domingo, 28 de fevereiro de 2010

A CRIATIVIDADE DO MEU POVO


Quando Câmara Cascudo disse que “O Melhor Do Brasil É O Brasileiro!”, ele não mentiu, nós temos um povo inteligente, criativo, alegree até certo ponto inocente. O que nos falta é uma educação formal que valorize essas características, bem como faça reconhecer em cada um esse potencial. Claro que toda regra tem exceção, mas na maioria nosso povo é assim. Temos figuras populares que no seu dia a dia desempenham ações capazes de deixar experts no assunto no chulé. Deixar doutores a ver navios. Um desses exemplos pode ser visto nesse vídeo postado aqui no nosso “A Arte Do Meu Povo!”. Ele chegou até mim por email, assim não tenho como identificar sua origem primária, a única coisa que sei informar, é que é de um vendedor de picolé em umas das praias de Fortaleza, no belo estado do Ceará. O cara é muito bom humorista e com certeza tiraria risos de mestres do humor como Chico Anísio(Maranguape, 12 de abril de 1931), e até Charles Chaplim(Londres, 16 de Abril de 1889 — Corsier-sur-Vevey, 25 de Dezembro de 1977), se tivessem a oportunidade de vê-lo em ação.
"VIVA A ARTE DO MEU POVO!"

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Luís da Câmara Cascudo - O FOLCLORISTA DO BRASIL




Um dos grandes folclorista do Brasil(quem sabe o maior) foi Luís da Câmara Cascudo . Aqui o “ A Arte Do Meu Povo” traz o que o site Wikpedia fala sobre ele.


“Luís da Câmara Cascudo (nasceu em Natal , no Rio Grande do Norte, em 30 de dezembro de 1898 e faleceu em Natal, 30 de julho de 1986) foi um historiador, folclorista, antropólogo, advogado e jornalista brasileiro.Passou toda a sua vida em Natal e dedicou-se ao estudo da cultura brasileira. Foi professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O Instituto de Antropologia desta universidade tem seu nome. Pesquisador das manifestações culturais brasileiras, deixou uma extensa obra, inclusive o Dicionário do Folclore Brasileiro (1952). Entre seus muitos títulos destacam-se: Alma patrícia (1921), obra de estréia, Contos tradicionais do Brasil (1946). Estudioso do período das invasões holandesas, publicou Geografia do Brasil holandês (1956). Suas memórias, O tempo e eu (1971) foram editadas postumamente. Quase chegou a ser demitido por estudar figuras folclóricas como o lobisomem.”

E foi lendo um dos belos livros do mestre, que me veio a inspiração de trazer para o verso popular algumas lendas do nosso país verde/amarelo. Assim, criei uma personagem (ficticia), Vado do Véi Pêdo, que estivesse presente nessas histórias. Escreví dez histórias em versos populares com lendas nacionais.
Apresentarei todas elas aqui, hoje vamos começar com...

Vado do Véi Pêdo e a Cobra Onorato
Nivaldo Cruz

Meus prezados senhores
Me adescurpe a ozadia
De pedir sua atenção
Pra aproveitar esse dia
E na ocasião contar
Dum cabra a sua leutria.

Um cabra Nordestino
Um cabra muito ozado
De muita valentia,
E também muito honrado,
Cheio de curiosidade.
Esse todo assanhado.

Vado do Véi Pêdo
Era assim q´ele respondia
O nome que lhe deram
Mas não era o de pia
Esse ninguém nunca soube
Nem o danado sabia.

A curiosidade desse cabra
Fez de tudo ele descobrir
Muitas lendas e histórias
Que existem nesse Brasí
Do norte até o sul
De lá de cima até aqui.

Esse cabra outro dia
Na budega me encontrou
Me abraçou deu bom dia
Muita estória me contou
Causo de arrupiar,
Qui também me encantou.

Disse que na viagem pelo norte
O Honorato conheceu
Irmão da finada Maria
Dois gêmeos qui nasceu
Diferente um do outro
Um subiu outro desceu.

Paranã de Cachoeri entre o
Amazonas e o Trombetas
Foi onde veio ao mundo
Essas duas coisas feitas.
Duas aberrações, assombrações
Assustando até caretas.

Os dois nasceram
Como negra serpente
Corpo de cobra
Rosto feito o de gente.
Um era do bem
Outro um satanás exigente.

Receberam nomes cristãos
Ele Honorato, ela Maria
Um era da noite
Outro feito pra o dia
Um sonhava em ser gente
Outro ser cobra queria.

Esses são bem conhecidos
Lá pras bandas do Norte
É a Cobra Onorato
Tão bom e meio sem sorte
E Maria Caninana de tão ruim
Seu fim teve de ser a morte.

Cobra Onorato
Era bom, gentil e forte
Nunca fez mal a ninguém
Vivia assim sem sua sorte
A sua mãe visitava
Vez por outra no Norte.

Nadava pra beira do rio
Esperava a noite chegar
Quando aparecia as estrelas e
Aracuã parava de cantar
Deixava na beirada
O coro da Cobra a secar.

Virava um belo rapaz
Que todo de branco ia
Com a sua mãe dormir
Porém antes de chegar o dia
Pra dentro do couro voltava
E a cobra feia surgia.

Salvou muita gente
De morrer afogada
Direitou montarias
Na meia encruzilhada
Venceu peixe grande
Em batalha ferrada.

Mas como tudo no mundo
Tem seu lado oposto
Maria Caninana tinha
A maldade no rosto.
A mãe nunca foi vê
Lhe dando muito desgosto.

Maria Caninana
Era de pura maldade
Afundava embarcações
Muito má de verdade
Matava pescadores
Tudo sem nem ter piedade.

Só tinha um jeito
Daquela peste se livrar
Pra por fim na besta fera
Alguém tinha que matar,
Quem tinha tanta coragem
Pra com Maria se arriscar.

Como ninguém
De coragem apareceu
Onorato, seu irmão
Pro serviço compareceu
E em uma batalha épica
A serpente Maria morreu.

A Cobra Onorato
Sua irmã malvada matou,
Por ela ser má e violenta
Ele a ela então acabou.
O bom Onorato assim
A todo o povo salvou.

A Cobra Onorato
Gostava de Farrear
Pra Beira do rio corria
Esperando noite chegar
Virava moço bonito
E com as moças ia dançar.

Era bem recebido em
Todo lugar que chegava
Com os rapazes do lugar
Ele brincava e conversava
Os velhos ouvia tudo
A todos, ele agradava.

O sonho dele então
Era gente poder virar.
Era achar um valente
Pro encanto ir quebrar.
A todos ele pedia
Pra fazer isso ou tentar.

Isso só pode uma vez
A cada ano acontecer.
Até a beira do rio
O corajoso tem que descer.
E quando o corpo da cobra
Dormindo, ele conseguir vê.

De leite de mulher
Mais do que de repente.
Três gotas tem de botar
Na boca da serpente.
E dar uma pancada na cabeça
Pra espirrar sangue quente.

Três gotas de sangue
Devem assim cair pelo chão
Só assim Cobra Onorato
Vai acabar a sua aflição
E passar a ser Honorato
Homem bom, sério e cristão.

Dos amigos de Onorato
Muitos até que tentaram
Mas Quando a Cobra viram
De tão feia, afroxaram
Até o dia que um valente
Todos eles encontraram.

Se os senhores o nome
Desse valente disser
Dou um prêmio
Pode ser homem ou mulher
Ele é um meu conhecido.
E é mesmo o que digo seu Zé.

Vós miceis não vão
Nem querer acreditar
Depois que o nome
Do cabra eu vos falar,
Mas foi verdade
Posso sim tudo afirmar.

Quem matou a cobra
Foi o Vado do Véi Pêdo
Ele chegou , olhou
E sem nem ligar pro medo,
Fez o que tinha de fazer
Sem sujar nem um dedo.

Ele me disse que de
Honorato sentiu pena
Quando com ele encontrou
No Cabaré de mãe Nena
Na cidade de Cametá,no Pará
Namorando uma pequena.

Sua história conheceu.
Desde essa data então
De sua cabeça não saiu
Uma tá arquitetação
Pra salvar Honorato
Da maldita maldição.

Quando a noite certa chegou
Pra beira do riu correu
Levando leite de mulher
Num vidrinho que era seu
E um marchado ainda virgem
Que a madeira não conheceu.

Chegando no dito lugar
A cobra feia ele avistou
O corpo todo tremeu
Até a espinha gelou
O monstro era muito feio,
Em correr ele então pensou.

Mas, seu amigo Honorato
Nele tinha confiança.
Não podia ele correr
Pra lhe dar desesperança.
Pediu a Deus força e coragem.
E foi começar a matança.

Três gotas de leite de mulher
Botou na boca da serpente,
Deu-lhe pancada na cabeça
Tão rápido,de repente.
Que a bicha nem viu
Que morreu depressamente.

Assim Cobra Onorato
Então se acabou, morreu
Honorato é quem ficou
Honorato é quem nasceu
Quem disse foi Vado,
Que a peste da cobra venceu.

Eu acredito porque
Do que duvidar num tenho
E aos senhores aproveito
Pra contar aqui venho
Nessas coisa de lenda
É que eu me empenho.

Vois miceis conhecêro
Nesse momento presente
Mais um pouco da memória
Do nosso Brasí inocente
Essa é lá do Norte.
Todos irmão da gente.

E a quem quiser
Possa também interessar
O pesquisador Câmara Cascudo
Tem muito pra informar
Sobre as lendas brasileiras.
Favor livros dele procurar.

Só assim os senhores
Vão então poder conhecer
Como somos inteligentes
E também vão aprender
A valorizar o que é nosso e
Não, o que nos dão pra comer.


" VIVA A ARTE DO MEU POVO!"

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Catulo da Paixão Cearense, U Poeta du Sertão

Outro poeta que deveria se mais reconhecido é o maranhense Catulo da Paixão Cearense, embora seja conhecido por ser autor de “Luar do Sertão” grande sucesso de Luiz Gonzaga. Catulo tem muita coisa maravilhosa que deveria ter maior divulgação. Veja o que o site Wikipedia, fala sobre ele:

“Catulo da Paixão Cearense (nasceu em São Luís do Maranhão, 8 de outubro de 1863 e faleceu no Rio de Janeiro, 10 de maio de 1946) foi um poeta, músico e compositor brasileiro.Filho de Amâncio José Paixão Cearense (natural do Ceará) e Maria Celestina Braga (natural do Maranhão).Mudou-se para o Rio em 1880, aos 17 anos, com a família. Trabalhou como relojoeiro. Conheceu vários chorões da época, como Anacleto de Medeiros e Viriato Figueira da Silva, quando se iniciou na música. Integrado nos meios boêmicos da cidade, associou-se ao livreiro Pedro da Silva Quaresma, proprietário da Livraria do Povo, que passou a editar em folhetos de cordel o repertório de modinhas da época.Catulo da Paixão Cearense passou a organizar coletâneas, entre elas O cantor fluminense e O cancioneiro popular, além de obras próprias. Vivia despreocupado, pois era boêmio, e morreu na pobreza.Em algumas composições teve a colaboração de alguns parceiros: Anacleto de Medeiros, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Francisco Braga e outros. Como interprete, o maior tenor do Brasil, Vicente Celestino .Suas mais famosas composições são Luar do Sertão, de 1908, que na opinião de Pedro Lessa é o hino nacional do sertanejo brasileiro, e Flor amorosa (sem data). Também é o responsável pela reabilitação do violão nos salões da alta sociedade carioca e pela reforma da ´modinha´.”

Dentre as muitas obras de Catulo o “A Arte Do Meu Povo” truxe duas para você conhecer um pouco da genialidade de nordestino...

U Poeta du Sertão –
Catulo da Paixão Cearense

Si chora o pinho
Im desafio gemedô
Não hai poeta cumo os fio
Du sertão sem sê doutô
Us óio quente
Da caboca faz a gente
Sê poeta di repente
Que a puisia vem do amor

Não há poeta, não há
Cumo os fio do Ceará!

Dotô fromado, home aletrado
Lá da Côrte
Se quisé mexê comigo
Muito intoncê tem qui vê
Us livro da intiligença
I dá sabença
Mas porém u mato virge
Tem puisia como quê!

Poeta eu sô sem sê dotô
Sou sertanejo
Eu sô fio lá dus brejo
Du sertão do Aracati
As minha trova
Nasce d’arma sem trabaio
Cumo nasce na coresma
Nu seu gaio a frô de Abri.



Jeca Tatu
Catulo da Paixão Cearense



Não teje vancê jurgando
Que eu seje argum canguçu
Não sou não, seo conseiêro
Sou caboclo... sou violeiro...
E vivo naquelas mata
Cumo veve um sanhaçu
Vanssuncê já me cunhece
Eu sou o Jeca Tatu

Peguiçoso? Madracero?
Não sinhô, seo senadô
Não sinhô, seo conseiêro
É pruque vancê num sabe
O que seje um boiadero
Criá com tanto cuidado
Com tanto amô e aligria
Umas cabeça de gado
E despois, a ipidimia
Carregá tudo com os diabo
Em meno de quatro dia...

É pruque vancê num sabe
O trabaio desgraçado
Que um homi tem, seo dotô
Pra incoivará um roçado
E quando o ouro do mio
Vai ficando imbonecado
Pra gente intonce coiê
O mio morre de sede
Pulo só estorricado
Sequinho cumo vancê
É pruque vancê num sabe
Quanto é duro um pai sofrê
Vendo seo fio crescendo
Dizendo sempre: papai,
Vem me ensiná o A-B-C

Preguiçoso? Madracero?
Não sinhô, seo conseiêro...
Vancê não sabe de nada
Vancê não sabe a corage
Que é preciso um homi tê
Pra corrê nas vaquejada
Vossa incelença não sabe
O valô de um sertanejo
Acerando uma queimada

Vancê tem um casarão
Tem um jardim, uma chácra
Tem criado de casaca
E ganha tudos os dia
Qué chova, qué faça sór
Só pra falá, contos de ré
Eu trabaio o ano inteiro
Somente quando Deus qué

Eu vivo do meu roçado
Me estarfando como um burro
Pra sustentá oito fio
Minha mãe e minha muié
Eu drumo im riba de um couro
Numa casa de sapé
Vancê tem seu artomóve
Eu, pra vim no povoado
Ando déis légua a pé

Neste mês amarfadado
Pru via de num chovê
Via a roça do feijão
Cum farta dágua morrê
O sór teve tão ardente
Lá pras banda do sertão
Que meno de quinze dia
Perdi toda criação...

Na semana retrasada
O vento, tanto ventô
Que a páia que cobre a choça
Foi pulos mato, avuô
Minha muié tá morrendo
Só pri farta de mpezinha
E pru farta de um dotô

Preguiçoso? Madracero?
Não sinhô, seo conseiêro
De lei, lezes, eu num sei nada
Meu palaço é de sapé
Quem dá lezes pra famía
É minha boa muié

Eu sou fromado oito vêis
Eu sou também conseiêro
Pruque tenho oito fiínho
E quem dá lezes pra minha arma
É as déis corda do meu pinho
Vancê qué sê presidente?
Apois seje, meu patrão
Nóis já ficava contente
Se vancê desse pra gente
Um restozinho de pão...

A nossa terra, o Brasí
Já tem muita intiligença
Muito homi de sabença
Que só dá pra espertáião
Leva o diabo a falação
Pra sarvá o mundo intero
Abasta tê coração...

Pros homi de intiligença
Trago comigo essa figa
Esses homi tem cabeça
Mais porém, o que é mais grande
Do que a cabeça, é a barriga...
Vancê leva nesses livros
Lendo, lendo a tuda hora
Mas porém eu só queria
Cunhecê, seo conseiêro
O que vancê ignora
E abasta, já vô m'imbora...

e ó!
Se um dia vancê quisé
Passá uns dia de fome
De fome e tarveis de sede
E drumi lá numa rede
Numa casa de sapé
Vá passá cumigo uns tempo
Nos mato do meu sertão
Que eu hei de lhe abri a porta
Da choça e do coração

Eu vorto pros matagá
Mas porém oiça premero
Vancê pode nois xingá
Nois chamá de madracero
Pruque nós, seo conseiêro
Num qué mais sê bestaião
Vá tratá das inleição
E voismecê hai de vê
Pitando seu cachimbão
O Jeca Tatu se rindo, aqui
Cuspindo, sempre cuspindo
Cum queixo im riba da mão...

Eu sei que sô um animá
Eu não sei memo o que eu sô...
Mais porém eu lhe agaranto
Que o que vancê já falô
E o que ainda tem de falá
E o que tem de escrevê...
Todo, todo o seu sabê
E toda a sua saranha
Num vale uma palavrinha
Daquelas coisa bonita
Que Jesus numa tardinha
Disse em riba da montanha


"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!"

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Zé Cardoso x Sebastião Dias

O poeta Zé Cardoso cantando com Sebastião Dias... e depois de sofrer uma humilhação no final do verso, Sebastião dizendo q era doutor e q tava perdendo tempo cantando com ele... Ai Zé Cardoso, analfabeto disse: Aprendi a cantar sem professor, com a graça de deus eu sou completo, vc vem me chamar de analfabeto exibindo seu diploma doutor, no congresso q eu for competidor vou ganhar de vc de 10 à 0.... Bastião eu vou lhe ser muito sincero, SE EU DEIXAR DE CANTAR Ñ SOU FELIZ, SER POETA EU SOU PQ DEUS QUIS, SER DOUTOR EU Ñ SOU PQ Ñ QUERO!!!!


" VIVA A ARTE DO MEU POVO)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A Peste dos Metais: Mata Homens e Animais

Nos dias atuais nós estamos nos envenenando de todo jeito, na maioria das vezes até sem saber. Depois de uma aula sobre metais pesados resolvi chamar a atenção das pessoas para esse perigo. Daí com ajuda da cordeslista Patrícia Alves, fiz essa poesia popular , em estilo literatura de cordel sobre o assunto.
Espero que lhe traga conhecimento e lhe ajude de alguma forma.



A Peste dos Metais: Mata Homens e Animais
(Nivaldo Cruz & Patrícia Alves)

Ignorância mata
Isso se pode provar
A gente come o que não sabe
Sem saber no que vai dar
È veneno pra dentro
Sem nem ta aí, nem chegar.

Conversando com uma bióloga
Sobre Meio Ambiente
Descobrir que muitas coisas
Fazem muito mal pra gente
Principalmente os metais pesados
Usados Constantemente.

Viviane Freitas,
Foi essa estudiosa
Que me abriu os olhos sobre
Ameaça perigosa
Que conto pra você
Todo verso, não é prosa.


Você que anda doente
E sem saber o por quê?
Veja bem de pertinho
O que comer e beber.
Pra depois de sabido,
Poder sair e dizer...

Hoje, na sua maioria
Doenças, essas tais.
São causadas, quase todas,
Por consumo dos metais
Que ingeridos por todos,
Mata até os animais.

Veja agora meu prezado
Dos metais a relação
Com as fontes traiçoeiras
De sua contaminação
E como se manifesta
A tal intoxicação.

O alumínio é encontrado
Nas águas, nas panelas,
Antiácidos, sais e pães
Cidades e vielas
Pesticidas e quentinhas
Nos cosméticos delas.

As doenças que provoca,
Esse diabo de metal
Vou começar a dizer:
Constipação intestinal,
Perda de energia, Burrice
E cólica abdominal.

Tu pensa que acabou?
Pois essa é só uma dose,
Dá raquitismo, convulsão
Até osteoporose,
Alzheimer, mal de Parkinson
E outras por osmose.

O Arsênico é outro metal
Que acaba com as vidas.
Ta nos óleos combustíveis,
Frutos do mar, comidas,
Ta nas plantas marinhas,
Na peste dos herbicidas.

Provoca nas pessoas
Também nos animais,
Náuseas e diarréias
Problemas intestinais,
Inflamações de garganta
Parecida com virais.

Como se não bastasse
Todos esses tais ais,
O Arsênico é responsável
Por dores abdominais.
Assim, eu lhe digo
- Pobre de todos nós, mortais!

A lista desses metais
Nos consomem aos poucos
O Cádmio é só mais um,
Que nos deixa mais loucos.
Ele está tão presente,
Presente como socos .

O cádmio se encontra:
Na farinha refinada,
Nos gases industriais
Dia, noite,madrugada.
Nas indústrias de aço,
São coisas contaminadas.

Ta no café, ta no chá,
Ta nos agrotóxicos,
Solda e materiais
De usos odontológicos,
Fungicidas que causam
Danos patológicos.

Esse metal traz o câncer,
Também eleva a pressão,
Diminui a imunidade,
Aumenta o coração,
Perde o ritmo sexual.
Parece mandado do cão.

Aumenta a próstata,
E dor na articulação,
Enfraquece os ossos.
Pode gritar meu irmão.
O caso é sério
E não tem saída não.

O danado do Cádmio
Causa também anemia,
Osso fraco e edema.
Haja tanta estripulia.
Até a perda de olfato,
Êta peste! que disgramaria !

Ainda tem o Chumbo
Outro metal de matar.
Até nos automóveis
Ele se faz presenciar,
Nas tintas e enlatados
E na poluição do ar.

No Cigarro, pesticida,
No fígado bovino
Nos vegetais com agrotóxicos
Envenena o menino.
Nos alimentos enlatados.
È triste o nosso destino!

Papel de jornal
Anúncios coloridos
Fertilizantes, cosméticos.
Todos estão envolvidos.
Na tintura de cabelo,
Ele ta bem desenvolvido.

O que provoca?
Irritabilidade,
Indisposição, Fadiga,
E agressividade,
Sangramento gengival.
Êta novidade.

Provoca ainda:
Fraqueza muscular,
Náuseas e anemia
Acidente vascular,
Perda de memória, osteoporose,
Sangue demora coagular.

Problema renal, burrice
Também pode acrescentar.
Esse é mais um metal
Perigoso no seu lar.
Consumindo sem saber,
E ele querendo matar.

Não esqueça do mercúrio
Que também né fácil não.
Provoca muitas doenças
É outro metal do cão,
Que você ta consumindo
Sem se dá maior atenção.

Nos pesticidas e agrotóxicos,
Termômetros e tomate,
Ceras, açúcar. água,
Não tem doutor que trate.
Garimpos, polidores, pescados.
Quer consumir? se mate!

Lâmpadas de mercúrio,
Explosivos e tinta.
Cosméticos pra embelezar,
O Diabo é quem pinta.
Estamos nos matando,
Quem quiser que não sinta.

O mercúrio provoca:
Fadiga, tremor,depressão,
Pânico, descontrole motor,
Gagueira, alucinação.
Andar lateral, Estomatite
Pior, falta o tesão.

Dificuldade de fala,
Perda de senso da dor,
Vômito, febre, estomatite.
Procura logo um doutor.
Paralisia de extremidade.
Tudo do mercúrio, senhor !

Anorexia infantil,
Fica difícil mastigar,
Dor de cabeça, dentes soltos,
Haja sintoma pra dar!
E tu ainda acha,
Que não tem que se mudar.

Outro metal é o níquel,
Que ta em muito lugar,
Utensílios de cozinha.
Cuidado no cozinhar,
Permanente de cabelo à frio,
Cuidado no pentear.

Jóias, cosméticos e soldas,
Cuidado quando usar.
Exposição industrial,
Cuidado no labutar.
Baterias de Níquel-Cádmio,
Cuidado no manusear

Nos trabalhos com cerâmica e
Óleos hidrogenados.
Ter cuidado é sempre bom, pra não
Chorar com os resultados.
Os metais que falei,
São os metais pesados.

Só não pense que acabou,
Porque não acabou não.
Ainda tem o Bário,
Outra grande assombração.
Pra conscientizar você
Da nossa destruição.

O Bário ta no agrotóxico,.
fertilizante, pesticida
Mas não pára aí,
Ta na água poluída.
Os culpados somos nós,
Tamo acabando a vida!

Quer saber o que o Bário faz?
Doença do coração.
Fadiga e desânimo.
Tem também Hipertensão
Matando tudo que é vivo
Até eu, tu e teu irmão,

Diante do que foi visto,
É melhor começar mudar,
Se não for por você
Mude por quem virá.
Esse mundo não é nosso,
Não podemos acabar.

Fica aqui o meu pedido,
Vamos fazer diferença.
Cuidar da natureza,
Pra que não vire só crença.
E o futuro que virá.
Tenha do homem a presença

Faça a sua parte
Não espere por ninguém
Nessa hora você é importante,
Não é só um alguém.
É teu neto que te pede.
- Me deixe viver também!!



"VIVA A ARTE DO MEU POVO!!"

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Zé Da Luz, AI! SE SÊSSE!...




A falta de reconhecimento a pessoas de grande valor nesse país muitas vezes nos deixa triste, são homens e mulheres que deveriam está no holl dos melhores brasileiros. Mas ou não são valorizados como deveriam, ou até são desconhecidos da maioria dos residentes do país.
Esse é o caso do poeta Zé da Luz, que só dignaria mais ainda como um dos patronos de uma das cadeiras da Academia Brasileira de Letras, casa que tem Machado de Assis como patrono maior. Porém, ao invés disso é um desconhecido para a maioria dos brasileiros .
Zé da Luz, foi um grande poeta e aqui o blog Arte do Meu Povo presta uma singela homenagem a esse Nordestino que trouxe mais poesia para nossa vida.
Veja o que o site, http://www.interpoetica.com fala sobre Zé da Luz


“Zé da Luz, poeta, das terras nordestinas, nasceu em 29 de março de 1904 em Itabaiana, região agreste da Paraíba e faleceu no Rio de Janeiro em 12 de fevereiro de 1965. Veio ao mundo como Severino de Andrade Silva e recebeu a alcunha de Zé da Luz. Nome de guerra e poesia, nome dado pela terra aos que nascem Josés e, também, aos Severinos, que se não for Biu é seu Zé.
Sua poesia é dita nas feiras, nas porteiras, na beirada das estradas, nas ruas e manguezais. Perdeu-se do seu autor pois em livro não se encontra. Se encontra na boca do povo, de quem tomou emprestado a voz, para dividi-la em forma de rima e verso.
Seus poemas têm a cor do nordeste, o cheiro do nordeste, o sabor do nordeste. Às vezes trágico, às vezes humorado, às vezes safado. Quase sempre telúrico como a luz do sol do agreste. (os editores)”



O poeta escreveu coisas maravilhosas como essas duas obras que seguem abaixo...

AS FLÔ DE PUXINANÃ
(Paródia de As "Flô de Gerematáia" de Napoleão Menezes)

Três muié ou três irmã,
três cachôrra da mulesta,
eu vi num dia de festa,
no lugar Puxinanã.
A mais véia, a mais ribusta
era mermo uma tentação!
mimosa flô do sertão
que o povo chamava Ogusta.
A segunda, a Guléimina,
tinha uns ói qui ô! mardição!
Matava quarqué critão
os oiá déssa minina.
Os ói dela paricia
duas istrêla tremendo,
se apagando e se acendendo
em noite de ventania.
A tercêra, era Maroca.
Cum um cóipo muito má feito.
Mas porém, tinha nos peito
dois cuscús de mandioca.
Dois cuscús, qui, prú capricho,
quando ela passou pru eu,
minhas venta se acendeu
cum o chêro vindo dos bicho.
Eu inté, me atrapaiava,
sem sabê das três irmã
qui ei vi im Puxinanã,
qual era a qui mi agradava.
Inscuiendo a minha cruz
prá sair desse imbaraço,
desejei, morrê nos braços,
da dona dos dois cuscús!


AI! SE SÊSSE!...

Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!


“VIVA A ARTE DO MEU POVO!”

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

POETA JESSIER QUIRINO É PAISAGEM DE INTERIOR

Um dos nomes mais badalados da poesia popular no momento é do poeta Jessier Quirino. E não é a toa , ele é dono de uma poesia única e uma forma de declamação só sua.

O poeta Jessier está lá no Wikipédia, onde pode se encontrar sobre ele as seguintes palavras:


“Jessier Quirino Arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção. Apareceu na folhinha no ano de 1954 na cidade de Campina Grande, Paraíba e é filho adotivo de Itabaiana também na Paraíba, onde reside desde 1983.
Filho de Antonio Quirino de Melo e Maria Pompéia de Araújo Melo e irmão mais novo de Lamarck Quirino, Leonam Quirino, Quirinus Quirino e irmão mais velho Vitória Regina Quirino.
Estudou em Campina Grande até o ginásio no Instituto Domingos Sávio e Colégio Pio XI. Fez o curso científico em Recife no Esuda e fez faculdade de Arquitetura na UFPB – João Pessoa, concluindo curso em 1982. Apesar da agenda artística literária sempre requisitada, ainda atua na arquitetura, tendo obras espalhadas por todo o Nordeste, principalmente na área de concessionárias de automóveis. Na área artística, é autodidata como instrumentista (violão) e fez cursos de desenho artístico e desenho arquitetônico. Na área de literatura, não fez nenhum curso e trabalha a prosa, a métrica e a rima como um mero domador de palavras.
Preenchendo uma lacuna deixada pelos grandes menestréis do pensamento popular nordestino, o poeta Jessier Quirino tem chamado a atenção do público e da crítica, principalmente pela presença de palco, por uma memória extraordinária e pelo varejo das histórias, que vão desde a poesia matuta, impregnada de humor, neologismos, sarcasmo, amor e ódio, até causos, côcos, cantorias músicas, piadas e textos de nordestinidade apurada.
Dono de um estilo próprio "domador de palavras" - até discutido em sala de aula - de uma verve apurada e de um extremo preciosismo no manejo da métrica e da rima, o poeta, ao contrário dos repentistas que se apresentam em duplas, mostra-se sozinho feito boi de arado e sabe como prender a atenção do distinto público.
Nos espetáculos com fundo musical, apresenta-se acompanhado de músicos de primeira grandeza, entre os quais, dois filhos, que dão um tom majestoso e solene ao recital. São eles: Vitor Quirino (violão clássico), e Matheus Quirino (percussão). Os músicos Letinho (violão) e China (percussão) atuam nos espetáculos mais elaborados.
Apesar de muitos considerá-lo um humorista, opta pela denominação de poeta, onde procura mostrar o bom humor e a esperteza do matuto sertanejo, sem, no entanto fugir ao lirismo poético e literário.”



Do poeta Jessier dentre tantas coisas boas tem...



Paisagem de interior
Jessier Quirino

Matuto no mêi da pista
menino chorando nu
rolo de fumo e beiju
colchão de palha listrado
um par de bêbo agarrado
preto véio rezador
jumento jipe e trator
lençol voando estendido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.

Três moleque fedorento
morcegando um caminhão
chapéu de couro e gibão
bodega com surtimento
poeira no pé de vento
tabulêro de cocada
banguela dando risada
das prosa do cantador
buchuda sentindo dor
com o filho quase parido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.

Bêbo lascando a canela
escorregando na fruta
num batente, uma matuta
areando uma panela
cachorro numa cadela
se livrando das pedrada
ciscador corda e enxada
na mão do agricultor
no jardim, um beija-flor
num pé de planta florido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.

Mastruz e erva-cidreira
debaixo dum jatobá
menino querendo olhar
as calça da lavadeira
um chiado de porteira
um fole de oito baixo
pitomba boa no cacho
um canário cantador
caminhão de eleitor
com os voto tudo vendido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.

Um motorista cangueiro
um jipe chêi de batata
um balai de alpercata
porca gorda no chiqueiro
um camelô trambiqueiro
avelós e lagartixa
bode véio de barbicha
bisaco de caçador
um vaqueiro aboiador
bodegueiro adormecido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.

Meninas na cirandinha
um pula corda e um toca
varredeira na fofoca
uma saca de farinha
cacarejo de galinha
novena no mês de maio
vira-lata e papagaio
carroça de amolador
fachada de toda cor
um bruguelim desnutrido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.

Uma jumenta viçando
jumento correndo atrás
um candeeiro de gás
véi na cadeira bufando
radio de pilha tocando
um choriço, um manguzá
um galho de trapiá
carregado de fulô
fogareiro abanador
um matador destemido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.

Um soldador de panela
debaixo da gameleira
sovaqueira, balinheira
uma maleta amarela
rapariga na janela
casa de taipa e latada
nuvilha dando mijada
na calçada do doutor
toalha no quarador
um terreiro bem varrido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.

Um forró de pé de serra
fogueira milho e balão
um tum-tum-tum de pilão
um cabritinho que berra
uma manteiga da terra
zoada no mêi da feira
facada na gafieira
matuto respeitador
padre, prefeito e doutor
os home mais entendido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.



Se você quiser conhecer mais sobre a obra desse poeta cabra da peste e até adquirir seus CDs e livros, então acesse www.jessierquirino.com.br/

“ VIVA A ARTE DO NOSSO POVO!!”

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O CORDEL VIVE!!!!



Na Foto acima, o Poeta Antonio Alves e o Poeta e Folheteiro (O único em atividade na Bahia) Jurevaldo Alves, em baixo do Oitizeiro,q ue fica em frente ao Mercado de Arte Popular(MAP) de Feira de Santana.

<
strong>" VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!"

Marialvo Barreto : Se Umbuzeiro Falasse...

Feira de Santana hospeda entre seus habitantes, um sertanejo dos bom, que veio pra enriquecer essa sociedade tão prospera.
Ele além de geógrafo e professor, hoje detém um mandato de vereador, foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores(PT) no Brasil e também é poeta popular de mão cheia, amante das coisas do sertão e do seu povo.
O nome desse professor, geógrafo, sindicalista, político, vereador e POETA POPULAR é Marialvo Barreto.
Ele possui várias obras, que com certeza você terá o prazer de ver no decorrer da vida do nosso blog "A Arte Do Meu Povo".
Para começar essa viagem pelo mundo da poesia de Marialvo Barreto, vamos nos divertir com a homenagem, merecida, que o poeta faz para o fruto abençoado para o sertanejo, o UMBÚ, essa homenagem vem em forma de poesia popular no estilo literatura de cordel.


SE UMBUZEIRO FALASSE...
A Peleja entre o Umbuzeiro e o Roçador
Autor: Marialvo Barreto


Se você ainda não sabe
Vou lhe dizer o que é
O umbuzeiro é uma planta
Que na caatinga tem pé
Resistente a toda seca
Sagrado pra quem tem fé

É um símbolo do Nordeste
Onde o sol é de rachar
No tabuleiro e na serra
Em todo lugar estar
Só existe no sertão
Porque este é seu lugar

É uma moita fechada
Capricho da natureza
Sua sombra é muito fresca
É grande a sua beleza
Umbu é como se chama
O fruto que vai pra mesa

Da caatinga é a rainha
Das plantas que Deus criou
Alimenta rico e pobre
Analfabeto e doutor
E o sabor da sua fruta
Nosso povo consagrou

O sertanejo é quem chama
Sua fruta de imbu
E serve de alimento
Para mico e caititu
Pra bode, cabra e ovelha,
Guará, raposa e tatu

Tem umbu que é bem doce
Como o mel de uma flor
Também quando é azedo
Na boca chega dar dor
Faz bode berrar zangado
Relegando seu sabor

Tem umbu liso e redondo
Verde, maduro e inchado,
Grande, médio e pequeno,
Tem até umbu rachado
Tem do caroço miúdo
Pra se chupar descascado

A coisa que mais me alegra
É ver umbu “fulorar”
E escutar as abelhas
Com zum-zum-zum a voar
Ver o renovar da vida
Presente neste lugar

Na época das trovoadas
Depois do mês de setembro
Sua safra é de fartura
Ainda bem que me lembro
Do chão forrado de frutas
Em pleno mês de dezembro

No sertão tem o costume
De umbuzeiro dar nome,
Tem pé de umbu da pedra
Da cobra e do vagalume,
Da onça e da vaca seca
Da cacimba e do velame

Tem umbuzeiro de Tonha
De Zé de Sarapião,
De Zeca de Zé Pretinho
De Rosa e Mané Bião
De Bidé da Gameleira
E de Cosme Gavião

Outras frutas da caatinga
Correm o risco de acabar
Já não vejo mais o icó,
Cambuí e cambucá
Ah! Como tenho saudade...
Do gosto do trapiá

Quando o umbuzeiro cresce
Na beira de uma estrada
É açoitado de vara
Recebe muita pedrada
Fica todo arrebentado
De tanto levar pancada

A folha do umbuzeiro
É alimento sagrado
No desespero da seca
Vira comida de gado
E todo bicho que vive
Pelo sertão embrenhado

Mas nem tudo é alegria
Pelas grotas do sertão
Tem fazendeiro malvado
Raivoso e sem compaixão
Cortando pé de umbu
Pra plantar capim no chão

Devasta toda a caatinga
Sem dó e sem piedade
Corta até o umbuzeiro
Na mais dura crueldade
Sem falar no juazeiro
Pra completar a maldade

Acho muita malvadeza
Tirar raiz de umbuzeiro
Pra fazer doce de corte
E se trocar por dinheiro
E prejudicar a planta
No período do sequeiro

Se o umbuzeiro falasse
Eu passei a imaginar
Como seria a peleja
Com quem fosse lhe cortar
E leia com atenção
O que tenho pra contar

U aqui é umbuzeiro
R aqui é roçador
Vai ser uma peleja dura
De sentimento e de dor
Entre a bela natureza
E o ser devastador

U - Aqui eu nasci e cresci
Na seca deste torrão
Espalhado em toda parte
Pelas brenhas do sertão
Forneço sombra e alimento
Aos viventes deste chão

R - Estou de foice na mão
Pelo patrão enviado
Vou roçar esta caatinga
Deixar o mato virado
Arrumar tudo em coivara
Que pasto vai ser plantado

U - Com mais de quinhentos anos
Que nesta terra nasci
Nunca vi o seu patrão
Catando umbu por aqui
Vá e pergunte pra ele
Qual foi o mal que lhe fiz

R - O capataz me chamou
Pra fazer este serviço
Foi a mando patrão
Não vejo nenhum mal nisso
Receber sete reais
De diária o compromisso

U - Se você catar umbu
E for à feira vender
Vai aumentar o valor
Em dinheiro pra você
Vai dar sete vezes sete
É só conferir para crer

R - Mas se o imbu está verde
Como é que vou fazer?
Se já tivesse maduro
Quem sabe não ia ver
Se eu enchia um balaio
Pra na cidade vender

U - Sua pressa é sem razão
Veja o que vou lhe contar
Apressado come cru
Diz o dito popular
Estou lhe dando um conselho
Só quero lhe ajudar

R - No aço da minha foice
Ganho o pão de cada dia
Sustento mulher e filho
Lá na minha moradia
Vou derrubando caatinga
Que acho sem serventia

U - Deixe de ser rude homem
Que por aqui já lhe vi
Chupando umbu maduro
E quebrando licuri
Comendo fruta de palma
E caçando juriti

R - Isto já faz muito tempo
É coisa do meu passado
Na minha morada agora
Tem velhinho aposentado
Do mato tenho lembranças
De quando ‘tava apertado

U - Ainda me lembro bem
Quando aqui você chegou
Fez o trabalho e sumiu
Deixando grande fedor
Mas do umbu tinha caroço
Na “ruma” que tu deixou

R - Se imbuzeiro fosse
Planta que desse dinheiro
Seria coisa difícil
Só tinha no estrangeiro
Mas como só dá imbu
Vira pau de galinheiro

U - Do umbu faz doce e suco,
A saborosa umbuzada,
Vai misturada com leite
Com açúcar é adoçada
Reforçando o sertanejo
Na sua dura jornada

R - Faltam 10 pra meio dia
Vou a panela esquentar
A barriga já roncou
Vou minha fome matar
Debaixo deste imbuzeiro
Depois vou me descansar

U - Minha sombra agora serve
Para a tua maresia
Vou açoitar os meus galhos
Na força da ventania
Para lanhar as tuas costas
Cabra ruim sem serventia

R - Praga de urubu magro
Em boi gordo ela não pega
Aqui nesta terra vi
Saci montado na jega
Quebrando pé de imbu
Diabo que te carrega

U - Já comeu e descansou
Na sombra que eu te dei
Vai dizer pra teu patrão
Que o umbuzeiro é rei
Das plantas da caatinga
Está escrito na lei

R - Você quer me enrolar
Com esta conversa mole
Vou afiar minha foice
E depois tomar um gole
Pra enfrentar o roçado
E sustentar minha prole

U - Eu pensei que tu pensavas
Mas tu és cabeça dura
Do oco de baraúna
Nem o diabo te atura
Parece que tu és dele
A mais baixa criatura

R - Eu sou cristão batizado
Por São Cosme e Damião
Na capela de Santana
Rezo e tenho devoção
E no terreiro de Oxóssi
Faço a minha obrigação

U - Tua foice é arma fria
Que corta sem piedade
Quem ordena é teu patrão
Que mora lá na cidade
Tu vivendo na miséria
E ele na vaidade

R - O patrão quer terra limpa
Sem nada pra sombrear
No lugar de imbuzeiro
Plantar capim e zelar
Pra engordar a boiada
Mangote de marruá

U - Por aqui eu já estava
Quando o teu patrão chegou
Neste pedaço de terra
Que por teu avô passou
Deste modesto umbuzeiro
Muito umbu ele chupou

R - Conte esta história direito
Quero saber tudo agora,
O que teve o meu avô
Com esta terra outrora?
Responda com precisão
Pois tudo tem sua hora

U - Esta história é complicada
E posso lhe assegurar
Que seu avô era dono
De todo este lugar
E tirava da caatinga
O que ela tinha pra dar

R - Se meu avô era dono,
O que foi que aconteceu?
Se tinha família grande,
Por que será que vendeu?
Se também ninguém herdou,
Nem mamãe, nem pai, nem eu

U - Não foi venda foi um fato
Que a terra estremeceu
Teu avô foi emboscado
Tomou um tiro e morreu
Da arma do teu patrão
Que mandou tu matar eu

R - Minha foice agora pára
Não corto mais imbuzeiro
Esta terra ainda é minha
E não troco por dinheiro
Vou procurar a justiça
Pra não virar justiceiro

U - Viver muito eu agradeço
Foi a minha salvação
Isso faz cinqüenta anos
Que vi esta confusão
Veio me servir agora
Pra permanecer no chão

R - Não corto mais imbuzeiro
Escreva o que vou dizer
Do imbuzeiro o imbu
Da caatinga o bem-querer
No ronco da trovoada
Ver o mato florescer

U - Estou ficando sozinho
Só se ver pau derrubado
Já se foi a quixabeira,
É fogo pra todo lado
Até a Jurema preta
Tem seu destino selado

R - Minha foice derrubou
Muita jurema e arueira
Pau-de-rato e calumbi
Umburana e gameleira
Pra vender lenha no metro
E fazer compra na feira

U - O que tu diz é verdade
Não sei como aqui estou
No último roçado feito
O fogo me sapecou
Por sorte o vento virado
Pra chuva o tempo mudou

R - Até raiz de imbuzeiro
Já fui pro mato arrancar
Ralava em ralo bem fino
E espremia pra tirar
Água doce e cristalina
Pra minha sede matar

U - Você ainda tem jeito,
Percebe que eu servia,
Te dei água no passado
Também te dei rancharia
Tu namorando na moita
Quando a noite escurecia

R - Fico muito encabulado
Com esta sua intimidade
Isto já faz tanto tempo
Estava na flor da idade
Com a cabocla Rosinha
Eu me casei na cidade

U - Aqui eu vi o passado
Aqui estou no presente
Alimento a bicharada
O bicho temido é gente
Que roça e ateia fogo
Pelas costas e pela frente

R - Eu não pego mais em foice
No mato vou semear
Semente de imbu doce
Do que eu gosto de chupar
Nunca mais faço a besteira
De um Pé de imbu cortar

O umbu foi vencedor
Nesta estória que criei
Que quiser que conte outra
Porque esta eu já contei,
Externando meu desejo
Nas palavras que rimei.



O Autor: Marialvo Barreto, reside à Fernando Ferrari, número 71, Bairro Brasília, na cidade de Feira de Santana, No estado da Bahia

“ VIVA A ARTE DO NOSSO POVO!!!”

sábado, 20 de fevereiro de 2010



Em conversa com meu amigo e Xilogravurista Luiz Natividade, soube que está desaparecendo, ou melhor, diminuíndo muito as pessoas que se prestam a desenvolver essa arte.
Então, resolví a entrar na luta pela valorização e não extinção da Xilogravura, assim comecei a fazer algumas, como está aí, que denominei "O Curupira", sei que falta muito pra chegar a ser Xilogravurista, mas já é um início.
Convido você a fazer o mesmo!
Nas primeiras notícias desse blog você encontra mais explicações sobre essa arte popular e também sobre o Xilogravurista Luiz Natividade e seus trabalhos.

De Intendente a Prefeito Na Terra De Santana

Feira de Santana, hoje com uma média de 600 mil habitantes, um comércio e uma indústria em franco desenvolvimento, é uma das cidades mais prosperas do Brasil. Mas para que ela chegasse a esse patamar foi necessário o suor de muitas pessoas, ao longo dos anos da sua existência.
Pensando assim e tendo acesso ao estudo feito pelo pesquisador Joaquim Gouveia da Gama, resolvi fazer uma homenagem para aqueles que conduziram a Princesa do Sertão para o rumo do esplendor.
Assim nasceu esta poesia popular em forma de literatura de cordel> só um lembrete, quando a mesma foi feita o prefeito Tarcísio Pimenta ainda não tinha tomado posse.



De Intendente a Prefeito Na Terra De Santana
(Nivaldo Cruz)



Feira de Santana
Hoje tão imponente
Já foi fazenda e vila
Ficou triste e contente
Comandada por prefeito
Teve também intendente.

Muitos homens
Todos de grande valor
Comandaram a Princesa
Para o rumo do esplendor
Criando pra Bahia a maior
Cidade do interior.

O Primeiro Intendente foi
O afamado coronel
Joaquim Sampaio
Homem Sério e Fiel
Comandou por cinco meses
A cidade sem ser quartel.

De primeiro de Fevereiro
A Julho do ano de Cristo
De oitocentos e noventa
Ele era sempre visto
Ocupando essa função
Sem receber nada por isto.

Com a saúde minada
O coronel afastou-se
Das funções de intendente
Então desocupou-se
Seu curto mandato
Assim acabou-se.

Freire de Lima
Assumiu seu lugar
Sendo também coronel
Começou administrar
A cidade de Santana
E tudo que nela há.

O segundo intendente
Muito tempo comandou
Foram mais de dez anos
Mostrando seu grande valor
Contribuindo pra Feira
Ser a maior do interior
De oitocentos e noventa
A Novecentos e três
Esse homem de valor
Mostrou toda sua altivez
Vindo a falecer em julho
Do ano, o sétimo mês.

O coronel José Guimarães
Assumiu interinamente
Sendo assim ele,
O terceiro intendente
De julho a dezembro
Governou corretamente.

Transmitiu o cargo
Para Tito Bacelar
Era outro coronel
Que ia bem administrar
Feira de Santana
E o seu nome honrar.

Em novecentos e quatro
Seu governo começou
Terminou em 906
Apenas dois anos durou.
Saiu pra ser deputado
E nunca mais voltou.

Assumiu então,
O anterior intendente
José Guimarães
Ficando um ano presente
O coronel cumpriu a tarefa
Sendo bem competente.

Outro coronel intendente
Foi Abdon de Abreu,
Dos anos de Oito a Doze
O povo assim o conheceu
Como grande representante,
Mandando em tudo qué seu.

Guarde bem esse nome
Bernadino da Silva Bahia
O coronel governou a cidade
Do nome da mãe de Maria.
Por três mandatos
Trazendo muita alegria.

Nos anos de Doze a Quinze
Foi o primeiro mandato
De vinte a Vinte e um
Foi o segundo de fato
De vinte e dois a vinte e três
Findou-se assim o retrato.

Agostinho Fróes da Mota
Outro coronel de valor
Comandou o destino
Da sua cidade com amor,
Foram dois mandatos
Mostrando seu grande fervor.

Os anos de 16 a 17
O intendente comandou
De Dezoito a Dezenove
Seu governo completou
Deixando saudade
Por tudo que executou.

Arnold Ferreira da Silva
O primeiro intendente
Sem a polpa e a galhardia
De ser dono de patente
Governou com destreza
A cidade da gente.

De 24 a vinte e sete
Mandou na Cidade Princesa
Esse homem do povo
Trazendo, com ele, a certeza
De um novo tempo
De progresso com firmeza.

Elpídio Raimundo Nova,
Dessa vez foi um doutor
Que a cidade de Lucas
Veio comandar com valor
Foi o último intendente
Do saber bem detentor.

Devido a uma lei
Que tudo aqui mudou
Doutor Elpídio
Prefeito logo se tornou,
O primeiro dos muitos
Que pela Prefeitura passou.

Assumiu no ano de 28
Como último intendente
Em 29 com a mudança
Já com tudo diferente
Vira o Primeiro Prefeito
Dessa terra tão potente.

Com a mudança da lei
Tudo na cidade mudou
Intendente virou Prefeito
Conselheiro, vereador.
A Intendência , prefeitura.
Conselho? Câmara virou.

Dando Prosseguimento
A nossa grande peleja
De mostrar tudo
Pra que tu saibas e veja,
Quem mandou
Na princesa sertaneja.

O Último coronel
Que mandou em nossa Feira.
João Mendes da Costa
Foi prefeito de primeira
Governou seriamente
Sem fazer nenhuma besteira.

Mas por causa da seca
Que assolou o sertão
Não foi feliz
Essa sua nobre gestão
Sem ter o que fazer
Chorou e pediu perdão.

De 31 a trinta e três
Aconteceu a sua gestão
Anos castigados
Pela maior seca do sertão
Era gente e bicho morrendo
Parecia coisa do cão.

Doutor Elpídio Nova
Volta em trinta e três
É prefeito de Feira
Com alegria outra vez
Até o ano de trinta e cinco
Comandou com altivez.

Heráclito Dias de Carvalho
Foi um prefeito porreta
Dentre os seu feitos
Realizou a Micareta
A primeira do Brasil.
Com muita cor e careta.

Ficando até trinta e sete
Muita coisa realizou
Trouxe o cine sonoro
Novidade do exterior.
Parecendo uma capital
Nossa princesa ficou.

Heráclito, a ser prefeito
Outra vez inda voltou
De 38 a quarenta e três
Essa cidade governou.
Do passo municipal
Muita coisa ordenou.

De novembro de 37 a julho de
Trinta e oito foi prefeito,
Teobaldo de Carvalho
Doutor de grau em Direito
Ficou menos de um ano
Com todo nosso respeito.

José Berbert Tavares
Foi prefeito da cidade
De 43 a Quarenta e quatro
Governando com vontade,
O doutor se fez presente
Em toda a solenidade.

Eduardo Fróes da Mota pouco
Mais de um ano governou,
De 44 a quarenta e cinco,
A terra que tanto amou
O doutor, filho de Agostinho
A ninguém decepcionou.

Alibert Batista
Dois meses foi prefeito
O doutor não teve tempo
De deixar nenhum feito
Mas, também não permitiu
Nenhum desrespeito.

Acioly de Andrade
Um engenheiro civil
Por cinco meses bem contados
A prefeitura assumiu
Deixando em quarenta e seis
Esse posto varonil.

Ainda em quarenta e seis
Foi prefeito outro doutor
Augusto Vital Graça
A cidade comandou
Mas nesse mesmo ano
O poder de mão mudou.

Assumindo dessa vez
Doutor Carlos Valadares
Até inicio de quarenta e sete
Comandou os seus pares
Mas não ficou muito tempo
Comandando nossos lares.

Ainda em quarenta e sete
Mais três o Paço assumiu
João Barbosa de Carvalho
Não finja que não ouviu!
Edelvito de Araújo
Outro doutor gentil.

Ficou até quarenta e oito
Francisco Barbosa Caribé
Será que completa um ano?
Completará se Deus quiser
Mas Deus não quis
E lá se foi seu Chico, Zé.

Agnaldo Soares Boaventura
Seu mandato então cumpriu
Depois de muito tempo
Feira apostou, Feira viu
De 48 a cinqüenta e um
Um prefeito varonil.

Um professor
Foi quem lhe substituiu
Almachio Alves Boaventura
Seu mandato inteiro cumpriu
De 51 a cinqüenta e cinco
Foi prefeito no Brasil.

De 55 a Cinqüenta e nove
João Marinho Falcão
O maior empreendedor
Da Princesa do sertão
Foi seu prefeito
Dando orgulho ao cidadão.

Das muitas coisas que fez
A Luz elétrica instalou
Em muitos bairros,
É verdade seu doutor
Também muitas ruas
Construiu e pavimentou.

Arnold Ferreira Silva
Como prefeito voltou
A governar a cidade
Que tanto fez e amou
Não cumpriu todo o mandato
Pois a saúde não deixou.

Assumindo em Cinqüenta e nove
Em Sessenta e Dois deixou
Com a saúde abalada
Então se licenciou,
Foi se cuidar
E nunca mais voltou.

José Sisnando de Lima
Assumiu assim o seu lugar
Até sessenta e três
Teve então que mandar
Na cidade Princesa.
Não há Lugar melhor pra morar.

Francisco Pinto
Homem sério e de ação
Foi prefeito de Feira
Até chegar a Revolução
Em sessenta e quatro
Foi deposto da função.

Foi opositor ferrenho
De todos os militares
Que fizeram no Brasil
Um bucado de barbáries,
Foi deputado e lutou
Pelos inocentes milhares.

Pro seu lugar na prefeitura
Um professor foi indicado,
Joselito Amorim
Da confiança do soldado
Dos homens que mandavam
No país ultrajado.

Até abril de sessenta e sete
O professor governou.
O Museu Regional
Ele fez e Inaugurou
E o cemitério São Jorge
Na construção ajudou.

Foi substituído
Pelo Doutor João Durval
Dentista formado
Lá na nossa capital,
Muito fez e faz por Feira
A sua terra natal.

Até janeiro de 61
O então prefeito João
Muito fez pela cidade.
Nossa Princesa do sertão,
Trazendo a luz de mercúrio,
Iluminando a escuridão.

Ainda começou
O centro industrial,
Com o sonho de fazer dessa,
Uma cidade universal
Trazendo progresso e dinheiro
De tudo que é capital.

É o político da terra
De maior expressão
Foi governador do estado
Com muita dedicação
E mais recente
Senador da nossa nação.

Doutor João Durval
Voltou então a governar
A Feira de Santana,
Esse que é o seu lugar
Mais pra governador
Precisou se candidatar.

Seu mandato no meio
Teve então que deixar.
De 93 a noventa e quatro
Foi quando pôde comandar
E da sua preciosa cidade
Poder os caminhos guiar.

Mas, pros anos de chumbo
Vamos ter que voltar.
Newton da Costa Falcão
Começa a comandar
Até setenta e três
Vai a cidade urbanizar.

José Falcão da Silva
Esse também teve valor
De 73 a setenta e sete
Foi ele o grande detentor
Do poder municipal
Quando o Paço ocupou.

Mudou a Feira livre pro
Centro de Abastecimento
Antes, era na Getúlio trazendo
Muito aborrecimento.
Com a mudança, o povo teve
Um grande contentamento.

Colbert Martins da Silva
Chamado prefeito da gente
Na sua primeira gestão
Trabalhou dignamente,
Chegou em 77 fazendo
Tudo pelo carente.

Teve o seu mandato por mais
Dois anos prorrogado,
Mas, em oitenta e dois
Saiu pra ser deputado.
Em seu lugar ficou
Um homem bem honrado.

José Raimundo Azevedo
Esse era o nome do vice
Que terminou o governo
Sem muita gabolice
Trabalhando muito sério
Dando prazer a quem visse.

Menos de um ano
Ficou nessa posição
Mas, foi tempo bastante
Pra muita realização.
Na cadeia pública
Fez grande restauração.

A Câmara de Vereadores
Sofreu uma transformação
Até a Senhor dos Passos
Teve modificação.
José Raimundo Azevedo
É professor de profissão.

De 83 a oitenta e oito
Abraços nos braços do povo
José Falcão da Silva
Voltou a prefeitura de novo
Foi prefeito querido
Não foi nem um estorvo.

Muitas obras ele fez
Nessa sua nobre gestão
Do complexo Matadouro
Fez projeto e construção,
O aeroporto da cidade
Começou a instalação.

Fez o complexo Policial
E a Casa de Detenção,
Da Justiça do Trabalho
Iniciou a Construção,
No Fórum Filinto Bastos
Provocou ampliação.

Colbert Martins da Silva
De 89 a noventa e três
O cargo de prefeito
Volta a ocupar outra vez
Mesmo em cadeira de rodas
Não perdeu sua altivez.

E liderou a melhor gestão
Que qualquer prefeito já fez
Na cidade de Santana,
Administrou com altivez
Foi um governo pro povo
Foi o prefeito da vez.

Substituiu doutor Colbert,
O doutor João Durval
Que como já foi falado
Fez um mandato sem final,
Pois saiu antes do tempo
Pra campanha eleitoral.

O Professor Zé Raimundo
De 94 a noventa e seis
Foi de vice a Prefeito,
Comandou mais uma vez
Com muita seriedade,
De novo foi o que ele fez.

Doutor José Falcão
Mostrando ser um guerreiro
Assumiu mais uma vez.
Seu mandato derradeiro
Mesmo ruim da saúde
Sacrificou-se por inteiro.

No ano de noventa e sete
De janeiro a agosto
Governou a cidade
De uma forma de dar gosto
Mas no mês do azar,
Veio o nosso desgosto.

Infelizmente aconteceu
Zé Falcão, nos deixou
Colocando a saudade
No peito de quem o amou
Deixando órfã Feira
A quem tanto se dedicou.

Claiton Mascarenhas assumiu
Sem nenhuma experiência,
Pagou caro o feirense
Por sua incompetência,
Não conhecia o poder
Nem a sua conseqüência.

De dois mil e um a 2008
Um só prefeito se fez
José Ronaldo de Carvalho
Foi o prefeito da vez
Duas vezes foi eleito,
Se a lei permitisse era três.

Seu governo a cada ano
Crescia em aceitação,
Fazendo muita coisa
Na Princesa do Sertão
Esse Paripiranguense
Formado em administração.

2009 trouxe
Um prefeito novo,
Tarcisio Pimenta foi,
A escolha do povo.
Pra ser um bom governo
Eu Rezo, eu louvo.

Na campanha ele usou
Como mote principal
O terceiro mandato
Do prefeito atual
Que era Zé Ronaldo
No momento o maioral.

O futuro a Deus pertence
Não vou fazer previsão
Até esse momento é
O que tenho de informação.
E não vou inventar pra
Não criar decepção.

Meus senhores
Sem nenhuma ambição,
Esse pobre curioso
Quis chamar sua atenção
Pra não ser esquecido
Quem mandou nesse rincão.

Pode até acontecer
De algum erro encontrar,
Mas, caso isso ocorra
Por favor denunciar.
Pois, perfeito só Cristo
Nós tamo aqui é pra errar.

Antes de tudo acabar
Quero muito agradecer
Joaquim Gouveia da Gama
Quero aqui enaltecer,
Seu estudo valioso
Fez essa obra nascer.

Quem quiser mais conhecer
Peço, favor lhe procurar
É um homem de conhecimento
Sobre as coisas do lugar
Mesmo sem conhecê-lo
Quero aqui reverenciar.

Os outros agradecimentos
Vão pra arte popular.
Pra Patrícia e Jurivaldo
Amantes d´arte secular
De usar o cordel
Pra histórias vir contar.

Jurivaldo Alves da Silva
Poeta de primeira,
Patrícia Oliveira da Silva
Sua filha e companheira
Nessa bonita aventura
Da poesia verdadeira.

Obrigado meus amigos
Da terra que tenho amor
Minha Feira de Santana
Cidade de muito valor
Que acolhe todos bem.
É terra da avó do salvador !

Lendo esse cordel,
Você que aqui chegou.
Eu te peço não pare
Procure outro, seu leitor.
Nunca deixe de aprender
A história do senhor.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Ivanildo Vila Nova - Cantador, Violeiro é Poeta

O Brasil possui grandes cantadores, entre eles o Poeta, Cantador e Repentista Ivanido Vila Nova, que o site http://www.musicadepernambuco.pe.gov.br/ define assim:

“O repentista pernambucano Ivanildo Vila Nova, co-autor da célebre canção-manifesto "Nordeste Independente (Imagine o Brasil)", sucesso perene na voz de Elba Ramalho desde 1984 - comemorou 60 anos de idade.

Ele é hoje o maior repentista brasileiro. Seu trabalho se destaca pela sutileza de seus versos, pela síntese de seus improvisos e pela variedade temática. Após 40 anos de carreira, mantém-se no topo da pirâmide, admirado por todos aqueles que reconhecem a sua responsabilidade pelo crescimento da Cantoria e sua luta para profissionalizar a Arte do Repente.

No ano 2000, foi eleito o Cantador do Século XX, concorrendo com nomes como Cego Aderaldo, Dimas Batista e Pinto do Monteiro, em rigoroso processo de votação conduzido pelos líderes das Associações de Cantadores do Nordeste, os apologistas (incentivadores) da Cantoria e os próprios cantadores.”


Dentre as obras primas do poema podemos destacar estas:


Nordeste IndependenteIvanildo Vilanova/ Bráulio Tavares


Já que existe no sul esse conceito
Que o nordeste é ruim, seco e ingrato
Já que existe a separação de fato
É preciso torná-la de direito
Quando um dia qualquer isso for feito
Todos dois vão lucrar imensamente
Começando uma vida diferente
De que a gente até hoje tem vivido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente

Dividindo a partir de Salvador
O nordeste seria outro país
Vigoroso, leal, rico e feliz
Sem dever a ninguém no exterior
Jangadeiro seria o senador
O cassaco de roça era o suplente
Cantador de viola o presidente
O vaqueiro era o líder do partido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente

Em Recife o distrito industrial
O idioma ia ser nordestinense
A bandeira de renda cearense
“Asa Branca” era o hino nacional
O folheto era o símbolo oficial
A moeda, o tostão de antigamente
Conselheiro seria o inconfidente
Lampião, o herói inesquecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente

O Brasil ia ter de importar
Do nordeste algodão, cana, caju
Carnaúba, laranja, babaçu
Abacaxi e o sal de cozinhar

O arroz, o agave do lugar
O petróleo, a cebola, o aguardente
O nordeste é auto-suficiente
O seu lucro seria garantido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente

Se isso aí se tornar realidade
E alguém do Brasil nos visitar
Nesse nosso país vai encontrar
Confiança, respeito e amizade
Tem o pão repartido na metade,
Temo prato na mesa, a cama quente
Brasileiro será irmão da gente
Vai pra lá que será bem recebido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente

Eu não quero, com isso, que vocês
Imaginem que eu tento ser grosseiro
Pois se lembrem que o povo brasileiro
É amigo do povo português
Se um dia a separação se fez
Todos os dois se respeitam no presente
Se isso aí já deu certo antigamente
Nesse exemplo concreto e conhecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente

Radical se transforma em moderado1Ivanildo Vilanova

Radical se transforma em moderado
Se quiser jogar bem no outro time
Ou acopla-se aos moldes do regime
Ou por outra depois tu é cassado
Quando não ele fica deslumbrado
Com mulheres, passeios e prazer
Mordomia, jetom, luxo e lazer
Tudo isso é efêmero, mas ilude

Não conheço esquerdista que não mude
Quando pega nas rédeas do poder

O ministro, o prefeito, o deputado
Com direito a chofer e secretária
Segurança, assessor, estagiária
Gabinete com ar condicionado
Vai lembrar-se do proletariado
Com favela e cortiço pra viver
Ou será que não vai se aborrecer
Com esgoto, favela, mofo e grude

Não conheço esquerdista que não mude
Quando pega nas rédeas do poder

E o mártir que tem convicção
De arriscar sua vida, seu emprego
A família, o futuro, o sossego
Por um povo, um projeto, uma nação
Um Sandino tentou mas foi em vão
Um Guevara esforçou-se por fazer
Hoje em dia é difícil aparecer
Marighela, Lamarca ou Robin Hood

Não conheço esquerdista que não mude
Quando pega nas rédeas do poder

Que fará um sujeito agitador
Bóia-fria, sem-terra, piqueteiro
Camarada, comuna, companheiro
Se um dia tornar-se senador
Vindo até se eleger governador
Qual será o seu novo proceder
Vai mudar, mentir ou vai manter
As promessas que fez de forma rude

Não conheço esquerdista que não mude
Quando pega nas rédeas do poder

Quem tem honra, da mesma não se aparta
É querer liberdade pra o Nordeste
É Xanana Gusmão do Timor Leste
Enfrentando os exércitos de Jacarta
Boutros Ghali primando pela carta
Que o Pentágono queria prescrever
É qualquer palestino a combater
Um Netanyahu ou Ehud

Não conheço esquerdista que não mude
Quando pega nas rédeas do poder

No período que o adolescente
Quer mudar o planeta e o País
Através dos arroubos juvenis
Vira líder, orador e dirigente
Mas se um dia ele vira presidente
O que foi nunca mais poderá ser
Aí diz que o remédio é esquecer
As loucuras que fez na juventude

Não conheço esquerdista que não mude
Quando pega nas rédeas do poder

Todo jovem a princípio é sectário
É o atuante grevista, condutor
Exaltado, anti-yankee, pregador
Um perfeito revolucionário
Cresce, casa-se e torna secretário
E aí o que trata de fazer
Leva logo a família a conhecer
Disneylândia, Washington e Hollywood

Não conheço esquerdista que não mude
Quando pega nas rédeas do poder

Quem vivia de luta e de vigília
Invasão, pichamento e barricada
Através disso aí fez uma escada
Pra chegar aos tapetes de Brasília
Vai pensar no progresso da família
E o que faz pra do posto não descer
Nunca falta quem queira se vender
Sempre acha um covarde que lhe ajude

Não conheço esquerdista que não mude
Quando pega nas rédeas do poder

Dirigido não é o dirigente
E dominante não é o dominado
Se quem vive debaixo é revoltado
Quando sobe ele fica diferente
Compreendo a fraqueza dessa gente
Submissa ao desejo de vencer
Quem sou eu pra ser dono da virtude

Não conheço esquerdista que não mude
Quando pega nas rédeas do poder

Eu já vi muita gente amarelar
Por pressão covardia ou por dinheiro
Jornalista, cantor e violeiro
Metalúrgico, político e militar
Só Luís Carlos Prestes foi sem par
Defendeu sua tese até morrer
E Gregório Bezerra sem temer
Levou seus ideais ao ataúde

Não conheço esquerdista que não mude
Quando pega nas rédeas do poder...

Até o Sol Raiá

Esse trabalho mostra que tem muita gente boa fazendo pela nossa cultura. Nesse filme o pessoal do Fantoche Studio e Página 21 de Recipe-Pe, trazem a Criatividade, Fantasia e Cultura Popular, eles foram premiados no Animamundi 2008. É isso, VIVA A CULTURA NORDESTINA E BRASILEIRA!!!!


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Essa Turma Luta Pela Existência da Literatura de Cordel



Essa foto mostra uma cena que quase não se vê mais no Nordeste Brasileiro, Mas que já foi contidiana. Um folheteiro vendendo livro de cordel, ou romances de cordel como os mais velhos chamavam.
Na foto estão pessoas que lutam para que essa arte não morra, na ordem da esquerda para a direita Lampião de Feira, o Poeta Cordelista mais velho da Bahia em atividade Antonio Alves, o único folheteiro em atividade na Bahia atualmente e Poeta Cordelista, Jurevaldo Alves, O Diretor do filme sobre o Cangaço( esquecí o nome dele agora Rsrsrsrs) e o Contador de Causo e Poeta Seu Júlio (Julinho. Todos embaixo do Oitizeiro, bem em rente ao Mercado de Arte de Feira de Santana.


Só A Título De Informação... Segundo o site Wikipédia:

Literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome que vem lá de Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. No Nordeste do Brasil, herdamos o nome (embora o povo chame esta manifestação de folheto), mas a tradição do barbante não perpetuou. Ou seja, o folheto brasileiro poderia ou não estar exposto em barbantes. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.
A história da literatura de cordel começa com o romanceiro luso-espanhol da Idade Média e do Renascimento. O nome cordel está ligado à forma de comercialização desses folhetos em Portugal, onde eram pendurados em cordões, lá chamados de cordéis. Inicialmente, eles também continham peças de teatro, como as de autoria de Gil Vicente (1465-1536).Foram os portugueses que trouxeram o cordel para o Brasil desde o início da colonização. Na segunda metade do século XIX começaram as impressões de folhetos brasileiros, com características próprias daqui. Os temas incluem desde fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas , temas religiosos, entre muitos outros. As façanhas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938) e o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954) são alguns dos assuntos de cordéis que tiveram maior tiragem no passado. Não há limite para a criação de temas dos folhetos. Praticamente todo e qualquer assunto pode virar cordel nas mãos de um poeta competente.
No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará. Costumava ser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores. Hoje também se faz presente em outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O cordel hoje é vendido em feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas apresentações dos cordelistas.
Os poetas Leandro Gomes de Barros (1865-1918) e João Martins de Athayde (1880-1959) estão entre os principais autores do passado.[1]
Todavia, este tipo de literatura apresenta vários aspectos interessantes e dignos de destaque:

Óia Eu Em Xilogravura!!!!



Essa obra é do Xilogravurista e Cordelista Luiz Natividade, um expoente dessa arte na Bahia.
Luiz nasceu em Junqueiro, no estado de Alagoas, no dia 07 de maio de 1961. Veio para Bahia em 1980, para estudar e acabou se encantado pela terrinha. È formado em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes da universidade Federal da Bahia (UFBA).
Outros encontros com os belos trabalhos de Natividade, você pode ter acessando o Blog dele, que é natividadexilo.blogspot.com
Se achar melhor entrar em contato com o mesmo é só ligar zero operadora 71 8186 3415.
O que eu posso garantir é que você terá contato com uma pessoa iluminado, além de um grande artista, uma pessoa simples e de bom caráter.

Só a título de informação... Segundo o site Wikipédia:


Xilogravura é a técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a reprodução de imagens e textos sobre papel ou outro suporte adequado. É um processo inversamente parecido com um carimbo já que o papel é prensado com as mãos sobre a matriz.
A técnica exige que se entalhe na madeira, com ajuda de instrumento cortante, a figura ou forma (matriz) que se pretende imprimir. Em seguida usa-se um rolo de borracha embebecida em tinta, tocando só as partes elevadas do entalhe. O final do processo é a impressão em alto relevo em papel ou pano especial, que fica impregnado com a tinta, revelando a figura. Entre as suas variações do suporte pode-se gravar em linóleo (linoleogravura) ou qualquer outra superfície plana.
A xilogravura originou-se na China, sendo conhecida desde o século VIII. No oriente, ela já se afirma durante a Idade Medieval. No século XVI duas inovações revolucionaram a xilogravura. A chegada à África das gravuras Européias a cores, que tiveram grande influência sobre as artes do século XX, e a técnica da gravura de topo criada por Thomas Bewick.
A xilogravura popular é uma permanência do traço medieval da cultura portuguesa transplantada para o Brasil e que se desenvolveu na literatura de cordel. Quase todos os xilogravadores populares brasileiros, principalmente no Nordeste do país, provêm do cordel. Entre os mais importantes presentes no acervo da Galeria Brasiliana estão Abraão Batista, seu filho Hamurabi Batista, José Costa Leite, Forró de Varanda, J. Borges, José Lourenço , Gilvan Samico , Severino Borges e Felipe Mendes.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Essa É Uma Boa Pediada de Leitura

Quem já teve a oportunidade de voar pela TAM, conhece uma das revistas que mais valorizam a brasilidade.
A Revista Almanaque Brasil é a revista de bordo da empresa aérea, um projeto do artista plástico e amante da cultura nacional, Elifas Andreato, que trás curiosidades, artigos e matérias que valorizam o Brasil e os brasileiros. Também tem no seu conteúdo fatos históricos, causos e muitas outras coisas boas sobre esse continente verde e amarelo.
Desde o final do ano passado, a Revista Almanaque Brasil está em todas as Bancas de revista do país, além disso ela pode ser acessada pelo site http://www.almanaquebrasil.com.br/

Vale a pena conhecer, é muito BOOOOAAAAA!!!!

Pra Começar..

Essa poesia estilo popular, que muitos chamam cordel, tem como autor Nivaldo Cruz de Cerqueira, nascido no dia 31 de janeiro de 1969, no Hospital Dom Pedro de Alcântara, na cidade de Feira de Santana, no Estado da Bahia.
Nivaldo é Radialista de profissão, Administrador em Marketing de Formação, com especialização em Gestão estratégica de Negócios, também faz palestras sobre os temas de administração. Como hobby é um apaixonado pela Brasilidade Brasileira do Brasil, ou seja, pela cultura do nosso país.Assim sendo, ousa a tantar escrever algumas poesias, até no estilo cordel, é bom deixar claro que as poesias são só no estilo cordel, pois faltam alguns elementos para que tornem-se desse estilo, como a metrificação de sete sílabas por frase.
Abaixo segue um de seus trabalhos:

A Chegada de ACM ao Inferno
Nivaldo Cruz – 23.07.2007


Era zuada, rebuliço,
Quiprocó, correria,
Era baderna, vexame,
Debandada, estería,
Desmantelo, agonia,
Zum zum zum e quebraria.

Tudo isso aconteceu
Com a notícia chegada,
Tava vindo a criatura
Mais temida e desgraçada,
Era esse o motivo
De pânico da diabada.

Nunca se viu coisa igual
Por toda aquela região
Nem mesmo no dia
Que chegou Lampião.
Dessa vez tava com medo
Até mesmo o próprio Cão.

A fama do dito cabôco,
O talzinho chegante
Vinha de longe e era
Muito do importante.
Tudo que num presta
Reunia o ficante.

Quando a notícia
Do passamento chegou
Foi tamanha a surpresa
Que todos ali tomou,
Sem ter uma saída breve
Tudo se desesperou.

Num ia durar mais tempo?
Num foi o que prometeu,
O próprio satanás?
O que aconteceu?
Me respondam por favor,
Agora que faço eu?

Desesperado um diabo
Bem velho gritou
Sem saber o que fazer
Diante de tal horror
O medo tomava conta
De todo morador.


Nem o Cão sabia
O que tinha acontecido,
Ele próprio cuidava
Daquele ser encardido
Pra não correr o risco
De ser por ele vencido.

Mas por descuido
E arte do pecado
Por um deslizezinho
Ele se fez atarefado
O dito morreu e vem,
Buscar o seu reinado

Um diabo bem vestido
Parecendo um advogado
Gritou logo de uma vez,
Eu num fico encangado
Se ele ta pensando que é lá
Ta é muito enganado.

Outro também gritou,
Nessa disputa de poder
Quero ver muito bem
Quem vai ganhar ou perder
É maldade e malvadeza
Isso aqui vai é tremer.

Era acusação que vinha
De tudo que era lado,
Cão correndo depressa
Fungando, esbaforado,
Ninguém queria está ali
Na chegada do danado.

Fazer o que ?
Ninguém sabia
Ir pra onde?
Como é que seria ?
O dia ia virar noite
E a noite virar dia.

O ministério do inferno
Convocou uma reunião
Pra que dali saísse
Rápido uma solução,
Teve muita idéia,
Mais nenhuma união.


Foi sujerido que
Fosse um embaixador
Até os domínios do céu
Pra pedir a nosso senhor
Que com a sua clemência
Lutasse a seu favor.

Em contra partida
Iam lhe prometer
Nunca mais fazer maldade
E a Deus obedecer.
Mas o dito pra bem longe
Cristo tinha que remeter.

Redigiram a tal carta
O embaixador lá se foi
Mas São Pedro precavido
Não lhe deu nem um oi
E botou pra correr
O diabo Tapazôi.

Voltando a estaca zero
E agora o que fazer?
Ou lutar até a morte,
Ou viver para morrer!
Gritava os cãos jovens
Sem o perigo conhecer.

Satanás vendo tudo,
Decidiu então
Usar de sua astúcia
Tomar uma posição
E propor ao dito
Uma negociação.

Parte do inferno
Ele, o dito comandava ,
A outra parte com
O diabo ficava,
Assim tudo se resolvia
Era o que o pobre achava.

Nesse instante
Um só grito se ouviu
Era uma grande tristeza
Coisa igual nunca existiu
Os diabos todos gritando,
Um desespero febril.


Todos estavam
Em estado treme treme
Nem mais agüentavam
Era só geme geme
Quando pisou na entrada
Do inferno ACM.

Satanás, Veio receber
Tava branco que nem vela,
A voz nem saiu,
Ficou foi no mei da guela,
O pobre tava todo cagado,
Sofreu uma super derrela.

Quem mandava aqui?
Esbravejou o chegante
Dando o pisão no pé
Do Satanás ofegante
E dando tapa na cara
De um diabo passante.

Outro diabo veio
Com ele falar
Recebeu uma bordoada
Foi sentir e se mijar,
Foi chegando e já mostrando
Quem ia mandar no lugar.

Enquanto isso um grande
Êxodo aconteceu
Era diabo fugindo
Levando o q´era seu
Foi grande o debandada
Assim se assucedeu.

ACM então foi
Assumir o poder
Tinha lá uns que
Não puderam correr
Ficaram sendo escravos,
Vivendo no padecer.

Vagando pelo mundo
Satanás ta exilado
Não pode mais voltar
Tomaram o seu reinado
Cabe a ele só esperar
Viver amargurado.


No palácio do inferno
ACM é coroado
Vindo a ser o dono
Do poder excomungado,
Fazendo mudanças
Piorando o piorado.

Aquilo lá tá vazio
Parece até um deserto,
Tem uns poucos vivos,
Dois mil num chega nem perto,
Mas nas propaganda tá lá
O inferno no caminho certo.


FIM.