quinta-feira, 24 de julho de 2014

O que defendia e falava Ariano Suassuna

O que defendia e falava Ariano Suassuna
Nivaldo CruzCredo – 24.07.2014



Suassuna nasceu na Parahyba
Era um bom paraibano
Mas no  belo Recife
Aprendeu ser pernambucano
E na sua pequena Taperoá
Era  o menino Ariano.

Se formou em Direito,
Por falta de outra opção,
Mas nem um dia da vida
Ele exerceu a profissão,
Pois defender a nossa cultura
Era sua verdadeira missão.

Dizia isso para todo mundo
No lugar que ele chegava,
Não ofendia ninguém
No lugar onde estava,
E a beleza da cultura popular
Para todos sempre mostrava.

Os tipos que mais admirava
Era o doido, era o palhaço,
Era também o mentiroso
Cada um com o seu traço
Mostrando a criatividade
E todo desembaraço.

Falando sobre  cada um
Ele sempre defendia
A essência brasileira
Para todos exibia
E sobre a mentira
O mestre sempre Dizia:

“Existe a mentira com asa,
E a mentira com rabo,
A mentira de Deus,
A mentira do diabo
Da segunda eu não gosto,
Na primeira me acabo.”

“Não troco o meu Oxente,
Pelo oquei de ninguém”
Disseram que ele disse
Eu nunca ouvi, porém
É a cara de Ariano
Isso muito lhe convém.

Se nascesse na Rússia
Ele mudo nasceria
Porque aquela língua
Ele nunca aprenderia
Falava assim Ariano
Com toda sua simpatia.

O português nossa língua
O mestre sempre defendia
Ficava  revoltado com o
Estrangerismo de hoje em dia
Empobrecendo nosso línguajar
Dia e noite, noite e dia.

Lembrava sempre que
Miguel de Cervante
Autor de Dom Quixote
O maior cavaleiro andante
Da nossa língua madre
Era um eterno amante.

Criticava sem medo
A pobreza cultural
Dessas músicas que hoje
Fazem sucesso tal
Mas com letras imbecis
Chegando a ser bestial.

Com seu jeito genial
A todos e a todas cativava
Sua simplicidade culta
Humildade irradiava
E sem pudor nenhum
A cultura popular babava.

Católico fervoroso,
Isso nunca escondeu
Porém como escritor
O povo sempre defendeu
E as mazelas da Igreja
Era material para humor seu.

Eleito para de letras
A brasileira Academia
Seu Fardão foi produzido
Por uma costureira que havia
Na cidade do Recife
Bem na sua periferia.

A bordadeira também
Foi a que produzia
Dos blocos carnavalescos
A sua bela fantasia,
Assim ele valorizava
O povo que defendia.

Nunca saiu do Brasil
Dizia que não precisava
Conhecia o mundo todo
Pelos livros que estudava,
Era sua terra e o seu povo
O que ele mais amava.

Ganhou vários prêmios
Muitos internacionais,
Não foi buscar nenhum
Dele é que vinham atrás,
Ele os bem recebia
Satisfeito por demais.

Foi convidado para receber
Um prêmio que mereceu,
Devido a esse convite
Uma mudança se deu,
E aí nascia o palestrante,
O grande personagem seu.

O convite dizia assim
Ir trajado com Esporte Fino
Ariano pensou, pensou
Na sua cabeça deu um tino
E mais uma vez o gênio
Aprontou uma de menino.

Mandou fazer o paletó
E calça de negra   cor,
A camisa social rubra
Ele também encomendou,
Para a  costureira , a mesma
Que o seu fardão costurou.

Foi assim receber o prêmio
Alegre como um menino
Vestido como queria
Com o seu Sport fino
Homenageando  o Sport seu
Time de coração nordestino.

A partir desta data
A roupa não parou de usar,
Toda vez que palestrava
A   combinação estava lá,
O preto e o vermelho
Era o seu jeito popular.

O Circo da Onça Pintada
Foi o seu grande projeto
Onde ele se dizia  o palhaço
Da cultura era objeto
Vivia para ser dela
Corpo e alma completo.

De Pernambuco ele foi
O Secretário de Cultura
Levou música, levou teatro,
Levou dança e  literatura,
Para todo o canto do estado
E para o Brasil a aventura.

Seu maior sucesso foi
O Auto da Compadecida
A peça que virou filme e
Na Tv ficou mais conhecida
Sendo o maior sucesso
De cultura popular exibida.

Também muito conhecido
“A Pedra do Reino” carrega
Um reino imaginário
Que a mitologia agrega
Para o Nordeste poético
Que a sua raiz não nega.

A escola de arte Armorial,
Ariano  fez e  idealizou
Para defender a cultura popular
Com esse objetivo criou,
Tem música, alfabeto, literatura
Tudo mostrando o nosso valor.

Ariano é fonte muito rica
Para quem quiser pesquisar,
Aqui o poeta só quis
Algumas ideias mostrar,
Do que pregava o mestre
Defensor da cultura Popular.

Peço para você leitor
Conheça mais o Nordeste
Sobre a nosso povo
Do litoral e  do agreste,
Porque fazendo isso
De cultura você se veste.

Sobre o grande Ariano
Para terminar vou dizer
O grande mestre deixou
Uma lição para mim e para você
Valorizemos o que nosso
Senão a gente vai se perder.

Mestre Ariano subiu
Para perto da Compadecida,
Vai ficar de lá ajudando
A nossa luta, a nossa lida,
A valorização da nossa Cultura
Seu amor, seu tudo, sua vida.

Morre o homem, nasce o santo
Da Cultura Nordestina, Protetor
Perdeu-se na terra um guerreiro,
No Céu ganhou um defensor
A Cultura Popular Nordestina,
Com Ariano e Jesus, nosso senhor.


3 comentários:

  1. Ariano partiu mas nos deixou como herança seus personagens encarnados, que para sempre iram viver aqui na Terra!

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  2. Poeta que fala de Poeta -Nivaldo Cruz X Ariano Suassuna

    É deveras emocionante, ler a cultura de um povo tão sofrido como o Nordestino, mas graças aos gênios da Literatura de Cordel, abnegados por natureza, estes versos longos e verdadeiros transcenderam o valor e a magia dos seus encantos. Não sei se o Poeta disse tudo do Mestre Poeta, mas se assim não o fez, é porque o seu homenageado tinha tantos predicados, que o sujeito e o verbo retrocederam, diante do imensurável legado do saber que ele deixou. Aproveitemos-lo e cavalguemos em busca deste patrimônio indelével. Parabéns.

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    1. Só tenho uma coisa a dizer... Muito Obrigado! por estas palavras de Carinho e Incentivo!!!!

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