sexta-feira, 19 de março de 2010

Bule-Bule - O Maior Representante Da Cultura Popular Da Bahia



O homenageado de hoje já é uma lenda. Sem medo de errar garanto que é o grande representante da Cultura Popular da Bahia.
Nosso Bule-bule, é conhecido em todos os estados do Brasil e até fora dele, como artista popular de qualidade.
E aqui vale mais uma vez a crítica, nosso país não valoriza os nossos verdadeiros gênios como deveria, Bule-Bule é desses que deveria está no holl da fama e ganhando em dinheiro o que ele vale. Mas isso é um sonho em um país que boa parte da população prefere valorizar programas televisivos de “conteúdo” como o Big Brother Brasil, da RedeGlobo.
Fica aqui o meu repúdio a esse comportamento!
E fica aqui também a minha parte nesse meu sonho de valorização da nossa brasilidade brasileira, da nossa verdadeira riqueza com “ A Arte Do Meu Povo”.

Conheça agora um pouco mais do nosso homenageado de hoje Bule-Bule da Bahia...
O site oficial de Bule-Bule o http://www.bulebule.com.br/ apresenta o artista assim...


“Antônio Ribeiro da Conceição, nome artístico Bule Bule, nascido em 22 de outubro de 1947, na Cidade de Antônio Cardoso no Estado da Bahia, musico, escritor, compositor, poeta, cordelista, repentista, Ator e cantador.Ao longo dos seus mais de trinta e oito anos de carreira gravou seis Cd’s (Cantadores da Terra do Sol, Série Grandes Repentistas do Nordeste, A fome e A vontade de Comer, Só Não Deixei de Sambar, Repente Não Tem Fronteiras e Licutixo), quatro livros editados (Bule Bule em Quatro Estações, Gotas de Sentimento, Um Punhado de Cultura popular, Só Não Deixei de Sambar), mais de oitenta cordeis escritos, participação em vários seminários como palestrante, varias peças teatrais e publicitárias agraciadas pelo Prêmio Colunista. Milhares de apresentações durante a sua carreira. Atualmente ocupa o cargo de Gerente de Cultura da Prefeitura Municipal de Camaçarí, diretor da Associação Baiana de Sambadores e Sambadeiras do Estado da Bahia e da Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel. Recentemente foi premiado com o Prêmio Hangar De Música no Rio Grande do Norte junto com Margaret Menezes e Ivete Sangalo.”



Agora um pouco da arte dessa lenda baiana...

Mamãe Deu um a Zero na Pobreza
Traz a Vida Escoltada Até Agora
Autor:Bule Bule


A coivara do atrazo incendiava
No sertão emprego nem empresa
Vinte e quatro era o ano que passava
Mamãe deu a zero na pobreza
Minha avó a dor mamãe nasceu
Emprestou tudo quanto apareceu
A caxumba, o sarampo, a catapora
Foi difícil de escapar, mais escapou
Fez o “V” da vitória e vigorou
Traz a vida escoltada até agora.

Todo santo do céu foi convocado
Por vovô para arranjar defesa
Minha avó trabalhava no roçado
Mamãe deu um a zero na pobreza
Da antiga Amburana ao Bem - viver
Proibiram as nuvens de chover
Mas o sol esquentava antes da hora
Quem nasceu pra viver não morre cedo
Minha mãe enfrentou tudo sem medo
Traz a vida escoltada até agora

Quando a boca esquentava ela corria
Obrigava o destino a ter surpresa
Baseada nas curvas em que fazia
Mamãe deu um a zero na pobreza
Modelava cerâmica pra vender
Costurava e comprava e comer
Foi e é o consolo de quem chora
Tem abrigo pra quem lhe procurar
Aprendeu a padecer sem reclamar
Traz a vida escoltada até agora

Percorreu vasto trecho nordestino
Vendo tudo que havia de grandeza
Fez xarope, rezou, pegou menino
Mamãe de um a zero na pobreza
Muitas vezes se encontra pela rua
Afilhado ou afilhada sua
Que pergunta, como vai a senhora?
Gostei muito de poder lhe abraçar
E dizer bem feliz se precisar
Traz a vida escoltada até agora

Pra chamar a saúde mãe precisa
Folha verde oração e vela acesa
Volta a paz sua prece suaviza
Mamãe deu um a zero na pobreza
Transformou o pagão em batizado
Conhecido virou seu afilhado
Sempre chama a comadre de senhora
Quem estiver ao seu lado tem parceira
Uma pratica assistente, uma enfermeira
Traz ávida escoltada até agora

Quando am morte quis cortar o sorriso
De um príncipe dos seus ou uma princesa
“Tu respeita menino que eu batizo”
Mamãe deu um a zero na pobreza
Foi no quarto ligeiro acendeu vela
Viu a cara da morte e disse a ela
Peço em nome de Deus que ba embora
Superou toda crise do sertão
Pois a morte amarrada no morão
Traz a vida escoltada até agora.

Se casou muito nova a heroína
Pra ao sertão isso ai não é surpresa
Mesmo sendo casada uma menina
Mamãe deu um a zero na pobreza
De criança somente teve três
Eu sou um dos meninos que ela fez
Inda moro na casa que ela mora
O protótipo de mulher nordestina
Recebendo este troféu zeferina
Traz a vida escoltada até agora


Castro Alves no Céu Sente Saudade do Batente da Casa Onde Nasceu
Autor: Bule Bule


Natural do distrito Curralinho
Porém sendo a Fazenda Cabaceiras
Num lugar de Ingá e de Jaqueira
Tendo o Paraguaçu encostadinho
Recebeu de seus pais todo carinho
Foi amado por quem o conheceu
Muito belo os poemas escreveu
Para ir declamar na eternidade
Castro Alves no céu sente saudade
Do batente da casa onde nasceu.

Oh Ceceu peça a Deus e venha a terra
Ver o povo que fala no seu nome
Com pequeno salário e muita fome
Com ganância política escândalo e guerra
Eu que sou lá da serra
Com a inspiração que Deus me deu
Faço este poema que é seu
Descrevendo o seu dom e a bondade
Castro Alves no céu sente saudade.
Do batente da casa onde nasceu

Quixambeira Coção e Mão Divina
Conceição do Almeida e Cruz das Almas
Muritiba perdeu todas as calmas
Por seu filho de alma cristalina
Será a pomba da paz mais nordestina
Que a arma da sorte abateu
Viu o pão do amor mais não comeu
Nem provou o alpiste da amizade
Castro Alves no céu sente saudade
Do batente da casa onde nasceu.

Se o escravo chorava, ele sofria,
Padecia se o escravo apanhava
Tinha ódio demais de quem comprava
Tinha raiva mortal de quem vendia
Tinha sempre na sua teoria
Não presta quem comprou nem quem vendeu
Liberdade ele sempre defendeu
E morreu cedo sem ver a Liberdade
Castro Alves no céu sente saudade
Do batente da casa onde nasceu.


Em Recife São Paulo Salvador
Sua língua foi lâmina afiada
Sua voz estrondou como granada
Para ensurdecer o opressor
Hoje o nosso poeta defensor
Está muito feliz com Galileu
Com o tempo o Pelourinho morreu
E nasceu um pé de tranqüilidade
Castro Alves no céu sente saudade
Do batente da casa onde nasceu.


A Parteira
Autor: Bule Bule


Mamãe é véia parteira
Tem mais de cem afiado
Menino pra dá recado
Lá em casa é o que não farta
Uns traz noticia pra ela
Mãe panha um ovo e entrega
Pai vai beber nas budega
Eles fica no terreiro
Mãe acende o candeeiro
E prosa inté a noite arta
Mãe é daquelas parteira
Sem curso, do interior
Mas dá lição em doutor
Sabe mais que enfermeira
Zela bem do inocente
Cuida da parturiente
Não quer nem que diga oi
E só quer por recompensa
Que um passe e diga bença
Pra dizer Deus te abençoe
Mãe só não tá satisfeita
É com muito governo ingrato
Mostrando que não respeita
O eleitor lá do mato
Cobra os imposto comprido
Deixando os pobre detido
Votando sem ter direito
Candidato a ser defunto
Por esse e outros assunto
Mãe comenta desse jeito
Se agente mandar doutor
Trabalhar nestas ladeira
Eu dou meu pescoço as forca
Como a num tem um que queira
Deixam nas maternidade
Nas casa de caridade
Inamps, Inps
E quem vota e paga imposto
Eles passa e vira o rosto
Vê, mais faz que nem conhece
Cada uma acuma eu
Já sarvou mais de cem vida
Em troca não recebeu
Nem um prato de comida
Arguma coisa que vem
Para os pobre que não tem
Lá na cidade se some
Imposto é a recompensa
Parece que o governo pensa
Que gente pobre não come
Eu a semana passada
Terça a noite me acordei
Embaixo de trovoada
Mesmo assim me alevantei
Era compadre Jacinto
Muiado que nem um pinto
Batendo os quexo de frio
Disse, cumade, se aprume
Pega as coisa e se arrume
Pro moi de pegá meu fio
Os galo já miudava
A noite tava serrada
E pra onde ele morava
Era uma légua puxada
Peguei um taco de fumo
Da grossura de um prumo
Que tem quilo e meio de peso
Dei té mais ao meu marido
E fui ver o recém-nascido
Na região do desprezo
O escuro era uma grade
Que a nossa visão prendia
Nem eu via meu cumpade
Nem meu cumpade me via
Comecemo viajar
Ele pegou conversar
Cumade, por gentileza
Me diga se lhe agrada
Levantar de madrugada
Pra pegar fio da pobreza
A veia lavou o peito dizendo
Cumpade, isso é o meu carma
Não me incomoda em nada
Parturiente me chama
Porque está precisada
Em noite clara ou escura
Quarquer uma criatura
Sabe que conta comigo
O que me agrada é ver
Uma criança dizer
Bença minha mãe de umbigo
Morre muito mais menino
Nascido em maternidade
Do que os pescoço fino
Da nossa localidade
E a mãe não faz pré natá
Nunca vai a um hospitá
Passa inté dia em jejum
Se é descuido eu não sei
Mas, dos cem que eu já peguei
Inda não morreu nenhum



Não deixe de fazer uma visita ao site oficial de Bule-Bule, tenho certeza de que você gostará do que vai encontrar lá.

“E VIVA A ARTE DO MEU POVO!”

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