sábado, 29 de novembro de 2014

“ Quem não valoriza sua cultura,
Não merece ser respeitado

Nivaldo CruzCredo – 26.12.2014


Quem critica o seu falar
Não aceita seu sotaque
Vive  dando é ataque
Com os costumes do lugar
E também não quer aceitar
Sua história, seu passado,
Chama o povo de atrasado,
Querendo impor outra postura,
“ Quem não valoriza sua cultura,
Não merece ser respeitado”.

Eu admiro muito seu Zé,
Gosto de dona Maria,
Porque com a sua alegria
Vai mostrando quem é,
E goste quem quiser,
Desse jeito de ser tratado,
Não vejo nenhum pecado,
Mas sim, carinho e doçura,
“ Quem não valoriza sua cultura,
Não merece ser respeitado”.


Acordar com o galo cantando
Sentindo o cheiro do mato,
Isso é bem viver de fato,
É o sertão  que vem encantando
A natureza  que está falando,
- Olha Deus aqui do lado!
Se ela fala está falado,
É a verdade de forma pura,
“ Quem não valoriza sua cultura,
Não merece ser respeitado”.


Tem fumo de rolo e  farinha
Muita alegria, conversa  e zuada
É a feira da semana esperada,
No Nordeste em toda cidadezinha
É quando se toma uma caninha
Pela alegria do lucro apurado
Ou esquecer  outro resultado,
Também tem o doce da raspadura.
“ Quem não valoriza sua cultura,
Não merece ser respeitado”.


A história de Canudos e Conselheiro,
O forró e o baião de Gonzagão,
Os causos da vida de Lampião,
O grande Jackson do Pandeiro,
Lembrança do bando de cangaceiro,
Tudo poesia em verso bem versado,
La dentro do cordel bem ritimado,
Contando toda  nossa aventura,
“ Quem não valoriza sua cultura,
Não merece ser respeitado”.


Vaqueiro na lida do dia a dia
Atrás de novilha desgarrada
Por dentro de caatinga bem fechada,
Não deixando fugir a alegria,
Nem desistindo da sua valentia
Dentro do seu gibão rasgado
Debaixo do chapéu de couro surrado
Aguentando toda essa quentura,
“ Quem não valoriza sua cultura,
Não merece ser respeitado”.

A cacimba velha seca, vazia,
Só um pouco d'água pra beber
A criação começa a morrer,
Haja reza Jesus, Ave-Maria
É sofrimento dia após dia,
Um jegue de carote carregado
Caminhando léguas lado a lado,
É imagem de uma vida triste e dura,
“ Quem não valoriza sua cultura,
Não merece ser respeitado”.

Quando a chuva cai lá no sertão,
Sobe  cheiro de terra barrunfada,
Começa a encher toda a aguada,
É sorriso aberto na cara do irmão,
Alegria que causa comoção,
É esperança nascendo no enlutado,
O cenário vai ficando alterado,
Nem parace mais aquele de amargura.
“ Quem não valoriza sua cultura,
Não merece ser respeitado”.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

O que defendia e falava Ariano Suassuna

O que defendia e falava Ariano Suassuna
Nivaldo CruzCredo – 24.07.2014



Suassuna nasceu na Parahyba
Era um bom paraibano
Mas no  belo Recife
Aprendeu ser pernambucano
E na sua pequena Taperoá
Era  o menino Ariano.

Se formou em Direito,
Por falta de outra opção,
Mas nem um dia da vida
Ele exerceu a profissão,
Pois defender a nossa cultura
Era sua verdadeira missão.

Dizia isso para todo mundo
No lugar que ele chegava,
Não ofendia ninguém
No lugar onde estava,
E a beleza da cultura popular
Para todos sempre mostrava.

Os tipos que mais admirava
Era o doido, era o palhaço,
Era também o mentiroso
Cada um com o seu traço
Mostrando a criatividade
E todo desembaraço.

Falando sobre  cada um
Ele sempre defendia
A essência brasileira
Para todos exibia
E sobre a mentira
O mestre sempre Dizia:

“Existe a mentira com asa,
E a mentira com rabo,
A mentira de Deus,
A mentira do diabo
Da segunda eu não gosto,
Na primeira me acabo.”

“Não troco o meu Oxente,
Pelo oquei de ninguém”
Disseram que ele disse
Eu nunca ouvi, porém
É a cara de Ariano
Isso muito lhe convém.

Se nascesse na Rússia
Ele mudo nasceria
Porque aquela língua
Ele nunca aprenderia
Falava assim Ariano
Com toda sua simpatia.

O português nossa língua
O mestre sempre defendia
Ficava  revoltado com o
Estrangerismo de hoje em dia
Empobrecendo nosso línguajar
Dia e noite, noite e dia.

Lembrava sempre que
Miguel de Cervante
Autor de Dom Quixote
O maior cavaleiro andante
Da nossa língua madre
Era um eterno amante.

Criticava sem medo
A pobreza cultural
Dessas músicas que hoje
Fazem sucesso tal
Mas com letras imbecis
Chegando a ser bestial.

Com seu jeito genial
A todos e a todas cativava
Sua simplicidade culta
Humildade irradiava
E sem pudor nenhum
A cultura popular babava.

Católico fervoroso,
Isso nunca escondeu
Porém como escritor
O povo sempre defendeu
E as mazelas da Igreja
Era material para humor seu.

Eleito para de letras
A brasileira Academia
Seu Fardão foi produzido
Por uma costureira que havia
Na cidade do Recife
Bem na sua periferia.

A bordadeira também
Foi a que produzia
Dos blocos carnavalescos
A sua bela fantasia,
Assim ele valorizava
O povo que defendia.

Nunca saiu do Brasil
Dizia que não precisava
Conhecia o mundo todo
Pelos livros que estudava,
Era sua terra e o seu povo
O que ele mais amava.

Ganhou vários prêmios
Muitos internacionais,
Não foi buscar nenhum
Dele é que vinham atrás,
Ele os bem recebia
Satisfeito por demais.

Foi convidado para receber
Um prêmio que mereceu,
Devido a esse convite
Uma mudança se deu,
E aí nascia o palestrante,
O grande personagem seu.

O convite dizia assim
Ir trajado com Esporte Fino
Ariano pensou, pensou
Na sua cabeça deu um tino
E mais uma vez o gênio
Aprontou uma de menino.

Mandou fazer o paletó
E calça de negra   cor,
A camisa social rubra
Ele também encomendou,
Para a  costureira , a mesma
Que o seu fardão costurou.

Foi assim receber o prêmio
Alegre como um menino
Vestido como queria
Com o seu Sport fino
Homenageando  o Sport seu
Time de coração nordestino.

A partir desta data
A roupa não parou de usar,
Toda vez que palestrava
A   combinação estava lá,
O preto e o vermelho
Era o seu jeito popular.

O Circo da Onça Pintada
Foi o seu grande projeto
Onde ele se dizia  o palhaço
Da cultura era objeto
Vivia para ser dela
Corpo e alma completo.

De Pernambuco ele foi
O Secretário de Cultura
Levou música, levou teatro,
Levou dança e  literatura,
Para todo o canto do estado
E para o Brasil a aventura.

Seu maior sucesso foi
O Auto da Compadecida
A peça que virou filme e
Na Tv ficou mais conhecida
Sendo o maior sucesso
De cultura popular exibida.

Também muito conhecido
“A Pedra do Reino” carrega
Um reino imaginário
Que a mitologia agrega
Para o Nordeste poético
Que a sua raiz não nega.

A escola de arte Armorial,
Ariano  fez e  idealizou
Para defender a cultura popular
Com esse objetivo criou,
Tem música, alfabeto, literatura
Tudo mostrando o nosso valor.

Ariano é fonte muito rica
Para quem quiser pesquisar,
Aqui o poeta só quis
Algumas ideias mostrar,
Do que pregava o mestre
Defensor da cultura Popular.

Peço para você leitor
Conheça mais o Nordeste
Sobre a nosso povo
Do litoral e  do agreste,
Porque fazendo isso
De cultura você se veste.

Sobre o grande Ariano
Para terminar vou dizer
O grande mestre deixou
Uma lição para mim e para você
Valorizemos o que nosso
Senão a gente vai se perder.

Mestre Ariano subiu
Para perto da Compadecida,
Vai ficar de lá ajudando
A nossa luta, a nossa lida,
A valorização da nossa Cultura
Seu amor, seu tudo, sua vida.

Morre o homem, nasce o santo
Da Cultura Nordestina, Protetor
Perdeu-se na terra um guerreiro,
No Céu ganhou um defensor
A Cultura Popular Nordestina,
Com Ariano e Jesus, nosso senhor.


domingo, 23 de fevereiro de 2014

Cabra Valente




Cabra Valente
Nivaldo CruzCredo – 23.02.2014



Hoje amanheci diferente
Fiquei meio atravessado,
Fui num Centro Espírita
E mandei um bom recado
Para dizer a Lampião,
Se quisesse sair na mão
Viesse, que eu tava preparado.

Que o tipo de arma
Ele que  escolhesse,
Mas que não demorasse
Se não quisesse que eu descesse,
Por que aí  ia ser  pior,
Então era  bem melhor
Que ele não esmorecesse.

Enquanto me preparava
Peguei uma cascavel
Arranquei o seu chucalho
Com uma mordida cruel
Depois soltei  a bicha
Que correu feito lagartixa
Por esse mundaréu.

Peguei uma onça pelo rabo
Sacudi a danada  no  ar,
A tal ficou foi tonta
Sem aguentar nem andar
Saiu  bêbada cambaleando
Se batendo, desconjuntando
Sem nem para trás olhar.

Num ôco dum pé de pau,
Ví uma casa de italiana
Era abelha para danar
Mas aí eu fui sacana
Subí alí,  meti a mão
Tomei mel do cabação
E saí cuspindo fulana.

Quando em minha casa
Eu vinha chegando
Um bicho esquisito com
Cheiro de enxofre soltando
Atravessou na minha frente,
Quando ia bater nele de repente,
O tal foi logo me falando.

- Eu vim foi bem em paz
Não me bata por favor
Tô aqui é com um recado
De Lampião pro senhor,
Ele disse que não vem cá
Porque não quer mais brigar,
Hoje ele tem outro valor.

Fiquei bem revoltado
E muito emputecido,
Perguntei pro tal diabo,
O que tinha acontecido
Para o rei do cangaço nordestino
Ter virado um Zé Mufino,
Cabra frôxo, desmilinguido.

O talzinho me respondeu,
- Lampião tá diferente
Não quer saber mais de briga
Até brinca com a gente
Virou cabra estudioso,
É aluno do tinhoso,
Mas não é inconsequente.

Diz ele que tá se preparando
Para quando pra cá voltar,
Ele vai é tomar o Nordeste
Mas sem arma de fogo usar,
De um jeito bem matreiro
Vai ser rei desse lado brasileiro.
E nisso você pode acreditar.

Eu não me aguentei e perguntei,
- Que diabo vai fazer Lampião
Para tomar o Nordeste e ser rei
Sem o seu Parabelum na mão?
Ele sem cerimônia me respondeu,
- Só com o estudo, compreendeu?
Eu bem incafifado disse, - Não!

Ele olhou pra minha cara
Rindo de arreganhar os dente,
Eu olhei feio pro bicho
E de forma impaciente
Peguei pelo gogó do cabra
E disse: - Se avexe logo, se abra!
Joguei o coisa lá pra frente.


Ele voou  bem alto e
Caiu por lá  estatalado
Foi falando ligeiro
De modo bem apressado
- Não se  aperrêi meu branco
Que sou só um diabo manco
E bicho  véi de recado.

Mas respondendo sua pergunta,
Lampião já tá certo, vai voltar
Vai nascer aqui no Nordeste
E em tudo vai  mandar,
Para isso o próprio cão
Tá lhe dando a lição,
Para ele poder governar.

Como um advogado
Ele vai  bem começar
Depois em juiz de direito
Vai ele se transformar
Dai para ser rei é ligeiro
Pois vai ser  matreiro
Na arte de enganar.

Sendo assim ele não quer
Mais em arma pegar
Já liberou seus cabra tudo
Todos eles para estudar
Vão ser tudo advogado
Para continuar no pecado
E nenhum se salvar.

Dizendo isso o bicho explodiu,
Uma catinga de enxofre ficou,
Fiquei tonteado sem saber
Se o que o dito feio falou,
Era mesmo verdade verdadeira
Ou se era  uma besta brincadeira
Que o  cabra  Lampião aplicou.

Num confio, nem desconfio
Seja como for tô  preparado
Só ando na posição de ataque
Tô com corpo bem fechado
Pode ser o que for ,vir o que vier
E de onde for, pode vir se quiser
Eu sou é  cabra valente falado.

Não corro de perigo nenhum
Sou é valente Nordestino
Pode vir de qualquer um
Que não fujo meu destino
Seja gente ou bicho imundo
Seja desse ou do outro mundo,
Cai na pêa igual menino.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Para Rezar!!

Para Rezar!!
Nivaldo CruzCredo – 21.02.2014

Para o amigo/irmão de todas as horas Edmilson Santos


Pai nosso que estás no Céu,
Mas um dia esteve na terra
Sabe quanto a gente erra
Das as coisas do mundaréu
Desempenhou bem o papel
De vir aqui e ensinar
O que fazer para se salvar
Como evitar o pecado,
Como sair do errado,
Para no céu também morar.

Santificado seja o vosso nome,
Tão Grandioso e forte
Que a todos dá um Norte,
Matando do espirito a fome
De todo que a tua palavra come.
Mostrando que és Deus verdadeiro
Não qualquer aventureiro
Que busca fama e glória,
Tu és a verdadeira vitória
Para este mundo inteiro.

O vosso reino venha a nós,
Reino de paz e de alegria
Toda hora, todo dia
Estando cheio de vós
Nos tirando da vida atroz
E nos dando a eternidade
Vivendo na verdade
Que só nele existe,
Deixando de ser triste
Essa nossa realidade.

Seja feita a tua vontade,
De nos tornar santificados
Livres de todos os pecados
Seguidores da verdade
E da plena felicidade,
Tudo isso seja feito
Do teu modo, do teu jeito,
Pois é o mais correto
Isso sim é muito certo
Esse sim é que é perfeito.

Assim na terra, como no céu,
Dos anjos as grandes legiões
Dos santos as multidões
Seguem o seu divino papel
Seguindo o grande Cordel
Do segredo universal
Onde cada um, cada qual
Tem sua tarefa, sua missão
Buscando a real união
Para o grande evento Final.

Nos dai hoje, o pão nosso de cada dia,
É o que nos faz viver,
E também nos faz querer
Toda forma de energia
E buscar a eterna alegria
Que só o senhor pode nos dar,
É  o que nos faz rezar
Acreditando no viver eternamente
Em uma vida diferente
Junto de ti, no teu altar.


Perdoai as nossas ofensas,
Que não são poucas
Nem menos loucas,
São por muitas crenças,
Verdadeiras doenças
De seres em construção,
Que não são perfeitos não
Isso o senhor sabe bem
E o senhor sabe também,
Que temos bom coração.


Como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido,
Como é difícil esse pedido,
Mas nos glorificamos
Cada vez que o aceitamos,
A dificuldade é saber perdoar
É em no outro acreditar.
Porém deve-se fazer da tentativa
Cada vez mais repetitiva
Se ao céu quiser chegar.

Não nos deixeis cair em tentação,
Porque o mundo é traiçoeiro
Um covil cruel e verdadeiro
Para quem quer ser cristão,
Tudo tem um sim e um não
Todo caminho é tentador,
Sem tua ajuda senhor
Não temos como andar
E pelo caminho certo chegar
Ao teu abraço salvador.

E livra-nos de todo mal,
Existente dentro de nós,
Pois só este fere a vós,
Qualquer outro é natural
De uma decisão irracional
Desta tua evolutiva criação,
Que tanto tens estimação
E que muito tem errado
Sendo geradora de pecado
Digna de tua compreensão.


Amém!

domingo, 5 de janeiro de 2014

Bordando Uma Canção

Bordando Uma Canção
Nivaldo CruzCredo – 05.01.2014


“Ouvindo do amigo Paulo Costa
‘Eletronicamente feito a Mão’
Fiquei extasiado e de repente
Me veio a Musa Inspiração,
Comecei a escrever e saiu
‘Bordando uma Canção’.”

Peguei as agulha da canção
Para fazer um bordado musical
Buscando temas no quintal,
Retratando coisas do sertão
Usando a imaginação
Usei as linhas da poesia
Sobre o tecido da alegria,
Bordei cenas de paisagem e amor,
 De heroísmo e de esplendor
Sem esquecer da boa valentia.

É um bordado popular
Sobre a cultura do Nordeste,
Bordado forte como a peste
Que lembra as coisas do lugar
Não há quem possa duvidar
Que esse som é sobrenatural
Tem cheiro doce de curral,
Beleza de um bom aboiador
E riqueza de todo cantador
Com sua toada especial.

Som bordado pela mão
De um poeta popular
Que vive só para versejar
As belezas do sertão
Valorizando cada irmão
E a natureza esplendorosa
Do existir maravilhosa
Nessa vida sertaneja
Ouça bem você e veja
Essa poesia sertanosa.

Poesia de leite de Avelóz
Misturada com água cacimbada
Na traquinagem dessa molecada
Que são traquinos como nós,
Transforma contras até em prós,
Vivendo de jeito diferente,
Êta  bicho retado resistente
Esse tal de cabra nordestino
Que escreve com força  seu destino
Numa escrita bem teimosamente.