sábado, 9 de novembro de 2013

Um doido, Uma Pedra E Um Carro


Um doido, Uma Pedra E Um Carro
Nivaldo CruzCredo – 09.11.2013


Outro dia, passeando, eu vi
Um doido, uma pedra e um carro,
Imaginei logo um esparro
E o que aconteceria ali,
Foi então que percebi
Quanto se tem de preconceito,
E de até se achar no direito
De julgar todo o mundo,
Quando a verdade no fundo
É que ninguém é perfeito.

Aproveitei para rir da situação
E como poeta não tem juízo
Comecei no improviso
Brincar com a imaginação
Criando pr'aquilo finalização
Imaginei o carro pegando a pedra,
E quebrando a tal da regra,
Jogou ela no doido sem pena,
Que se pega no pobre empena
Ou pelo menos um osso quebra.

Imaginei outro fim diferente,
A pedra com o doido na mão
Jogando ele em cima do carrão,
O doido igual a cabo de pente
Nem parecia que era gente,
Todo lá reto, estatalado
No meio do carro amassado
E a pedra sorrindo atoa
De toda aquela loa,
Tirando todo atrasado.

Tem mais coisa para imaginar,
O carro pela pedra levantado
E em cima do doido lançado,
Como criança a brincar,
O doido sem puder se levantar
Fica ali debaixo todo quebrado,
O carro todo amassado
E a pedra feliz da vida,
É a vingança querida
Desde muito tempo passado.

O carro também poderia
Ali naquele momento
Pegar aquele elemento
E fazer boa pontaria
Acertando, quem diria,
O doido na cabeça do pedregulho,
Mesmo sem fazer barulho
Mais com alegria imensa
E acabar com a indiferença,
Quando o tratam de bagulho.

O doido aprontando das suas
Também, muito bem, poderia
Testar sua boa pontaria
E diferente das outras duas,
Ali em uma das suas ruas
Pegar o carro na mão
E atirar com precisão,
Acertando a pedra na testa,
Ver agora se isso presta!
Essa tal de imaginação.

Pois é, assim, afinal e então
Tudo isso poderia acontecer
Só para você poder ver
Que o mundo tem mais diversão
Quando se usa a imaginação,
Se apenas pensasse o natural
Tudo seguiria de forma normal
O doido a pedra pegava
No pobre do carro jogava,
O veículo amassado era o final.

Mas ainda tem outra finalização
A pedra, o carro e o doidado
Não precisariam de mais cuidado
Nem de mais preocupação
Pois, por pura distração
Um ao outro não veria
E ninguém se “bulia”,
Tudo passava despercebido
Nada haveria acontecido,
Mas graça, também, não teria.

Antes de findar essa elucubração,
Quero pedir mais uma coisinha,
Mais uma paciênciazinha,
Quero que preste bastante atenção
E perceba a minha intenção,
Vou falar dos personagens
Que criaram essas imagens,
São três, que de forma diferente
Fazem parte da vida da gente
E destas nossas paisagens.

A Pedra, esse tal mineral,
É a única coisa ou ser
Que estar aqui desde o amanhecer
E que vai estar no final,
Pode até não ser na forma atual,
Mas testemunhará o fim de tudo
Com seu jeito calado e mudo,
E se a pedra pudesse falar
Quantos segredos não iria contar,
Pois presenciou da terra, cada segundo.

Mesmo com todo saber
A pedra se deixa pisar
Pelos que estão onde ela estar,
Alguns querem até ser
Melhor do que eu e você,
E a pedra com toda humildade
Age assim nessa realidade,
Por saber que tudo passará
Mas só ela, a pedra, ficará,
Essa é a grande verdade!

O carro, veículo motorizado
Transporta, leva e trás
Gente, produtos e animais,
Quando tá novo é ambicionado
Quando envelhece é abandonado,
Os donos querem se desfazer
Tocam a colocar para vender,
Passa de mão em mão o pobre,
Para quem tem menos cobre,
Até no desmanche vim padecer.

O carro nos deixa a lição
Que a juventude é passageira
Passa por a gente ligeira
Trazendo a beleza pela mão,
Tudo passa meu bom irmão,
Não se iluda por essa armadilha,
Preserve seus amigos e família,
Só assim terás uma boa vida,
Podendo dizer que foi bem vivida
E que seguiu muito bem sua trilha.

Sua velhice pode ser a do carro
Considerado ruim por quem lhe rodeia
Para você fazem cara feia
Ou vivem tirando o sarro
Dizendo que você é catarro,
Pois é pegajoso e nojento,
Tudo isso é resultado ou provento.
Do que se plantou no passado
Quando de modo desajustado
Viveu errado cada momento.

Achando você ser imortal
Tratava todos com desdém
Não fazia o bem para ninguém
Se achando ser um ser tal
Algo assim fenomenal
Onde juventude e beleza
Eram infinitas com certeza,
Então, assim igual ao carro ficou
Todo o mundo o desprezou,
Sua velhice foi uma tristeza.

Por último o tal genial,
O doido, esse liberto
Das regras e do certo
Dos que se dizem racional,
Seu mundo é o natural,
Tudo ele pode sem se constrager,
Tudo ele faz sem se arrepender,
O mundo é todinho seu.
Ele pode ser crente ou ateu.
Só vive de frente sem se esconder!

O doido nos ensina
Uma grande lição
Você é de Deus a criação,
Não seja poste na esquina,
Nem bomba de gasolina,
Mexa-se, faça seu destino,
Lembre-se de quando era menino,
Quando você era o queria ser
É isso que se deve aprender
Para ser feliz nesse mundo traquino.

Aqui, hoje você aprendeu
Ser humilde como a Pedra,
Essa é uma boa regra,
O hoje é resultado do que se deu,
O que se fez, o que aconteceu,
Foi a lição que o Carro apresentou,
E para a gente ele mostrou
Que para ter um futuro decente
É preciso ser bem consciente,
Saber viver bem seu doutor!

O Doido nos ensinou que sonhar
É preciso para viver
Só sonhando a gente vai aprender
O que é perder e ganhar,
Depois passar a acreditar,
Que existe o impossível
E que ele é bem visível
Para aquele que não tem medo
Esse é o bom segredo,
Dos que chamam de incrível.

Findo nesse momento
Essa estória maluca
Que saiu da minha cuca,
Desse meu pensamento,
Que em agradecimento
Pela sua preciosa atenção
Trouxe aqui na sua mão,
Um doido, uma pedra e um carro
Que começou tirando um sarro
Mas terminou numa lição.

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