Homegeou-se aqui o cantador Xangai, e homenagear esse grande artista brasileiro sem homenagear outra figura ilustre do mesmo porte e da mesma contemporaneidade seria um crime.
Por isso, hoje o homenageado é o poeta/cantador Elomar, representante fiel da denominada cultura de raiz.
Elomar trás no seu trabalho poético o verdadeiro sertão, com todas as suas forças.
Você pode conhecer mais desse grande artista brasileiro visitando a sua página oficial que é www.elomar.com.br
Aqui vamos conhecer um pouco mais de Elomar lendo as informações que o site WIKIPÉDIA trás sobre ele.
“Nasceu Elomar na Fazenda Boa Vista, pertencente aos seus avós, Sr. Virgilio Ferraz e Sra Dona Maricota Gusmão Figueira.
A formação protestante foi herdada da família. Passagens do Velho Testamento estão sempre presentes nas letras de sua obra, como na música "Ecos de uma Estrofe de Abacuc".
Seus pais eram o Sr. Ernesto Santos Mello, filho de tradicional família da zona da mata de Itambé, Bahia e a Sra. Dona Eurides Gusmão Figueira Mello. Tem dois irmãos Dima e Neide.
Dos três aos sete anos de idade, viveu na cidade de Vitória da Conquista, passando depois a morar nas fazendas de seus parentes como a Fazenda São Joaquim que tanto lhe inspirou músicas, a as Fazendas Brejo, Coatis e Palmeira.
Estudou entre o sertão e a capital e mais tarde, formou-se em Arquitetura pela Universidade Federal da Bahia, no final da década de 1960. Teve uma passagem rápida também pela Escola de Música dessa Universidade.
Casado com Adalmária de Carvalho Mello, pai de Rosa Duprado, João Ernesto e do maestro João Omar.
Elomar prefere viver a maior parte do seu tempo nas suas fazendas. A Fazenda Gameleira, que ele chama de Casa dos Carneiros, imortalizada na música Cantiga do Amigo, localizada a 22 Km de Vitória da Conquista, na Fazenda Duas Passagens,que se localiza na bacia do Rio Gavião, e na Fazenda Lagoa dos Patos, na Chapada Diamantina.
Elomar, assim como Glauber Rocha e Xangai, é descendente direto do Bandeirante e Sertanista João Gonçalves da Costa, fundador em 1783 do Arraial da Conquista, hoje a cidade de Vitória da Conquista.
Orlando Celino, pintor conquistense e único que Elomar permite retratá-lo, recebeu em 2003, encomenda para pintar um quadro de João Gonçalves da Costa que iria integrar ao monumento de Jacy Flores, em Conquista. Não existindo gravura deste personagem histórico e Elomar como descendente, permitiu que as suas feições fossem usadas para a representação deste ancestral. Este quadro denomonado Capitão-Mor João Gonçalves da Costa, está hoje, na Casa Régis Pacheco, em Vitória da Conquista, um museu político e casa de eventos inaugurado em 05 de abril de 2007.
De 2000 a 2004 viveu na pequena cidade de Lagoa Real, contratado pela Prefeitura local, para formar um coral e criar um projeto de ópera sertaneja.
Depois que gravou seu primeiro disco …Das Barrancas do Rio Gavião, passou a investir mais na sua carreira musical, bastante influenciados pela tradição ibérico e árabe que a colonização portuguesa levou ao nordeste brasileiro, mas foi só no final dos anos 1970 e início dos 80 que deu menos ênfase à arquitetura para dedicar-se à peregrinação pelos teatros do país, de palco em palco, tocando e interpretando o seu cancioneiro e trechos do que viriam a ser suas composições de formato erudito, como autos.
Boa parte dos textos musicais e obras de Elomar são escritos em linguagem dialetal sertaneza (sic); título de linguagem atribuída por ele.
Com seu estilo típico de tocar violão, muitas vezes alterando a afinação do instrumento, Elomar criou fama entre o universo violeiro. Gravou em 1990 o festejado disco "Elomar em Concerto", acompanhado pelo Quarteto Bessler-Reis. Avesso à exposição na mídia para divulgação do seu próprio trabalho, prefere a vida reclusa da fazenda, longe das grandes metrópoles, criando bodes como o que inspirou ao cartunista Henfil o personagem Francisco Orellana. Mesmo assim, algumas de suas composições ficaram relativamente famosas, como "Clariô", "O Violeiro", "Arrumação" e "O Peão na Amarração".”
Agora um pouco da genialidade de Elomar....
A donzela Tiadora
(Elomar)
E a donzela Tiadora
qui nas asa da aurora
vei À sala do rei
infrentá sete sábios
sete sábios da lei
venceu sete perguntas
e de bôca-de-côro
recebeu cumo prenda
mili dobra de ôro
respondeu qui a noite
discanso do trabai
incobre os malfeitores
e qui do anjericó
beleza dos amores
e qui da vilhilice
vistidura de dores
na eterna mininice
foi-se num poldo bai
isso vai muito longe
foi no seclo do pai
A função
(Elomar)
Vem João
trais as viola siguro na mão
pega a manduréba atiça os tição
carrega pru terrêro os banco e as cadêra
e chama as minina prá rodá o baião
Nós dois sentado junto da foguêra
vamo fazê a nossa brincadêra e cantá
a lijêra moda de lovação
em homenage ao nosso São João
e prá acabá cum a saudade matadêra
voce canta lijêra, canto moirão
voce canta lijêra, canto moirão
ai meu São João, lá das aligria
ai meu São João, lá das aligria
a saudade cada dia mais me doi no coração
Vem João, vamo meu bichin cantá o moirão
tem um bicho roeno o meu coração
cuano eu era minino a vida era manêra
não pensava na vida junto da foguêra
brincano cun's irmão a noite intêra
sem me dá qui êsse tempo bom
havéra de passá
e a saudade me chegá essa féra
quem pensá qui êsse bicho é da cidade
s'ingana a saudade nasceu cá no Sertão
na bêra da foguêra de São João
na bêra du'a foguêra de São João
ai meu São João, lá das aligria
ai meu São João, lá das aligria
a saudade cada dia mais me doi no coração
A meu deus um canto novo
(Elomar)
Bem de longe na grande viagem
Sobrecarregado para o descansar
Emergi de paragens ciganas
Pelos mãos de Elmana, santos como a luz
E em silêncio cotemplo, então
Mais nada a revelar
Fadigado e farto de clamar às pedras
De ensinar justiça ao mordo pecador
Oh lua nova quem me dera
Eu me encontrar com ela
No pispei de tudo
Na quadra perdida
Na manhã da estrada
E começar tudo de novo
Topei in certa altura da jornada
Com um qui nem tinha pernas para andar
Comoveu-me em grande compaixão
Voltano o olhar para os céus
Recomendou-me aos Deus
Senhor de todos nós rogando
Nada me faltar
Resfriando o amor a fé e a caridade
Vejo o semelhante entrar em confusão
Oh lua nova quem me dera
No pispei de tudo
Na quadra perdida
Na manhã da estrada
É começar tudo de novo
Boas novas de plena alegria
Passaram dois dias da ressurreição
Refulgida uma beleza estranha
Que emergiu da entranha
Dos plaas azuis
Num esplendor de glória
Avistaram u'a grande luz
Fadigado e farto de clamar às pedras
De propor justiça ao mordo pecador
Vô prossiguino istrada a fora
Rumo à istrêla canora
E ao Senhor das Searas a Jesus eu lôvo
Levam os quatros ventos
Ao meu Deus um canto novo
Arrumação
(Elomar)
Josefina sai cá fora e vem vê
olha os fôrro ramiado vai chovê
vai trimina ridusi toda a criação
das banda de lá do ri Gavião
chiquêra prá cá já ronca o truvão
futuca a tuia, pega o catadô
vamo plantá feijão no pó
Mãe Purdença inda num culheu o ái
o ái roxo essa lavora tardã
diligença pega panicum balai
vai cum tua irmã, vai num pulo só
vai culhê o ái, ái de tua avó
futuca a tuia, pega o catadô
vamo plantá feijão no pó
lua nova sussarana vai passá
"sêda branca" na passada ela levô
ponta d'unha lua fina risca no céu
a onça prisunha a cara de réu
o pai do chiquêro a gata comeu
foi num truvejo c'ua zagaia só
foi tanto sangue de dá dó
os cigano já subiro bêra ri
é só danos todo ano nunca vi
paciência já num guento a pirsiguição
já sô um cavo véi nesse meu sertão
tudo qui juntei foi só prá ladrão
futuca a tuia, pega o catadô
vamo plantá feijão no pó
"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!"
Verdadeira expressão do nordestino. Maravilhoso.
ResponderExcluirElomar é possuidor de uma genialidade musical sem paralelo na cantoria brasileira. Criou verdadeiras obras-primas sonoras que já fazem parte integrante da música da mais alta excelência nordestina. A cantoria Cantiga de Amigo, entre outras pérolas, é um verdadeiro hino da cultura nordestina.
ResponderExcluirRosalvo Celestino de Andrade
Xangai é um bom artista, mas considerá-lo do mesmo porte que Elomar é um absurdo. No Brasil, só Villa-Lobos e Jobim tem o mesmo porte de Elomar
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