sábado, 24 de setembro de 2011

Precupação Di Um Matuto

O “A Arte Do Meu Povo”, volta com a série Istóras Di Cantadô. Livro que escreví em 1992, através do SOS-Movimento Editorial Alternativo, um projeto do saudoso mestre Manoel de Christo Planzo.Espero que você goste.





Precupação De Um Matuto (Nivaldo Cruz-1992)



Óia, seu moço
Qui mi nasceu
Um caroço
Na artura da bunda,
O danado coça qui só!
Já min disséro q´era treis sor.
Duvido, pru que nunca ví
Treis sor nesse lugá,
Mais Cuma tudo tá mudado
Tem`io medo de duvidá,
Já tem cabra cortano us troço
Pru mode mulé virá,
Já tem mininu nasceno in garrafa
Sem di mãe pricisá.
U mundo tá todo virado,
Nois num sabe adonde tá.
Só sei, qui nois só faiz
U qui us gringo mandá,
Só sei, qui tem póbe morreno,
Pru mode us grande inrricá.
Só sei, qui tem mininu cum fome,
Nas rua sem tê adonde morá.
I u meu caroço num para de coçá!
Tem um cumpadi meu, diputado
Qui roba tanto, qui num tem
Mais adonde butá.
Já tem aqui no arraiá,
U Chico Lumbriga,
Qui si num achá din´êro prus remédio
As verme vão matá.
Achu mió percurá
Um dotô na capitá
Pru meu caroço curá.
I a situação dus povo,
Dêxo nas mão di Deus,
Só ele pode ajustá.



“E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!”

sábado, 17 de setembro de 2011

O Lobisomem E O Coronel

Dando uma pequena pausa na série “Istóras di Cantadô”, o A Arte Do Meu Povo, homenageia o trabalho maravilhoso de Ítalo Cajueiro, Elvis Kleber e toda equipe da Exemplus Filmes, através do curta-metragem , “O Lobisomem e o Coronel”.




Não se tem maiores detalhes sobre esse maravilhoso trabalho. Por isso, quem possuir alguma informação sobre ele, ou sobre os seus autores por favor pode enviar, que será um prazer falar mais de coisa tão boa.
É a nossa cultura popular através das novas ferramentas da comunicação. Nem tão novas, mas diferentes de onde estamos acostumados a ver a nossa boa cultura nordestina.
Mais uma vez: Parabéns Ítalo!! Parabéns Kleber! Parabéns a todos os apaixonados pela nossa brasilidade, brasileira do Brasil.


“E VIVA A ARTE DO MEU POVO!”

sábado, 10 de setembro de 2011

Fío Du Chão

Continua a série “Istóras Di Cantadô”, no A Arte Do Meu Povo. Como já disse, é um livro escrito por mim e editado pelo SOS – Movimento Editorial Alternativo, do saudoso mestre Manoel de Christo Planzo, no ano de 1992. Espero que goste de mais essa istóra.





Fío Du Chão
(Nivaldo Cruz – 1992)


Óia dona moça,
Eu tô vino du sertão,
Tô vino pra viver,
Mas eu sô fío du chão.
Na min´a terra
U sor mata min´a gente,
Acaba cum as prantação,
U sor é pai du fogo
I eu, fío du chão.
Nu peito trago umá dô,
Acho qui é sardade dus irmão.
Sabe dona moça?
Quano eu era piquenu,
Num quiria tê patrão.
Mas ôje pru mode
Num morrê di fome,
Min intrego a iscravidão.
Eu trabaio nessa construção,
Mas na verdade eu sô mermo
É fio du chão.


"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!"

domingo, 4 de setembro de 2011

Arrependimento do Caatinguêro

Aqui no "A arte Do Meu Povo", mais uma postagem originada do livro “ Istóras Di Cantadô”.Pode fazer suas críticas, elas serão bem vindas e necessárias para o crescimento desse cabra "ozado" metido a poeta e escritor.
Desde já, só tenho a agradecer a sua visita. Muito obrigado mesmo!!!!!




Arrependimento do Caatinguêro
Nivaldo Cruz – Istóras di Cantadô(1992)



Tô cum sardade da min´a terra natá,
Pru que lá
Eu tem´io duas vaca magra no currá,
Tamém um´a mulé i deiz fio pá criá.
Meu branco, mi dêxa vortá!

Eu quero distocá pasto
I capiná quintá.

Num posso ficá aqui nu sú,
Num sei cortá cana i
Nem ser iscravo de bacana,
Isso é coisa pá tu.

Eu nasci caatinguêro
In preno mêis di feverêro,
Ô foi janêro, num sei.
Quero é vortá pu meu lugá
I vivê min´a lei.

Vortá pu meu pedacim di chão,
Donde sô rei i irmão.
Qui sodade meu branco, du meu sertão.
Das istóra de Lampião,
Dus mandacarú, dus lagêdo,
Das nôthe di são juão.

Eu num posso morrê aqui seu moço,
Tên´io de vê min´a famía,
Sabê nutiça da min´a mulé Maria.
Óia homi, era tudo q´eu quiria.

Acho qui Deus me castigô,
Pru tê pirdido a fé in Nosso Senhô,
Tamém dotô pirdi meu pai, min´a mãe e dois fie
Pu causa da seca infiliz.

Intão fugi pra cá atrais di coisa mió.
Incima du pau de arara,
No camin cumi muntho pó,
Óia! eu acho qui virei cabra frôxo,
I tudo invés de ficá mió, ficô pió.
Pra distraí mermo, só us forró.

Lá nois bebe da danada,
Qui dêxa a cabeça aliviada
Inté a óra di vumitá.
Meu branco mi dêxa vortá,
Pra min´a terra natá!


"E VIVA A ARTE DOMEU POVO!"