segunda-feira, 1 de março de 2010

O Mestre Chico Pedrosa






Considero Chico Pedrosa o grande mestre da poesia popular da atualidade, tem um jeito seu de contar as histórias do sertão em forma de verso.
Chico além de ser um talento sem igual, é uma pessoa humana maravilhosa. Morou em nossa Feira de Santana por 32 anos, e volta e meia está por aqui pra rever amigos e familiares.
Ele também foi camelô e dizem que foi dessa convivência que tira muitas das suas histórias.

Sobre o nosso mestre poeta o site http://www.onorte.com.br/noticias/?70856 fala o seguinte:

“ Ele deixou a Paraíba há mais de duas décadas, mas nunca negou suas origens e nem o amor que sente pela terra-natal. Aos 71 anos Chico Pedrosa, como a maioria dos poetas e artistas populares em geral, não leva vida fácil. Nascido na cidade de Guarabira, interior paraibano, ele tenta sobreviver da venda de seus livros e CDs, mas sem uma distribuição sistemática e remando contra a maré da rede eletrônica que dilui a cultura nordestina (e brasileira) vive em condições precárias para um gênio da sua estirpe.

"Faço meus livros e meus discos e saio vendendo de mão em mão, ou quando os amigos organizam alguma apresentação", disse-me da última vez que estive em Recife, sem o menor traço de mágoa ou tristeza. Chico Pedrosa parece entender o preço do ofício. São raros os casos de poetas como Jessier Quirino, que consegue arrastar multidões aos seus recitais, mesmo assim mantendo uma profissão segura, no caso de Jessier a arquitetura.

Fã de Chico Pedrosa o poeta-declamador-arquiteto Jessier Quirino (também paraibano) não esconde a sua admiração pelo mestre: "Tenho em Chico um exemplo, uma fonte de inspiração. Ele é um dos maiores poetas deste estilo que fazemos, da poesia ligada às raízes nordestinas, onde o humor e a labuta dos nossos irmãos nos inspiram", afirma o autor de "Vou me Embora pro Passado".

Chico Pedrosa tem admiradores como Vital Farias (compositor e cantador), Zelito Nunes (escritor e pesquisador de cultura popular) e Santanna (cantor de forró de muito sucesso). Todas estas personalidades das artes nordestinas compreendem e dimensionam bem a obra do poeta paraibano radicado no Recife. "Chico é um gênio", resume Zelito Nunes, autor do livro "Pinto Velho do Monteiro", sobre o poeta-cantador-filósofo sertanejo já de saudosa memória.

Para Chico Pedrosa não há revolta ou falta de motivação, ao contrário, ele me disse: "Agradeço esse dom que Deus me legou porque não sei como seria minha vida sem a poesia". Sobre a falta de maior difusão e de um mercado bastante para seu sustento, ele prefere ver as coisas por outro ângulo: "A juventude se seduz pela música que faz dançar, mas isso tudo é efêmero. Ficarão os grandes poetas, cantores e artistas em geral", profetiza esperançoso.

A obra de Chico Pedrosa pode ser bem assimilada em CDs mais recentes como "No Meu Sertão é Assim" e "Paisagem Sertaneja (Poesia Viva" ou em livros como "Pilão de Terra" e "Raízes da Terra". No mais recente CD do cantor e sanfoneiro Amazan tem o registro de um de seus poemas mais engraçados e geniais, que é "Briga na Procissão".”


Aqui estão duas das OBRAS PRIMAS DO MESTRE Chico Pedrosa(1936 Guarabira/Paraíba)...



O ERRO DA VENDEDORA
Chico Pedrosa

O engano é uma falta
difícil de reverter,
por ele tem muita gente
sofrendo sem merecer,
quantos pobres inocentes
tidos como delinquentes
estão a se lamentar;
se o errar fosse humano
como dizem, o engano
não faria alguém penar.

Um estudante entrou numa
loja especializada
para comprar um presente
para sua namorada
que estava n'outra cidade,
depois de olhar a vontade
os artigos da vitrine
despertou-lhe o interesse
por algo que aquecesse
os dedos das mãos de Aline.

Um belíssimo par de luvas
comprou para namorada,
e pediu a vendedora
moça fina e educada
que embalasse o presente;
inadvertidamente
no lugar da encomenda
a moça se atrapalhou
invés das luvas botou
uma calcinha de renda.

E logo entregou ao moço
que acabara de escrever
um bilhete à namorada
dizendo como fazer
com aquele presentaço,
minha querida, um abraço
e beijos apaixonados
meu amor, este presente
vistas pensando na gente
no dia dos namorados

Lhe mando, porém sabendo
que você não vai usar,
porque quem nunca vestiu
é difícil acostumar,
por isso eu queria ir
pra lhe ensinar vestir
como fez a vendedora;
se nela eu gostei de vê
imagine em você
minha deusa encantadora.

Ela também garantiu
que não mancha nem desbota,
a mão entrando e saindo
não rasga nem amarrota,
eu comprei larga na frente
pra mão chegar livremente
nas bainhas dos torpedos;
e sem precisar forçar
lá dentro facilitar
o movimento dos dedos.

Torço para que te sintas
feliz com este presente
que irá vestir aquilo
que pedirei brevemente,
cobrir aquilo que um dia
quando eu não te conhecia
não podia nem tocar;
hoje eu pego, aperto, amasso,
coço, massageio e faço
você gemer e sonhar.

Só uma coisa lhe peço:
depois que você usar
coloque um pouco de talco
para desinfectar
e evitar o mau cheiro,
feito isso, o dia inteiro
pode usar e se exibir,
e se na rua alguém parar
pra lhe perguntar quem deu
pode dizer que foi eu
seu namorado Valdir.

A namorada tomou
aquilo por gozação,
num segundo veio abaixo
seu castelo de paixão,
despachou o namorado
que até hoje coitado,
a culpa imerecedora
carrega sem entender
e assim paga sem dever
o erro da vendedora.


O Planeta Agonizante –
Chico Pedrosa

O coração do planeta
Agoniza definhando
Por conta das agressões
Que a anos vem enfrentando,
A ganância mundial
Não se dá conta do mal
Provocados pelos danos
Que nos causa, ao devastar
O que a terra pra criar
Levou milhares de anos.


A nossa mãe natureza
Não sabe se defender,
Porem, sabe se vingar
De quem lhe comprometer,
Enquanto as inundações
Arrastam as plantações
E o sonho dos lavradores
A seca por outro lado
Planta no solo rachado
A dor dos agricultores.

A camada de ozônio
Se esgarça a cada dia,
Aumentando a buraqueira
Por onde o sol se irradia
Raios na temperatura,
O efeito da quentura
Eleva o nível do mar
Que avança a devastar
A região indefesa
Provando que a natureza
Sabe como se vingar.

E o tal efeito estufa
De que é feito e por quem?
Pelos gases venenosos
Despejados por alguém
No campo da atmosfera,
Que por si mesma se altera
E derrama com força, os tais
Terremotos violentos,
Trombas d´água, aquecimentos,
Chuvas ácidas e tudo mais.

A neve já não existe
Nas estações de esqui,
O calorão da Europa
É pior do que o d´aqui,
O alarme ecológico
É preocupante, lógico,
Tinha que acontecer,
Aridez e erosão
Surgem numa proporção
Que dá trabalho entender.

Os incêndios florestais
E dos demais combustíveis
O gás na atmosfera
Provoca coisas terríveis,
Temporais e furacões
Não encontram paredões
Que possam lhes segurar,
Por conta disso, as enchentes
Bravias e contundentes
Não se tem como evitar.

Por conta do gás carbônico
Que só o homem produz
A quentura do planeta
Só devastação conduz
As provas são as queimadas
De formas desordenadas
Que aparecem todo dia
E as desertificações
Assolando regiões
Onde nada disso havia.

Nos lugares aonde a seca
A anos vive arranchada
As chuvas irregulares
Criam pouco, quase nada,
Com a escassez das safras
Surgirão novas Biafras
Clamores e sofrimentos,
A fome dizimará
Pois ninguém suportará
A vida sem alimentos.

Já em outras regiões
Onde chove e enche lagos
Virão as inundações
Com gigantescos estragos,
Os rios transbordarão,
Estradas se romperão,
Pontes serão destruídas,
Riquezas ali geradas
Descerão nas enxurradas
E as safras serão perdidas.

A camada de ozônio
Se esgarça a cada dia,
Aumentando a buraqueira
Por onde o sol se irradia
Raios na temperatura,
O efeito da quentura
Eleva o nível do mar
Que avança a devastar
A região indefesa
Provando que a natureza
Sabe como se vingar.

E o tal efeito estufa
De que é feito e por quem?
Pelos gases venenosos
Despejados por alguém
No campo da atmosfera,
Que por si mesma se altera
E derrama com força, os tais
Terremotos violentos,
Trombas d´água, aquecimentos,
Chuvas ácidas e tudo mais.

A neve já não existe
Nas estações de esqui,
O calorão da Europa
É pior do que o d´aqui,
O alarme ecológico
É preocupante, lógico,
Tinha que acontecer,
Aridez e erosão
Surgem numa proporção
Que dá trabalho entender.

Tudo por culpa de quem?
Da ganância do poder,
Por isso é muito difícil
Esse quadro reverter
Detentores dos poderes
Cumpram com os seus deveres
Lhes peço: por caridade
Vamos assinar na mesa
O alvará de defesa
Da senhora Natureza
Em prol da humanidade.



" E VIVA A ARTE DO MEU POVO "

Um comentário:

  1. É celestiável usufruir dessa arte, ela nos eterniza.
    Parabéns a todos que a promovem e cultivam.

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