O homenageado de hoje do “A Arte Do Meu Povo!” é uma pérola encrustada no sertão baiano. Wilson Aragão, é um Poeta/ Compositor/Cantador/ Filósofo da Cultura Popular Brasileira, Nordestina e Baiana.
O WIKIPÉDIA traz as seguintes palavras sobre Wilson :
“Wilson Oliveira Aragão (25 de abril de 1950) é um cantor e compositor brasileiro. Com 20 anos de carreira, 04 (quatro) CD's gravados, participação de várias coletâneas, autor de sucessos como “Capim-Guiné”, gravada por Raul Seixas e Tânia Alves e “Guerra de Facão” gravada por Zé Ramalho, Falcão, Antonio Rocha e outros artistas brasileiros.
Nascido na cidade de Piritiba/BA, no sertão baiano, começou cantando na adolescencia em corais de igreja e de colégio. Mais tarde ganhou o mundo: São Paulo, Salvador, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraíba, Piauí, Pará e outros estados, fazendo shows e divulgando seus trabalhos em rádios e televisões.
A sua música fala, principalmente, do homem do campo, suas lutas e anseios, seus amores e dissabores. Seus ritmos passeiam por baladas, xotes, martelos, galopes e canções.
Tem como Pátria o sertão baiano, inspiração do seu cancioneiro, sempre voltado para a dignidade, humildade e sapiência do sertanejo. Aragão já faz parte do grande São João e cantorias pelos sertões nordestinos, tornando-se parte da vida poética da Bahia.
Em seu vasto trabalho, já teve parcerias com grandes nomes da música brasileira, dentre esses nomes está o do inesquecível Raul Seixas com a canção Capim Guiné, título do seu primeiro disco, hoje em CD.
Este poeta-cantador, faz as suas andanças, sempre irreverente, levando consigo vários "causos" que, sempre bem contados, despertam, no povo, o sentido alegre da vida após um dia de batalha e é respeitado por todos os cantadores pela grande luta por uma música de qualidade.”
Veja algumas das pérolas de Wilson Aragão:
Capim-guiné
compositores: Wilson Aragão/Raul Seixas
Plantei um sítio no sertão de Piritiba
Dois pés de pindaíba, caju, manga e cajá
Peguei na enxada como pega o catingueiro
Fiz aceiro, botei fogo, vá vê como é que tá
Tem abacate, jenipapo, bananeira,
Milho verde, macaxeira cuma diz no Ceará
Cebola, coentro, andu, feijão de corda
Vinte porco na engorda, inté gado no currá
Com muita raça fiz tudo aqui sozinho
Nem um pé de passarinho veio a terra semear
Agora veja cumpade a safadeza
Começou a marvadeza, todo bicho vem pra cá
Num planto capim-guiné prá boi abaná rabo
Tô virado no diabo, tô retado com você
Tá vendo tudo e fica aí parado
Com cara de veado que viu o caxinguelê
Sussuarana só fez perversidade
Pardal foi pra cidade piruá minha saqué, qué qué
Dona raposa só veve na mardade
Me faça a caridade, se vire e dê no pé
Sagui trepado no pé da goiabeira
Sariguê na macaxeira, tem inté tamanduá
Minhas galinha já num fica mais parada
E o galo de madrugada tem medo de cantá
Num planto capim-guiné pra boi abaná rabo
Tô virado no diabo, tô retado com você
Tá vendo tudo e fica aí parado
Com cara de veado que viu o caxinguelê
O Filósofo E O Jegue
Compositor: Wilson Aragão
Me apaixonei por uma bruxa tão banguela
que no fundo da panela
não nasceu um pé de arroz
xinguei meu gato: "urubu da boca mole"
o dentista quase engole
A jaca dura
e o alicate de nós dois
da mariente dei bananas astronautias
urienei todas ribaltas
que o meu jegue não mordeu
eu via lua debruçar-se em gargalhada
minha lua é uma coalhada
que o gerente não comeu
quen, quen, quen, quen, quen
Cachaça errada éu um pirulito de madame
faca cega no salame
dar um coice no perdão
o lobisomem é meu velho e meu xerife
vou rimar como o nosso chifre
vou varrer do apartamento
essa palavra solidão
de azul e branco fiz meu sonho de domingo
com baralho dama e bingo
mas ninguém pode jogar
se não olharem minha lua, tão airosa
a poesia escandalosa ninguém mais vai vomitar
quen, quen, quen, quen, quen
Os senadores capengando um pau-de-arara
futuquei com a minha vara
uma nuvem lá no céu
caiu Regan, cabôclo Ritle, Margarete
mocotó com espagate
rapadura e um canivete
nós cumeu foi no chapéu
comi sabão com guardanapo e com goiaba
prato esperto que pirava meu pisquiatra Béu
comi alua com um copo de memória
me escondi dentro da história
no meu Morro do Chapeú
quen, quen, quen, quen, quen
Tanajura
compositor:Wilson Aragão
-Galinha gorda...
-Gorda ela é...
-Assada ou cozida?
-Do jeito que vier...
-Pra cima ou pra baixo?
-Pra cima...
-Então é 1...é 2...é 3...e já!
Eu me lembro com saudades dos meus tempos de ternura, quando eu era criaça que pegava tanajura.
Cai, cai tanajura na panela da gordura!
Cai, cai tanajura na panela da gordura!
As crianças pelo parque, correm correm sem parar, mas no lugar da tanajura com a arma vão brincar.
As crianças do inversos eu dedico com ternura essa canção de amor que se chama Tanajura.
Cai, cai tanajura na panela da gordura!
Cai, cai tanajura na panela da gordura!
Pode brincar...todo mundo!
Devagarinho, quando caia na panela da gordura, um palito eu enfiava na bunda da tanajura.
Cai, cai tanajura na panela da gordura!
Cai, cai tanajura na panela da gordura!
Mais aqueles velhos tempos hoje já não voltam mais, é que são outras tanajuras que do céu agora caem.
Cai, cai tanajura na panela da gordura!
Cai, cai tanajura na panela da gordura!
Eu juro! Tu juras! Nós juramos! Vóis jurais!
Elas não aguentam mais!
Cai, cai tanajura na panela da gordura!
Cai, cai tanajura na panela da gordura!
Seu Prefeito
Compositor:Wilson Aragão
Seu prefeito eu cá vim te cobrar um modesto favô
já fussei quase todo buraco sem vê o sinhô
o sinhô tá lembrado da hora da vossa inleição
a promessa da nossa panela num farta feijão
Um monumento lá na praça nova eu já vi já botá
o seu fio que vagabundava eu já vi trabaiá
mas a minha família de sete já passa de dez
gabiroba eu num posso comprá eu num tenho min réis
Topo inté ô
matá jararaca, cascavé cascavé, jaracussu
jacaré, ô eu dô de tapa
Inxelença tu pode dá jeito na situação
eu num posso deixá essa terra, num vô deixá não
me disponho da vossa vontade eu não quero sabê
topo tudo que fô da vontade de vossa mecê
Topo inté ô
matá jararaca, cascavé cascavé, jaracussu
jacaré, ô eu dô de tapa
Inxelença tu pode dá jeito na situação
Vou-me Embora Pra Tapiramutá
compositor: Wilson Aragão
Quando eu quis cultivar o nosso amor
Descobri que eu estava tão sozinho
Que o meu coração se fez caminho
Ao refúgio do meu interior
Um abraço, até logo Salvador,
Eu preciso de tempo pra pensar
Na saudade, nas noites de luar
Você não entendeu meu sentimento
Nem que seja no lombo de um jumento
Vou-me embora pra Tapiramutá
Ê saudade, ê saudade
Ê saudade, ê saudade
Este filho de um anjo com uma escrava
É a marca do sol no seu caminho
A ternura no colo do carinho
Afagando no berço a solidão
Para ser cada passo da canção
Pro meu ombro você poder sonhar
E depois, bem baixinho, me acordar
E ajudar a construir meu pensamento
Nem que seja no lombo de um jumento
Vou-me embora pra Tapiramutá
Ê saudade, ê saudade
Ê saudade, ê saudade
Quando a lua clareia nossa estrada
Quando a grota mergulha na poesia
Quando a nossa canção na noite fria
Quando somos o amor da madrugada
Quando a hora maior, mais esperada
Nessa hora eu quero te abraçar
Nesse dia eu quero gargalhar
Um sorriso de Deus no firmamento
Nem que seja no lombo de um jumento
Vou-me embora pra Tapiramutá
Ê saudade, ê saudade
Ê saudade, ê saudade
Jardelino Satanás
compositor:Wilson Aragão
Se voismecê pernoitá no mira-serra
E iscutá uma curuja no teiado
Um miado de gato amedronhado
Um gemido de porco no chiqueiro
Se sentir que tem gente no terreiro
Não se avexe, voismecê foi batizado
Se fifó apagou não sou culpado
Nós estamos no mês de fevereiro
Por aí vem chegando um carpinteiro
De martelo, serrote e bicicreta
Visitá mariquinha predileta
Satanás vai muntado em sua contra-pedá
Vixe Maria, é lua cheia e o curujão cantou
Piritiba já conta outra história
Jardelino passou na fechadura
A surpresa da esposa desventura
Seu marido deitado do seu lado
Jardelino é um bicho respeitado
Que conhece de cor São Cipriano
Fez um chá com as barbas de um bichano
Já dormiu numa estranha sepultura
Nas profundas mandou na prefeitura
Exalou nos bigode de uma turma
Quem tem medo e se mele que não durma
Satanás vai muntado em sua contra-pedá
Vixe Maria, é lua cheia e o curujão cantou
Jardelino tem uns zóio apertado
Mas enxerga pra mais de 10 quilome
Tem quem diga que o homem é lobisome
Mas que vire esse bicho eu não agaranto
Eu não vivo essas coisas que eu não canto
Mas nos causo de Vera que se espicha
Jardelino ofendido pela bicha
Fez com reza rolar, jogou num canto
Ferro doido chamou por todo santo
Pra Jardel esse caso num foi nada
Lá se vai pedalando pela estrada
Satanás vai muntado em sua contra-pedá
Vixe Maria, é lua cheia e o curujão cantou
Em mato que paca anda, tatu caminha dentro
Sapo pula e rã caminha
Em mato que paca anda, tatu caminha dentro
Jardelino Satanás é cheio de arenguetegue
É cheio de arenguetengue
É cheio de arte
"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!"
olá!
ResponderExcluirqueria fazer uma correção: a música "Tanajura" é de Mulungu e Agamenon.
e um pedido: essa foto dele no Som Brasil (com Lima Duarte, logo acima de Jardelino Satanás), vc tem esse vídeo? pode postar no youtube?
sou filho dele.
abraços!
Boas as solicitações de correção e o pedido da publicação do video no youtube.
ResponderExcluirMs o que estou curioso é pra entender a observação final do comentário "sou filho dele", pois os filhos dele são Tim, Pitt e Rui Aragão. Quem é Nivaldo Cruz? Rs
o comentário veio de mim (Rui). Nivaldo foi quem fez o post...
ResponderExcluirUm dos meus sonhos era, tão logo aposentado, ir à Bahia, juntamente com meu filho Rodrigo, visitar e conhecer pessoalmente o Wilson Aragão, de quem sou fã de carteirinha.
ResponderExcluirMeu filho Rodrigo nasceu em Salgueiro (PE) em 1987. Aprendeu a gostar das coisas boas do nordeste, dentre elas, as músicas poéticas, políticas e históricas do Wilson Aragão. Hoje residimos em Vitória ES. Solicito a quem puder me enviar forma de contato com Wilson Aragão, encaminhar para o email josiasmarcoslopes@gmail.com. JOSIAS MARCOS LOPES
Entre em contato no 71.99952.2327
ExcluirObs. estou aposentado. Eheheh
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