sábado, 27 de fevereiro de 2010

Luís da Câmara Cascudo - O FOLCLORISTA DO BRASIL




Um dos grandes folclorista do Brasil(quem sabe o maior) foi Luís da Câmara Cascudo . Aqui o “ A Arte Do Meu Povo” traz o que o site Wikpedia fala sobre ele.


“Luís da Câmara Cascudo (nasceu em Natal , no Rio Grande do Norte, em 30 de dezembro de 1898 e faleceu em Natal, 30 de julho de 1986) foi um historiador, folclorista, antropólogo, advogado e jornalista brasileiro.Passou toda a sua vida em Natal e dedicou-se ao estudo da cultura brasileira. Foi professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O Instituto de Antropologia desta universidade tem seu nome. Pesquisador das manifestações culturais brasileiras, deixou uma extensa obra, inclusive o Dicionário do Folclore Brasileiro (1952). Entre seus muitos títulos destacam-se: Alma patrícia (1921), obra de estréia, Contos tradicionais do Brasil (1946). Estudioso do período das invasões holandesas, publicou Geografia do Brasil holandês (1956). Suas memórias, O tempo e eu (1971) foram editadas postumamente. Quase chegou a ser demitido por estudar figuras folclóricas como o lobisomem.”

E foi lendo um dos belos livros do mestre, que me veio a inspiração de trazer para o verso popular algumas lendas do nosso país verde/amarelo. Assim, criei uma personagem (ficticia), Vado do Véi Pêdo, que estivesse presente nessas histórias. Escreví dez histórias em versos populares com lendas nacionais.
Apresentarei todas elas aqui, hoje vamos começar com...

Vado do Véi Pêdo e a Cobra Onorato
Nivaldo Cruz

Meus prezados senhores
Me adescurpe a ozadia
De pedir sua atenção
Pra aproveitar esse dia
E na ocasião contar
Dum cabra a sua leutria.

Um cabra Nordestino
Um cabra muito ozado
De muita valentia,
E também muito honrado,
Cheio de curiosidade.
Esse todo assanhado.

Vado do Véi Pêdo
Era assim q´ele respondia
O nome que lhe deram
Mas não era o de pia
Esse ninguém nunca soube
Nem o danado sabia.

A curiosidade desse cabra
Fez de tudo ele descobrir
Muitas lendas e histórias
Que existem nesse Brasí
Do norte até o sul
De lá de cima até aqui.

Esse cabra outro dia
Na budega me encontrou
Me abraçou deu bom dia
Muita estória me contou
Causo de arrupiar,
Qui também me encantou.

Disse que na viagem pelo norte
O Honorato conheceu
Irmão da finada Maria
Dois gêmeos qui nasceu
Diferente um do outro
Um subiu outro desceu.

Paranã de Cachoeri entre o
Amazonas e o Trombetas
Foi onde veio ao mundo
Essas duas coisas feitas.
Duas aberrações, assombrações
Assustando até caretas.

Os dois nasceram
Como negra serpente
Corpo de cobra
Rosto feito o de gente.
Um era do bem
Outro um satanás exigente.

Receberam nomes cristãos
Ele Honorato, ela Maria
Um era da noite
Outro feito pra o dia
Um sonhava em ser gente
Outro ser cobra queria.

Esses são bem conhecidos
Lá pras bandas do Norte
É a Cobra Onorato
Tão bom e meio sem sorte
E Maria Caninana de tão ruim
Seu fim teve de ser a morte.

Cobra Onorato
Era bom, gentil e forte
Nunca fez mal a ninguém
Vivia assim sem sua sorte
A sua mãe visitava
Vez por outra no Norte.

Nadava pra beira do rio
Esperava a noite chegar
Quando aparecia as estrelas e
Aracuã parava de cantar
Deixava na beirada
O coro da Cobra a secar.

Virava um belo rapaz
Que todo de branco ia
Com a sua mãe dormir
Porém antes de chegar o dia
Pra dentro do couro voltava
E a cobra feia surgia.

Salvou muita gente
De morrer afogada
Direitou montarias
Na meia encruzilhada
Venceu peixe grande
Em batalha ferrada.

Mas como tudo no mundo
Tem seu lado oposto
Maria Caninana tinha
A maldade no rosto.
A mãe nunca foi vê
Lhe dando muito desgosto.

Maria Caninana
Era de pura maldade
Afundava embarcações
Muito má de verdade
Matava pescadores
Tudo sem nem ter piedade.

Só tinha um jeito
Daquela peste se livrar
Pra por fim na besta fera
Alguém tinha que matar,
Quem tinha tanta coragem
Pra com Maria se arriscar.

Como ninguém
De coragem apareceu
Onorato, seu irmão
Pro serviço compareceu
E em uma batalha épica
A serpente Maria morreu.

A Cobra Onorato
Sua irmã malvada matou,
Por ela ser má e violenta
Ele a ela então acabou.
O bom Onorato assim
A todo o povo salvou.

A Cobra Onorato
Gostava de Farrear
Pra Beira do rio corria
Esperando noite chegar
Virava moço bonito
E com as moças ia dançar.

Era bem recebido em
Todo lugar que chegava
Com os rapazes do lugar
Ele brincava e conversava
Os velhos ouvia tudo
A todos, ele agradava.

O sonho dele então
Era gente poder virar.
Era achar um valente
Pro encanto ir quebrar.
A todos ele pedia
Pra fazer isso ou tentar.

Isso só pode uma vez
A cada ano acontecer.
Até a beira do rio
O corajoso tem que descer.
E quando o corpo da cobra
Dormindo, ele conseguir vê.

De leite de mulher
Mais do que de repente.
Três gotas tem de botar
Na boca da serpente.
E dar uma pancada na cabeça
Pra espirrar sangue quente.

Três gotas de sangue
Devem assim cair pelo chão
Só assim Cobra Onorato
Vai acabar a sua aflição
E passar a ser Honorato
Homem bom, sério e cristão.

Dos amigos de Onorato
Muitos até que tentaram
Mas Quando a Cobra viram
De tão feia, afroxaram
Até o dia que um valente
Todos eles encontraram.

Se os senhores o nome
Desse valente disser
Dou um prêmio
Pode ser homem ou mulher
Ele é um meu conhecido.
E é mesmo o que digo seu Zé.

Vós miceis não vão
Nem querer acreditar
Depois que o nome
Do cabra eu vos falar,
Mas foi verdade
Posso sim tudo afirmar.

Quem matou a cobra
Foi o Vado do Véi Pêdo
Ele chegou , olhou
E sem nem ligar pro medo,
Fez o que tinha de fazer
Sem sujar nem um dedo.

Ele me disse que de
Honorato sentiu pena
Quando com ele encontrou
No Cabaré de mãe Nena
Na cidade de Cametá,no Pará
Namorando uma pequena.

Sua história conheceu.
Desde essa data então
De sua cabeça não saiu
Uma tá arquitetação
Pra salvar Honorato
Da maldita maldição.

Quando a noite certa chegou
Pra beira do riu correu
Levando leite de mulher
Num vidrinho que era seu
E um marchado ainda virgem
Que a madeira não conheceu.

Chegando no dito lugar
A cobra feia ele avistou
O corpo todo tremeu
Até a espinha gelou
O monstro era muito feio,
Em correr ele então pensou.

Mas, seu amigo Honorato
Nele tinha confiança.
Não podia ele correr
Pra lhe dar desesperança.
Pediu a Deus força e coragem.
E foi começar a matança.

Três gotas de leite de mulher
Botou na boca da serpente,
Deu-lhe pancada na cabeça
Tão rápido,de repente.
Que a bicha nem viu
Que morreu depressamente.

Assim Cobra Onorato
Então se acabou, morreu
Honorato é quem ficou
Honorato é quem nasceu
Quem disse foi Vado,
Que a peste da cobra venceu.

Eu acredito porque
Do que duvidar num tenho
E aos senhores aproveito
Pra contar aqui venho
Nessas coisa de lenda
É que eu me empenho.

Vois miceis conhecêro
Nesse momento presente
Mais um pouco da memória
Do nosso Brasí inocente
Essa é lá do Norte.
Todos irmão da gente.

E a quem quiser
Possa também interessar
O pesquisador Câmara Cascudo
Tem muito pra informar
Sobre as lendas brasileiras.
Favor livros dele procurar.

Só assim os senhores
Vão então poder conhecer
Como somos inteligentes
E também vão aprender
A valorizar o que é nosso e
Não, o que nos dão pra comer.


" VIVA A ARTE DO MEU POVO!"

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