quarta-feira, 10 de março de 2010

Nivaldo Cruz Em Vado do Véi Pêdo e o Barba Ruiva



Aqui mais uma da minha safra, ainda com o tema “Lendas Do Brasil” inspiradas no livro de Câmara Cascudo. Espero que gostem. Rsrsrs

Vado do Véi Pêdo e o Barba Ruiva
(Nivaldo Cruz)


To chegando no locá
Atenção meus cidadão
Por que eu vou trazer
Para sua satisfação
Mais estórias, mais causos
Mais coisas do sertão.

Vado do Véi Pêdo
Esse cabra bem sabido
Mais uma vez encontrei,
Peste de homem sumido,
E nas prosa que conversamo
Isclareceu um acontecido.

Nessas suas viajes pelo Brasí
Ainda lá pelo Norte
Viveu mais uma aventura
Onde precisou de sorte
Nessa viaje ele conheceu
Uma figura de porte.

O Barba Ruiva,
Essa lenda encontrou
Na beira da Paranaguá
Ali onde tudo começou
Junto daquela lagoa
Sobre muito ele conversou.

Barba Ruiva começou
A sua história narrar,
Os mistérios que existe
Nessa terra bem naturá
Coisa que nenhum homem
Tem o poder de explicar.

Morando numa palhoça
Uma viúva ali vivia
Sustentando sozinha
Sem ajuda, suas três Fia
A mais nova foi sua mãe
As outras duas suas tia.

Sua mãe era bem jovem
Engravidou antes de casar
Seu pai morreu
Antes dele vim a vingar.
Começa aí a lenda de
Barba Ruiva do Paranaguá.
Com medo do que
O povo fosse falar
A mãe escondeu a gravidez
Até a hora vir a chegar
Nascido o menino,
Ela foi o pobre afogar.

Colocou o recém nascido
Num tacho pequeno de cobre
Sacudio na Lagoa
Seu pequeno fie pobre,
Mas, nada aconteceu
Pois Deus é grande e nobre.

O tacho desceu,
Mas logo depois assubiu
Vindo com ele a Rainha
Das água, das lagoa e dos rio.
A Mãe D´água que
Ninguém sabe de onde surgiu.

Ela vinha
Muito, muito enraivada
Por que aquilo
Era coisa feita errada
Onde já se viu matar
Uma cria assim, afogada.

A Mãe D´água feiticeira
Aquela mãe amaldiçoou,
Lhe dizendo injuras
Depois de tudo mergulhou
Levando o menino,
Pro fundo das água voltou.

Nesse momento
A lagoa alagar começou
De todo lado cresceu
Encharcou tudo e atolou
Invadiu muitas terras
Toda aquela várzea tomou.

Quem fosse na boca da noite
Desse dito dia pra cá
Fazer um passeio
Na lagoa de Paranaguá.
Se arrepiava todo ouvindo
Uma criança choramingar.

O tempo passou
Depois do acontecido
Tava tudo iguá
Na lagoa era os tá gemido
Só que agora o minino
Já tava muito crescido.

Minino pela manhã
Barba Ruiva ao meio-dia
Barba branca pela noite
Muito susto ele trazia
Todo homem que o visse
Logo, logo endoidecia.

Toda mulher
Que roupa vai lá lavar
Ele corre e agarra
Prumode ela abraçar
E depois do susto
Começa então a beijar.

Depois de isso feito
Ele torna correr e voltar
Pra sua lagoa
Lagoa de Paranaguá
Até aparecer outra
Ele não sai mais de lá.

Dos homens corre
Sem nem por perto chegar
O macho que vê ele
Começa ali a endoidar
Pode ser até doutor
Besteira começa a falar.

Vado do Véi Pêdo
Foi então o dito Primeiro
Que não endoidou
Por ser cabra matreiro
E da Mãe D´água
Ser bem companheiro.

Da Feiticeira dos lago e rio
Sendo de confiança então
Bem conhecido e amigo
Quase que um bom irmão
Ela deu pra ele um presente
Uma grande e boa missão.

Tinha ele de encontrar
Pro seu fio de criação
Uma moça bonita
Pra aquela maldição.
Dele tirar, tirando ele
Daquela aflição.

Quando Vado
A dita moça encontrar
Fazer com que ela
Traga água de batizar
E na cabeça do Barba Ruiva
Tem que tudo colocar.

Só assim vai
Se acabar a tá maldição
E o Barba Ruiva
Vai deixar de ser pagão
Virando um filho de Deus
Virando um bom cristão.

Depois de tudo acontecido
O trabalho terminado
Barba Ruiva todo feliz
Vivendo na paz de estado
Muita riqueza vai dar
A Mãe Dágua pro Vado.

E é isso que acontece
Meus ouvinte prezado
Vado ta aqui
Todo nervoso, agoniado
Pra cumprir o trabalho
Que a ele foi bem dado.

Até o momento
Que lhe conto o acontecido
Ninhuma moça ou mulé
De gênio bom e atrevido.
Apareceu pru mode
Deixar o caso arresolvido.

Se mais alguma coisa
Precisar vossa mercê
Pra dessa lenda
Poder mais conhecer
É só pegar um
Bom livro folhear e ler.

E a minha
Humilde e simples sugestão
É Câmara Cascudo
Esse nosso grande cidadão
Historiador e conhecedor
Da cultura de todo povão.

Aqui termina
Mais uma contribuição
Da minha pessoa
Pra rica cultura da nação
Utilizando o cordel
Como boa divulgação.

Uma lenda do Norte
Acabou Vossa mercê
Através da poesia
De vir a conhecer.
Só lhe peço pros folhetos
Fazer favor defender.


"VIVA A ARTE DO MEU POVO"

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