quinta-feira, 20 de maio de 2010

Dimas Batista - Poeta Caboco, De Mãe Preta E Pai João!



Hoje o “A Arte Do Meu Povo” homenageia Dimas Batista um dos grandes nomes da viola e da cantoria nordestina. Um defensor ferrenho da nossa Cultura Popular e dono de uma mente privilegiada, deixou verdadeiras obras de arte em forma de poemas/composições. Alguns você vai ter o privilégio de constatar aqui.

Na minha pesquisa sobre o grande mestre encontrei muita pouca coisa na internet, a exemplo de fotos, mas no site http://poemia.wordpress.com/2008/08/04/dimas-batista-patriota-biografia/
descobri as seguinte palavras:

Dimas Batista Patriota, nasceu no ano de 1921, na então Vila Umburanas, município de São José do Egito, hoje cidade de Itapetim-PE. Filho de Raimundo Joaquim Patriota e Severina Batista Patriota ambos paraibanos. Dotado de uma intelência Privilegiada, aos cinqüenta anos de idade, formou-se em letras clássicas na mesma faculdade de onde seria professor de língua portuguesa. Era considerado o cantador mais culto de todos os tempos. Além de repentista renomeado, era historiador geógrafo e poliglota. Dimas fez a sua primeira cantoria aos quinze anos de idade, na cidade de São José do Egito. Faleceu em Fortaleza em 1986, vítima de acidente vascular cerebral; sepultou-se em tabuleiro do Norte, local onde residia. Obras: Jesus Filho de Maria; História da CNEC (Em versos); As Três cruzes;Desafio (Dimas e Cabeleira)”




Como disse acima eis aqui algumas poesias e alguns versos magestosos do grande Dimas Batista:

Quando eu pego na viola
Para cantar o Brasil:
Militar deixa o fuzil;
Jogador esquece a bola;
O aluno gazeia a escola;
O judeu sai do balcão;
O orador erra a expressão;
Pugilista perde o soco.
Eita, Brasil de caboco,
De Mãe Preta, e Pai João!

Eu sou toque de corneta;
Sou barulho de batalha;
Sou o gume da navalha;
Sou a ponta da lanceta;
Sou a pancada da marreta;
Sou o golpe do facão;
Sou tiro de mosquetão;
Sou trator de arrancar toco:
Eita, Brasil de caboco,
De Mãe Preta, e Pai João!

Cantador só passa em teste
Se consultar o Batista;
Porque Deus me fez artista;
Repentista do Nordeste;
Eu não temo nem a peste
Que tenha "pauta" com o "cão",
Minha voz é um trovão;
Só não houve quem for mouco:
Eita, Brasil de caboco,
De Mãe Preta, e Pai João!


ZÉ AMÉRICO DE ALMEIDA
O SALVADOR DO SERTÃO



Trinta foi ano inconstante
não houve nem fruta peco,
trinta e um foi quase seco,
trinta e dois foi torturante
tostava a face no chão,
surgiu, por Deus, um cristão
combatendo a labareda:
Zé Américo de Almeida
o salvador do sertão.

Pois, este logo depois
dirigiu um Ministério:
Não mais faltou refrigério
na seca de trinta e dois.
Bacalhau, jabá, arroz,
farinha, milho, feijão
mandou pra população,
até chita, mescla e seda
Zé Américo de Almeida
o salvador do sertão.

Matando a nudez e a fome
da pobreza sertaneja
é justo que honrado seja
pra sempre o seu santo nome.
Que onde ele chega, some
toda espécie de aflição.
Glórias mil muitas lhe dão
e outras mais Jesus conceda
Zé Américo de Almeida
o salvador do sertão.

Vaqueiros e caçadores,
Tangerinos, boiadeiros,
lenhadores e tropeiros,
marchantes, agricultores,
romeiros e cantadores
desta inculta região
conservam lembrança leda:
Zé Américo de Almeida
o salvador do sertão.





É no sangue, é no povo, é no tipo, é na raça,
é no riso, é no gozo, é no gosto, é na graça;
é no pão, é no doce, é no bolo, é na massa;
é na massa, é no bolo, é no doce, é no pão;
é cruzado, é vintém, é pataca, é tostão;
é tostão, é pataca, é vintém, é cruzado;
é quadrão, é quadrinha, é quadrilha, é quadrado;
é quadrado, é quadrilha, é quadrinha, é quadrão.

É na corda, é na ponta, é na volta, é no laço;
é no pulo, é no salto, é no chouto, é no passo;
é na unha, é no dedo, é na mão, é no braço;
é no braço, é na mão, é no dedo, é na unha;
é no brado, é no grito, é na voz, na canção.
Na canção, é na voz, é no grito, é no brado;
é quadrado, é quadrinha, é quadrilha, é quadrão;
é quadrão, é quadrilha, é quadrinha, é quadrado.

É no leste, é no oeste, é no sul, é no norte;
é no pouco, é no muito, é no fraco, é no forte;
é no berço, é na cova, é na vida, é na morte;
é criança, é menino, é rapaz, é ancião;
é estado, é cidade, é distrito, é nação.
é nação, é distrito, é cidade, é estado;
é quadrão, é quadrinha, é quadrilha, é quadrado;
é quadrado, é quadrilha, é quadrinha, é quadrado.

É pato, capote, é peru, é galinha
é no caibro, é na ripa, é na telha, é na linha;
é salão, é saleta, é despensa, é cozinha;
é cozinha, é despensa, é saleta, é salão.
É alpendre, é latada, é bodega, é pensão,
é casebre, é palácio, é castelo, é sobrado;
é quadrado, é quadrinha, é quadrilha, é quadrão,
é quadrão, é quadrilha, é quadrinha, é quadrado.

É no grito, é no assombro, é no susto, é no medo,
é na noite, é no dia, é na tarde, é no dedo;
é na briga, é na queixa, é na intriga, é no enredo,
é espada, é cacete, é punhal, é facão.
É revólver, é pistola, é bofete, empurrão,
é cadeia, é sentença, é juiz, é soldado;
é quadrão, é quadrinha, é quadrilha, é quadrado,
é quadrado, é quadrilha, é quadrinha, é quadrão.






Deus vê do céu bem visíveis
Nossos íntimos dilemas
Pra ele não tem problemas
De soluções impossíveis
Desde que são infalíveis
Os atos do grande ser
Todos têm que obedecer
Rico, pobre, bom ou mau
Não cai a folha de um pau
Sem nosso Deus não querer

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Fraqueza da humanidade
Alguém dirá, mas não é
Diz a tradição até
Jesus chorou de saudade
Seu coração de bondade
Da Virgem se despedia
Chorava olhando a Maria
Do Horto da Oliveira
A saudade é Companheira
De que não tem companhia

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Os carinhos de mãe estremecida
Os brinquedos do tempo de criança
O sorriso fugaz de uma esperança
A primeira ilusão de nossa vida
Um adeus que se dá por despedida
O desprezo que a gente não merece
O delírios da lágrima que desce
Nos momentos de angústia e de desgraça
Passa tudo na vida tudo passa
Mas nem tudo que a gente passa esquece.





"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!"

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