Paisagem de Interior” (poesia), “Agruras da Lata D`água” (poesia), “O Chapéu Mau e o Lobinho Vermelho” (infantil), “Prosa Morena” ( poesia e acompanha um pires de CD ), “Política de Pé de Muro - O Comitê do Povão” ( legendas e imagens gargalhativas sobre folclore político popular ), CDs: “Paisagem de Interior 1 e Paisagem de Interior 2”, o livro: “Bandeira Nordestina” (poesia e acompanha um pires de CD), A Folha de Boldo Notícias de Cachaceiros - em parceria com Joselito Nunes – todos editados pelas Edições Bagaço do Recife - além de causos, músicas, cordéis e outros escritos.

Preenchendo uma lacuna deixada pelos grandes menestréis do pensamento popular nordestino, o poeta Jessier Quirino tem chamado a atenção do público e da crítica, principalmente pela presença de palco, por uma memória extraordinária e pelo varejo das histórias, que vão desde a poesia matuta, impregnada de humor, neologismos, sarcasmo, amor e ódio, até causos, côcos, cantorias músicas, piadas e textos de nordestinidade apurada.

Dono de um estilo próprio "domador de palavras" - até discutido em sala de aula - de uma verve apurada e de um extremo preciosismo no manejo da métrica e da rima, o poeta, ao contrário dos repentistas que se apresentam em duplas, mostra-se sozinho feito boi de arado e sabe como prender a atenção do distinto público.



Nos espetáculos com fundo musical, apresenta-se acompanhado de músicos de primeira grandeza, entre os quais, dois filhos, que dão um tom majestoso e solene ao recital. São eles: Vitor Quirino (violão clássico), André Correia (violino) e Matheus Quirino (percussão). Os músicos Letinho (violão) e China (percussão) atuam nos espetáculos mais elaborados.
Apesar de muitos considerá-lo um humorista, opta pela denominação de poeta, onde procura mostrar o bom humor e a esperteza do matuto sertanejo, sem, no entanto fugir ao lirismo poético e literário.
Sobre Jessier, disse o poeta e ensaísta Alberto da Cunha Melo: "...talvez prevendo uma profunda transformação no mundo rural, em virtude da força homogeneizadora dos meios de comunicação e das novas tecnologias, Jessier Quirino, desde seu primeiro livro, vem fazendo uma espécie de etnografia poética dos valores, hábitos, utensílios e linguagem do agreste e do sertão nordestinos. ... Sua obra, não tenho dúvidas, além do valor estético cada dia mais comprovado,  vai futuramente servir como documento e testemunho de um mundo já então engolido pela voragem tecnológica."


Visite o site oficial do poeta,www.jessierquirino.com.br, tenho certeza que você vai gostar, e muito.

Aqui algumas das obras primas desse mestre da poesia popular da atualidade:


Quatro Ave-Maria Bem Cheia de Graça
Jessier Quirino


Rezo quatro ave-maria
Ao Glorioso São Gerome
Pra que nos livre da dor
Da agonia e da fome
Duma casa com goteira
Cacimba longe de casa
Dente de piranha preta
Dum teco-teco sem asa
Dum sem pensar no juízo
Dum teje preso ou cadeia!
De sofrer uma cambrainha
Bem cedo de manhãzinha
Por ter pisado sem meia.
Da tercerez desse mundo
De passagem só de ida
Ferroada de lacrau
Coice de besta parida
Nos livre da companhia
Dum cabra chato e pidão
Dum sujeito bexigoso
Sem figo e sem coração
Duma tosse igrejeira
Dum trupicão de ladeira
Duma laigada de mão
Nos livre da punição
Da saúde canigada
Pois a enxada na mão
É melhor que mão inchada
Nos livre duma dentada
Dum vira-lata ispritado
Picada de mangangá
Dum sordado macriado
Dum baque de rede pensa
De briga de má-querença
Dum jogo marradiado.
Nos livre dum nôro besta
Ou duma genra fregona
Que Zé meu abaixe o facho
Pro lado daquela dona
Nos livre duma visage
De alma braba e defunto...
Puxando agora de banda
Disgaviando o assunto
Nos livre daqui pra diante
Do roubo dos governante
Coisa que duvido muito.

Virgulino Lampião, Deputado Federá
Jessier Quirino


Seus Dotôres Deputado
falo sem tutubiá
pra mostrá que nós matuto
sabe se pronunciá
dizê que ta um presídio
com dó e matuticídio
a vida nesse lugá
O Brasí surgiu de nós
nós tudo que vem da massa
deram um nó no mêi de nós
que nós desse nó não passa
e de quatro em quatro ano
vem vocês com o veio plano
desata o nó e se abraça
Tamo chêi dessa bostice
de promessa e eleição
dos que vem de vem em quanto
se rindo, estendeno a mão
candidato a caloteiro
aprendiz de trapaceiro
corruto, falso e ladrão.
A coisa ta enveigada
ta ruim de devenveigá
meu sistema neuvosíssimo
vejo a hora se estorá
se estóra eu não engano
cuma diz o americano
na matança eu tem norrá.
Quero que vocês refrita
o falá da minha fala
pelo cano do revóve
magine o tamãe da bala.
Vocês que véve arrimado
nas bengala do podê
dou um chuto na bengala
mode alejado corrê
dou dedo, faço munganga
canto Ouvira do Ypiranga
e mando tudo se fudê.
Acunho logo a tramela
nas porta da corrução
toco fogo na lixeira
e passo de mão em mão
corto língua de quem mente
quebro três ou quatro dente
dos Deputado risão.
Político que come uva
em plena safra de manga
vai pra lei dos desperdiço
nas faca dos meus capanga.
Se eu der um tiro no mato
e bater num marinheiro
é porque tem mais honesto
do que cabra trambiqueiro
diante dessa nutiça
não haverá injustiça
é a lei dos cangaceiro.
Os deputado bom de pêia
eu tiro o "W" do nome
tiro vírgula dos discurso
reticença e pisilone
sapeco lei pra matuto
meto bala nesses puto
e um viva no microfone.
Matuto que tem saúde
pro trabaio ele é capaz
nós se vira, arruma água
as sementes e o preço em paz
não vai sê protecionismo
é a lei do Nordestinismo
dos Problemas Matutais.
Debuiado este discurso
pros Dotôre e Deputado
ta dizido minha meta
pra cem bilhão de roçado
depois não venham dizê
que foi golpe de pudê
proque não foram avisado
Partido dos Cangaceiro
o PC dos natura
pela lei da ignorança
do Congresso Federá
assinado Capitão
Virgulino Lampião
Deputado Federá.

Voltando Pro Nordeste
Jessier Quirino


Seu motorista, siga pro nordeste
Que eu sou cabra da peste, quero ver o meu xodó
Mas na carreira, não passe de uma centena,
Ligue o rádio, puxe a antena,
Sintonize num forró
Daqui pra frente são três dias de viagem,
Eu já to vendo miragem
É a saudade matadeira
Sinto o balanço da minha rede amarela,
Quando o carro na banguela embiloca na ladeira
Nesse balanço eu sinto cheiro de cachaça,
De rolinha com fumaça, cheiro quente de beiju
Ouço o ciscado do frango de capoeira,
Dos pinto na piadeira,
Mugido de boi-zebu
Eu tô sentindo cheiro azedo de "coaiada",
Cheiro bom de tripa assada subindo do fogareiro
Escuto o berro da "oveia" desgarrada,
Chocaiado da boiada,
Aboio do boiadeiro,
Escuto o choro dos meninos arengando,
Só tem doze se criando e a tudim eu quero bem
Não vejo a hora de chegar naquela sala
De abrir a minha mala, distribuir os terém
Seu motorista, lá no fim desse asfalto
O senhor pare que eu salto
Que minha goela deu um nó
Tá vendo aquela dentro daquela rede amarela?
Adivinhe quem é ela
Ela é o meu xodó.

Linda não, aquelas tuia
Jessier Quirino


Olha só a caboquinha que baixou no meu sonhar
Linda não, aquelas tuia
Meu sonho foi pras cucuia quando dei fé de olhar.
Bem dizer, o jeito dela era um cristal de flanela de tanto fofo e brilhar
De lindeza bem muitona, de fofura desossada
Beicinho do bago grosso de bicudez encarnada
Um pilãozinho de cintura, dez léguas de formosura de vastidão deleitada
Criaturinha agarroza, festejosa no chegar
Cosquenta pelo cangote, mulecota nos coisar
Com três horas de espio, não dá pro cabra espiar
De tanto perigo afoito, trinta e sete, trinta e oito, os chinelins de pisar
Dois risquin de sobrancelha, os ói azul festejado
Platibandinha de testa, sem franzido ou pinicado
Linda não, aquelas tuia
Dei dois viva de aleluia, nesse sonho iluminado.
Mas repare meu cumpade, Cuma se deu o sonhado
A mãe dela intrometeu-se, de oxente interrogado
Eu só estou, caboquinha, tu essa hora sozinha nesse sonho amatutado
Sois cabocla apetrechada, de padrescíceras virtudes
Não te mete no destroço de viver de sonho e osso com o fulaninho dos grudes
Tu sois a miss lindeira, primeira nata da nata
Baliza tricampeã do estadual da Prata
Sois cabocla zero um, dos CPF tudin
Zero um das bonitezas, rainha das maciezas, sois discípla do pudim
Vai-te embora desse sonho, repara teu atrapalho
Tu podes morrer pisada pelos coturnos do orvalho
Será que tu não enxerga que esse sonho é coisa ruim?
Se teu pai não fizer não nada, dou-te uma surra bem dada, com uma fita de cetim
Acordei mais retesado, do que tora de imbúia
Banhei o rosto vincado, com quatro águas de cuia
Nunca mais sonhei com ela.
Uh... desorderinha dela
Linda não, aquelas tuia.

Lua de Tapioca
Jessier Quirino

Quando a lua se faz de tapioca
Com a goma e o coco a me banhar
Sinto meu coração corcovear
Por estar no abandono abandonado
E sozinho que nem boi de arado
Me avermelho que é ver flor de quipá
E se algum alegreiro me jogar
Tanto assim de alegria, eu arrenego
Porque fico que nem olho de cego
Que só serve somente pra chorar.
É a lua acendendo a lamparina
E meu facho de luz a se apagar
Com as bochecha chorada a se chorar
Taliquá mamão verde catucado
Mas porém, sinto meu peito caiado
Quando vejo de longe o riso teu
Igualmente a um morrido que viveu
Peço que teu socorro não demore
E que só minha fala te sonore
E que dentro de ti só more eu.

E o povo gritando amém
Jessier Quirino


Eu já tô com esta idade
Papai beirando os noventa
Louvo pela mocidade
Com vinte, trinta e quarenta
Dizia em tom revoltando:
- Este é um governo safado,
Mais um governo que vem
Perante a lei fundiária
Fará uma reforma agrária
E o povo gritando amém!
Feito um bicho oprimido
Sofrendo apuro e desgosto
Papai ficou convencido
Que rei morrido é rei posto
No dia da eleição
Papai virou cidadão
Mamãe, cidadã também
Votaram em força contrária
Querendo a reforma agrária
E o povo gritando amém!
A coisa foi piorando
Pro lado dos piorais
E a tal reforma ficando
Pra trás, pra trás e pra trás
Hoje o poeta Quirino
Diante de um Vivaldino
Não abro nem para um trem
Abordando este problema
Meto o pau com meus poemas
E o povo gritando amém
A coisa se melhorando
Cheio de mais, mais e mais, mais
E a tal reforma ficando
Pra trás, pra trás e pra trás
Hoje o poeta Quirino
Diante de um Vivaldino
Não abro nem para um trem
Abordando este problema
Meto o pau com meus poemas
E o povo gritando amém.


Politicagem - Tire seu político do caminho - De domingo agora a oito
Jessier Quirino


A tal da politicagem?
É o acento circunflexo da palavrinha cocô
É feito brigar com um gambá
Pois mesmo o cabra ganhando
Sai arranhado e fedendo
É dirigir dando ré
O cabra tem três espelhos
E ainda olha pra trás
E pode prestar atenção:
Na boca do candidato é o mesmo Mané Luis
Trabalho, honestidade
Trabalho, honestidade
Por quê?
Porque o povo gosta de mentira!
Seu Manezinho Boleiro
Suplente de merda viva
Foi dar uma de sincero
Dizendo o que pretendia
Trabalhar de terça à quinta
E roubar só o normal
Teve uma queda de votação tão pra baixo
Que até hoje ainda é suplente
Taí, fila da puta!
Tire seu político do caminho
Que eu quero passar com o eleitor
Hoje, pra esses peste eu sou Chiquinho
Fí de Seu Chico aboiador
Mas amanhã sou Chico véi que não dá trégua
Assim, táqui pra tu, fí duma égua
De domingo agora a oito
É dia de eleição
É dia do pleiteante
Do fundo do coração
Perguntar: o que desejas?
A quem tem de louça um caco
De terra só tem nas unhas
E mora de inquilino
Numa casa de botão
De domingo agora a oito
É dia "arreganha-cofre"
É de ajudar os que sofrem
É dia do estende a mão
E se agarrar com farrapos
De mastigar vinte sapos
E não ter indigestão
É dia de expor na fala
Que bem conhece o riscado
Ninguém come mais insosso
Ninguém bebe mais salgado
De domingo agora a oito
Não relampeja e nem chove
É o dia que nos comove
É o grande dia "D"
Agora, o dia "fuD"
Vai ser de domingo à nove.


"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!"