domingo, 4 de setembro de 2011

Arrependimento do Caatinguêro

Aqui no "A arte Do Meu Povo", mais uma postagem originada do livro “ Istóras Di Cantadô”.Pode fazer suas críticas, elas serão bem vindas e necessárias para o crescimento desse cabra "ozado" metido a poeta e escritor.
Desde já, só tenho a agradecer a sua visita. Muito obrigado mesmo!!!!!




Arrependimento do Caatinguêro
Nivaldo Cruz – Istóras di Cantadô(1992)



Tô cum sardade da min´a terra natá,
Pru que lá
Eu tem´io duas vaca magra no currá,
Tamém um´a mulé i deiz fio pá criá.
Meu branco, mi dêxa vortá!

Eu quero distocá pasto
I capiná quintá.

Num posso ficá aqui nu sú,
Num sei cortá cana i
Nem ser iscravo de bacana,
Isso é coisa pá tu.

Eu nasci caatinguêro
In preno mêis di feverêro,
Ô foi janêro, num sei.
Quero é vortá pu meu lugá
I vivê min´a lei.

Vortá pu meu pedacim di chão,
Donde sô rei i irmão.
Qui sodade meu branco, du meu sertão.
Das istóra de Lampião,
Dus mandacarú, dus lagêdo,
Das nôthe di são juão.

Eu num posso morrê aqui seu moço,
Tên´io de vê min´a famía,
Sabê nutiça da min´a mulé Maria.
Óia homi, era tudo q´eu quiria.

Acho qui Deus me castigô,
Pru tê pirdido a fé in Nosso Senhô,
Tamém dotô pirdi meu pai, min´a mãe e dois fie
Pu causa da seca infiliz.

Intão fugi pra cá atrais di coisa mió.
Incima du pau de arara,
No camin cumi muntho pó,
Óia! eu acho qui virei cabra frôxo,
I tudo invés de ficá mió, ficô pió.
Pra distraí mermo, só us forró.

Lá nois bebe da danada,
Qui dêxa a cabeça aliviada
Inté a óra di vumitá.
Meu branco mi dêxa vortá,
Pra min´a terra natá!


"E VIVA A ARTE DOMEU POVO!"

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