terça-feira, 22 de junho de 2010

Juraildes Da Cruz!!! Nois É Jeca, Mas É Joia!!




Mais um gênio da nossa Cultura Popular é homenagedo hoje pelo “A Arte Do Meu Povo” dessa vez é com honra que se reverencia a arte do bom tocantinense Juraildes da Cruz. Grande cantador, Grande poeta/compositor e enorme defensor da nossa cultura popular.




Pesquisando sobre Juraides encontrei o site www.kuarup.com.br/br/art_cada.php?art=837 pertencente a gravadora Kuarup e que trás as seguintes informações:


" O cantor e compositor Juraildes da Cruz nasceu no dia 23 de novembro de 1954 em Aurora do Norte, hoje estado do Tocantins. Cresceu ouvindo cantigas de roda, folias de reis, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro.
Iniciou sua carreira artística em 1976, quando participou do GREMI, Festival de Arte de Inhumas (Goiás), e foi classificado em primeiro lugar. Participou de mais de cem festivais de música, com destaque para o Festival Tupi-79, onde se apresentou com Genésio Tocantins, ao lado de artistas como Caetano Veloso, Elba Ramalho, Zé Ramalho e Jackson do Pandeiro.
Gravou seu primeiro disco, Cheiro da Terra, em 1990, contando com a participação de grandes nomes como Chiquinho do Acordeon, Sebastião Tapajós, Paulo Moura, Jaques Morelenbaum, Fernando Carvalho, Nilson Chaves, Mingo e Xangai.
Suas composições já foram gravadas por Pena Branca e Xavantinho, Xangai, Rolando Boldrin e Margareth Menezes, entre outros. Em 1994, Pena Branca e Xavantinho gravaram a composição de Juraildes "Memória De Carreiro", que abre o CD Uma Dupla Brasileira. Participou, ainda, do CD gravado ao vivo Canto Cerrado, no qual interpretou "Nóis É Jeca Mas É Jóia". Cantou também com Xangai o forró "Fuzuê Na Taboca" no CD Eugênio Avelino - Lua Cheia, Lua Nova.




Em 2000, foi classificado no concurso do projeto "Rumos Musicais", do Banco Itaú para fazer o mapeamento cultural do país, representando o Centro-Oeste e especialmente o Tocantins. Para gravar o CD Nóis é Jeca Mais é Jóia, retomou sua parceria com Xangai. "



Delicie-se com estas poesias em forma de composição musical do Grande Juraildes:


Meninos
Composição: Juraildes da Cruz


Vou pro campo
No campo tem flores
As flores tem mel
Mas a noitinha estrelas no céu, no céu, no céu
O céu, da boca da onça é escuro
Não cometa, não cometa
Não cometa furos
Pimenta malagueta não é pimentão, tão, tão, tão
Vou pro campo
Acampar no mato
No mato tem pato, gato, carrapato
Canto de cachoeira
Dentro dágua
Pedrinhas redondas
Quem não sabe nadar
Não caia nessa onda
Pois a cachoeira é funda
É afunda
Não sou tanajura
mas eu crio asas,
Com os vagalumes
eu quero voar, voar, voar
O céu estrelado hoje é minha casa
Fica mais bonita
quando tem luar, luar, luar
Quero acordar
com os passarinhos
Cantar uma canção
com o sabiá
Dizem que verrugas
são estrelas
Que a gente conta
Que a gente aponta
Antes de dormir, dormir, dormir
Eu tenho contato
Mas não tem nascido
Isso é estória de nariz comprido
Deixe de mentir, mentir, mentir..
Os sete anões pequeninos
Sete corações de meninos
e a alma leve, leve, leve
São folhas e flores ao vento
O sorriso e o sentimento
da Branca de Neve, neve, neve...





Nóis é Jeca mais é Jóia
Composição: Juraildes da Cruz


Andam falando que nóis é caipira
Que nossa onda é montar a cavalo
Que nossa calça é amarrada com imbira
Que nossa valsa é briga de galo
Andam dizendo que nóis é butina
Mais nóis num gosta de tramóia
Nóis gosta é das menina
Nóis é jeca mais é jóia
Mais nóis num gosta de jibóia
Nóis gosta é das menina
Nóis é jeca mais é jóia

Se farinha fosse americana, mandioca importada
Banquete de bacana era farinhada

Andam falando que nóis é caipira
Que nóis tem cara de milho de pipoca
Que nosso rock é dançar catira
Que nossa flauta é feita de taboca
Nóis gosta é de pescar traíra
Vê a bichinha gemendo na vara
Nóis num gosta de mintira
nóis tem vergonha na cara
Nóis gosta é de pescar traíra
Vê a bichinha chorando na vara
Nóis num gosta de mintira
nóis tem vergonha na cara

Se farinha fosse americana, mandioca importada
Banquete de bacana era farinhada

Andam falando que nóis é caipora
Que nóis tem que aprender ingleis
Que nóis tem que fazê sucesso fora
Deixa de bestaje, nóis nem sabe o portugueis
Nóis somo é caipira pop
Nóis entra na chuva e nem móia
Meu I love you, nóis é jeca mais é jóia
Nóis somo é caipira pop
Nóis entra na chuva e nem móia
Meu I love you, nóis é jeca mais é jóia





A Porta do Tempo
Composição: Juraildes da Cruz



Quando a tampa do tempo destampa e o vento vai
Mas a porta do tempo é sem tampa e o vento vem
Quem tá leve voa, quem tem o pé no chão não cai
Quem tá leve voa, quem tem o pé no chão não cai

Quando a tampa do tempo destampa o bem querer
Acende as estrelas, a lua, o sol dourado
O futuro é o presente, não nega o passado
A têmpera do movimento eternizado
Universo no tempo destampado

Quando a porta do tempo destampa a alegria
Só se vê revoada de passarinho na vida
e o passarinho da vida é a alegria.

Quando a chave no tempo destranca o coração
Que pego na mão do amigo e digo adeus
Amizade é eletricidade que não mata
Igual rama de batata que não desata do que é seu

Quando a tampa do tempo destampa o tempo
E a chuva carinhosa renova a terra, ai ai ai
Agradece os animais, a pedra bruta,
O mar, as grutas e a luta dos ancestrais

Quando a porta do tempo destampa a emoção
que os olhos enchem os rios que enchem o mar
O choro às vezes lava o coração
e o coração limpo é pérola

Com a graça de Deus estou vivendo,
pela graça de Deus o sol clariando

Quero chegar na clareza mas onde estou comigo está
Meu jaboti, meu papagaio, minha juriti, meu sabiá

A lua, o sol, o sol que é o mesmo clarão,
brilho que a lua nos dá
Rios, pontes, porteiras, estrada aberta
Rios, pontes, ladeiras, caminho de chegar

Com a graça de Deus estou vivendo,
pela graça de Deus o sol clariando
No início da vida abriu-se o tempo
Tempo que não vai retornar
Quem entrou na roda do tempo é
pra ser só o tempo é quem dirá

A palavra do tempo é a prática
A semente que no homem brota
Com chuva ou com sol há de nascer
Nasceu não tem volta

Com a graça de Deus estou vivendo,
pela graça de Deus o sol clariando

Tem uns que acham que o branco
não pode ser negro porque dói
e negros que não vê os brancos
com raios brilhantes dos olhos

Se um fosse outro não doía
ser negro não é ser contrário
as cores não brilham sozinhas
de noite a estrela é um claro

Com a graça de Deus eu estou vivendo,
(E você também...)
pela graça de Deus o sol clariando

Quando a vida destrancou a porta
Do tempo derramou semente
Da água, do fogo, do vento,
Minerais, vegetais, bicho e gente

Quanto tempo não se sabe ainda
Pro tempo o eterno é um segundo
Enquanto houver planta florida
É tempo de gente no mundo

Enquanto houver água tem vida
E é tempo de gente no mundo
Com a graça de Deus estou vivendo,
pela graça de Deus o sol clariando



Office-boy cachorro
Juraildes da Cruz


Saí da roça pra São Paulo
Estudar pra ser doutor e não dar vexame
A linha que apruma o homem
pode ser de seda pode ser arame
Portas fechadas outras abertas
O luxo e o lixo é o mesmo enxame
Primeiro emprego que arranjei
Foi pra cuidar de cachorro, cachorro de madame
Perfume do cachorro era francês
Shampoo de primeira todo dia
Toda noite eu sonhava
Com o banquete que aquele cachorro comia
Tanta gente passando fome
E cachorro na mordomia
Pra vencer na vida tem que engolir sapo
Tem que quebrar pedra tem que subir morro
Pra chegar onde cheguei tive que ser
Office-boy de cachorro
Pra chegar onde cheguei tive que ser
Office-boy de cachorro

Vida de cachorro quem tem é gente pobre
Cachorro de rico leva vida de rei
Rei de pobre é peia no lombo
De lambida de cachorro eu nunca gostei
Nem sempre a gente escolhe
Muitas das vezes somos escolhidos
Pra realizar o que idealizei
Como babá de cachorro eu fui babá de lambido
Perfume do cachorro era francês
Shampoo de primeira todo dia
Toda noite eu sonhava
Com o banquete que aquele cachorro comia
Tanta gente passando fome
E cachorro na mordomia
Pra vencer na vida tem que engolir sapo
Tem que quebrar pedra tem que subir morro
Pra chegar onde cheguei tive que ser
Office-boy de cachorro
Pra chegar onde cheguei tive que ser
Office-boy de cachorro


A mulher com quem eu me casei
Cria um cachorro de estimação
Tô vendo a hora dela chamar o cachorro
pra dormir na cama e eu ficar na mão
Tô sentindo que lá em casa
Não tem lugar pra dois nessa parada
Ou eu, ou êle chega de cachorro
Já me cansei de tanta cachorrada
Perfume do cachorro, ó francês
Shampoo de primeira todo dia
Tem festa de aniversário pro cachorro
Essa mulher não desconfia
E no meu aniversário ainda bem
Que ela me dá bom dia
Pra vencer na vida tem que engolir sapo
Tem que quebrar pedra, tem que subir morro
Pra chegar onde cheguei tive que ser
Office-boy de cachorro
Pra chegar onde cheguei tive que ser
Office-boy de cachorro meu Deus

Imagine um negócio desses
Se agüente...
Tem gente que gosta mais de cachorro
Do que de gente,
Ah! Isso tem.





"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!!"

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